Recordações da infância

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- Mamãe, eu não quero mais usar essas roupas. Não combinam comigo! Nenhum dos meus amigos usam vestido quando vão ao parquinho! -com apenas cinco anos de idade, uma certa criança loira mais uma vez estava tentando convencer sua mãe.

- Satsuki, essa conversa de novo?! Seus amigo são meninos, você é uma menina. Precisa começar a se comportar como tal. - Mitsuki acabara de dar banho em sua pequena filha, e enquanto conversavam ela vestia a tão odiada roupa na criança.

- Eu não vou usar essa merda! - Bakugo tirou a roupa que sua mãe tinha acabado de colocar no seu corpo e correu escada abaixo em direção a porta principal - E eu não gosto desse nome! Eu sou Katsuki!

Satsuki era um nome feminino bem comum, era o nome que seus pais lhe deram quando nasceu. Na verdade seus pais realmente esperavam que tivessem um menino mas na hora do nascimento veio a surpresa de ser o sexo oposto. Sem muitas opções e criatividade, resolveram dar o nome mais típico da região.

- Opa, te peguei! - Masaru, seu pai estava passando pela escada e pegou a figurinha fugitiva. - Querida, não é pra ficar correndo pelada pela casa. Vem vamos colocar uma roupinha.

- Me solta! AAA! Diz pra mamãe que eu não quero usar aquele vestido! - Bakugo se debatia no colo de seu pai e soltava pequenas explosões inofensivas enquanto subiam as escadas.

- E porque não? É tão bonito, você fica uma gracinha.

- Ah querido, ainda bem que você pegou ela. - Finalmente sua mãe chegou.

- Eu não quero ser uma coisa fofa, eu quero ser forte igual o All Might! Tenho certeza que a mãe dele não colocava vestidos fofos nele. - Era verdade que Bakugo era um grande fã do herói número um, e faria de tudo para se inspirar nele.

- Certo, vamos fazer o seguinte. - sua mãe propôs - Se você prometer não sair mais correndo desse jeito, eu deixo você usar a roupa que quiser.

- Está bem! - os olhos brilharam de felicidade.

Esse foi o combinado, tão simples e tão edificante. Mitsuki se importava com o conforto de sua filha, e também entendia como era horrível ser obrigada a fazer coisas que não gostasse. Agora no quarto, Bakugo escolheu uma camisa preta e um shortinho básico, e sorriu para seus pais.

- Seus amiguinhos já devem estar no parquinho a essa hora. Vou pegar minha bolsa e vamos lá.

...


O playground não ficava tão distante, cerca de uns dez minutos a pé. Haviam várias outras famílias do bairro que frequentavam o local, inclusive Inko e seu filho Izuku, estavam lá, junto com seus outros amigos de escolinha. Mitsuki e Inko eram velhas amigas de infância e esperavam que seus filhos ficassem amigos também, as duas se encontraram e sentaram num dos bancos da pracinha para pôr o papo em dia, enquanto as crianças estavam soltas pra se divertirem.

- Satsuki! - alguns garotinhos gritaram de felicidade ao ver a colega.

- Oi pessoal. Vamos brincar!

- Que roupa é essa hein? Você parece um menino. - Nagai, o mais alto de seus amigos perguntou curioso.

- Pois é, gostaram? É melhor irem se acostumando. A partir de hoje sou um garoto assim como vocês! E eu vou ser um cara forte igual o All Might! E outra, agora vocês vão me chamar de Katsuki.

- Katsuki? Até que não é ruim - disse Akairo, o amigo gordinho com asas.

- E se a a gente te chamasse de Kazinho? - sugeriu Kemuri, seu terceiro amigo.

- Que demais!

Um pouquinho distante dalí havia outro grupo de garotos, eram mais velhos e de outra escola que não estavam gostando nada das conversas. Eles já conheciam Satsuki, e sempre zombavam dele e de seus amigos quando tinham oportunidade. E dessa vez não foi diferente, eles se aproximaram para tirar a felicidade dos mais novos.

- Ei ei Satsuki, tá fazendo o que? Se fantasiando de garoto é? Volta pra casa e vai maquiar bonecas ou seja lá o que as meninas fazem. - o valentão chegou já zombando.

- Vai tomar conta da sua vida. - resmungou Bakugo - E eu acabei de falar pra me chamar de Katsuki. Se você continuar implicando com gente vai ver só, seu vilão!

- Isso aí - os outros apoiaram

- Até parece que você vai conseguir mudar da noite para o dia, ha. Se continuar bravinha desse jeito não vai nem conseguir arrumar um namoradinho se quer. Você é uma perdedora Satsuki.

Essas palavras foram suficientes para um gatilho. Suas pequenas explosões ficaram relativamente mais fortes e usou isso como impulso para voar pra cima do valentão. Num instante Bakugo já tinha derrubado o garoto a sua frente e lhe deu dois socos certeiros, um no olho direito e outro no nariz. O garoto mais velho levantou com ajuda de seus comparsas com lágrimas nos olhos.

- Nunca mais mexa com gente seu merda! - foram as últimas palavras de Bakugo para seu inimigo, que correu para fora do parquinho

- Kazinho isso foi demais! Você foi incrível! - Seus amigos o elogiaram pela coragem.

- É isso que um herói faz, enfrenta vilões e sempre vence no final.
Numa árvore ali perto um tímido garotinho de cabelos verdes espiava seus colegas. Ele admirava a coragem e a força de Bakugo para enfrentar os problemas, por mais difíceis que sejam. E com a individualidade de explosão, ele se tornaria um herói imbatível.

- Izuku, para de espiar. - chamou pelo amigo - Vem jogar bola com a gente.

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Os anos foram passando, e conforme foi crescendo, os olharem e críticas também ficaram mais comuns.

Desde criança sempre foi assim. Essa personalidade com ar de superioridade incomodava a maioria dos seus colegas no bairro onde morava. E justo por causa desses importunos com relação ao seu jeito de ser e vestir que ele não conseguia confiar tanto nas pessoas. Seus únicos amigos de confiança eram os mesmo de quando era pequeno, com exceção de Akairo que desapareceu ainda na infância. Mesmo Bakugo não gostando, Izuku também era seu amigo, mas tentava mante-lo o mais longe possível por ser um sem-individualidade.

Chegando a seus onze anos a puberdade bateu na porta; seu corpo estava passando por duras mudanças, inclusive com a chegada da menstruação e cólicas para acabar com seu dia. Com os hormônios a flor da pele ele não teve outra escolha a não ser conversar com seus pais. Tanto Mitsuki quanto Masaro já desconfiavam sobre sua identidade de gênero e entenderam seu ponto de vista, eles consederam a permissão para Katsuki passar pela reposição hormonal contanto que ele frequentasse um terapeuta e continuasse com boas notas na escola.

Katsuki passou por várias consultas a médicos e especialista até fixar os medicamentos que precisava tomar diariamente. Era isso, iria se tornar um homem forte suficiente para entrar na escola mais prestigiada do país e ser o melhor dos heróis. Assim ele desejava, porém ele não contava que um meio amigo seu com o mesmo sonho também entraria na U.A.

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