Capítulo 2

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Tina POV

Charlotte e Marima sempre me cumprimentavam de longe quando me viam na praia. Não brigamos nem nada, mas algo aconteceu comigo e eu precisei me distanciar um pouco delas. Foi quando uma quarta pessoa começou a aparecer com elas, que eu me lembrei quem era. Como ela estava mais bonita desde a última vez que a vi. Entrei no meu quiosque que eu vendia pranchas e fabricava também. Eu tinha uma encomenda para terminar e iria focar nisso por hoje. Liguei o pequeno rádio que tinha ali, coloquei os óculos de proteção e liguei a plaina elétrica. Comecei a tirar o excesso de material para começar a dar forma nos traços que eu tinha feito outro dia. Fiquei cerca de uma hora ali dando um acabamento perfeito em apenas um dos lados, mas ainda teria que tirar algumas rebarbas com uma lixa manual.

Perto do meio dia percebi que a praia estava ficando cheia e nada daquelas que um dia foram minhas amigas aparecerem. Eu me acostumei com a presença delas ali e gostava de observá-las de longe. Dessa vez, vi apenas Marima chegando com um rapaz que devia ser seu namorado ao julgar pelo comportamento que ambos estavam tendo um com o outro. Acho que estava na hora de eu ativar meu modo "salva vidas" e vestir meu segundo traje de trabalho para colocar o pé na areia. Fui até o banheiro e coloquei meu maiô preto com detalhes em amarelo e vermelho. Um short de praia vermelho por cima, o boné na cabeça e o apito no pescoço. Caminhei pela areia orientando alguns banhistas e retornei para perto do meu quiosque onde ficava a minha cadeira. Quando meu turno terminou, voltei para o meu quiosque e de longe vi que Marima também não estava mais ali. Voltei para os meus afazeres e fechei o quiosque antes de ir embora para casa.

Cheguei em minha casa e fui preparar algo para comer. Alimentei meu cachorro logo em seguida. Fui para o meu quarto, tomei um banho e deitei na minha cama com o celular em mãos e fiquei olhando o perfil da minha amada nas redes sociais. Deixei o celular um pouco de lado e fui para a escrivaninha colocar umas palavras no papel. Apaguei algumas coisas e substituí por outras, melhorei algumas frases e depois de ler vi que tinha ficado perfeito. Olhei para o violão e teclado no outro canto, mas não faria isso hoje. Levaria tempo para ajustar o tom e as cifras.

Mais um final de semana tinha chegado e com ele a alta expectativa de observar de longe minha eterna crush. Ela nunca soube disso por conta do meu medo. Preferi deixar o sentimento por ela adormecido para o momento certo. Um cliente apareceu no balcão e de longe vi que Marima, Charlotte e sua namorada haviam chegado. Coloquei meu óculos de proteção e voltei para a prancha que estava na bancada. Estava tão concentrada no acabamento da prancha que demorei para notar que alguém me olhava. Ela me deu um tchauzinho e sorriu. Desliguei a plaina elétrica.

- Oi Marima, tudo bem?

- Espero não estar te atrapalhando. Estou aguardando meu pedido. - Ela apontou para o quiosque ao lado.

- Claro que não. Estava precisando mesmo fazer uma pausa. Como você está?

- Bem e você?

- Estou bem.

- Bom saber. Posso fazer uma pergunta?

- Claro. - Marima respondeu.

- Aquela que estava com vocês outro dia é a Heidi?

- Ela mesma. Por que?

- Ela está diferente. Diferente em um sentido bom.

- Ah sim. No dia que quiser se juntar a nós ali, fique à vontade. Sentimos sua falta.

- Pode deixar que eu irei. - Sorri e nos olhamos.

- Acho que está na hora de eu ir.

Marima escutou seu nome ser chamado e foi logo após nos despedirmos. Voltei a minha atenção e fiquei pensativa enquanto trabalhava. Olhava para o cartaz que estava colocado no mural. Coloquei o óculos de segurança e comecei a lixar a prancha. Minha cabeça estava a mil e eu não estava conseguindo me concentrar direito. Por medo de estragar todo o trabalho que já tinha feito na prancha, resolvi pausar a atividade por um tempo, fechei o quiosque e coloquei uma roupa mais leve para correr na praia.

Corri de uma ponta a outra e devo ter demorado umas duas horas para fazer o percurso. Quando finalmente voltei para o meu lugar, vi que Marima não estava mais ali. Peguei minhas coisas no quiosque, entrei no meu carro e fui para a minha casa que não ficava muito longe dali.

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