Capitulo 10 - Final

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Comia minha comida favorita quase todos os dias, era o que minha família fez para que eu ficasse o mais feliz possível. Dois dias antes do meu aniversário de 20 anos, chamei a Stefany e ficamos ali na varanda sentadas, ouvindo música, falando sobre coisas agradáveis. Eu não conseguia ficar muito tempo sentada, então pedi para a Stefany me ajudar a levantar e me deitar. Quando estava na cama ela me cobriu, beijou meu rosto. Quando ela ameaçou levantar eu fiz um pedido. – Stefany? – Sim. – Se eu morrer logo quero que saiba que você eu te amei, a minha maneira mas te amei. – Gostaria que me perdoasse. – Já perdoei. – Eu me arrependi das coisas que fiz. – Eu sei, fica em paz tá, já passou. – Eu te amo. – Eu também te amo. – ouvir isso dela foi reconfortante, não segurei a emoção e chorei. – Não chora, eu tô aqui. – me deu um selinho, então abri um sorriso e me senti em paz. Não demorou muito para que eu pegasse no sono.

  Pela manhã o irmão da Amanda foi lhe dar os remédios, chamou pelo meu nome mas ela não respondia mais.  Amanda Ferreira morreu aos 19 anos um dia antes do seu aniversário, vítima de HIV. Eu fui a última a vê-la com vida. Pronunciei essas palavras durante seu funeral.  Depois que ela morreu eu percebi que eu a amava, foi um sentimento puro e verdadeiro. Tentei seguir a vida, tive outras namoradas mas não deu certo, fiquei infeliz então decidi eu ia embora da cidade e de tudo que me fizesse lembrar dela. Guardei suas cartas com carinho na minha cômoda, enquanto estávamos namorando tirei uma foto nossa, me lembrei que sempre dava um ipê roxo todas as vezes que nos encontrávamos. Tudo que aconteceu me marcou demais. Na cidade grande as coisas eram diferentes, tentava sempre me manter ocupada. Com 21 anos Decidi me alistar na marinha da Argentina e passava muito tempo dentro do navio, mantinha minha cabeça ocupada, mas sempre pensava nela antes de pisar em terra. Que coisa intensa e louca foi essa! 
Era canceriana então não esquecia fácil das coisas, tudo me marcava profundamente, era uma pessoa muito sentimental. Quando estava de folga ia ver meus pais e sempre passava na antiga casa da Stefany para ver como estavam todos, no fim das contas eles acabaram me acolhendo. Os anos foram passando e não me casei e nem tive filhos, acabei tendo um acidente no trabalho então me aposentei antes dos 50 anos. Fui realizar meus sonhos de infância, comprei uma Kombi branca e visitei todos os estados do Brasil, adotei uma gata que se chamava Kika, virou minha companheira de viagem. Minha vida também não durou muito, mas o amor, ódio, raiva, remorso e principalmente a morte me fizeram ver o valor da vida e o que realmente era importante. Talvez se não fosse a Stefany nunca saberia de fato o que me fazia feliz.

O meu ipê roxo Onde histórias criam vida. Descubra agora