🧟8°Capítulo🧟

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Dias depois,
Tudo estava indo muito bem. Merle parecia menos defensivo e mais calmo, mesmo com a mão amputada. Ele se virava bem, mas os mortos cercavam a casa cada vez mais, nos deixando completamente infelizes.
Em breve, deveremos partir, mas para onde iríamos não sabíamos. O dia amanheceu rapidamente e logo senti um mal-estar estranho, um cansaço no corpo. Minha cabeça doía. Já fazia tempos que não sentia isso, nem mesmo me lembrava da última vez que me senti assim.Mal consegui sair da cama quando ouvi um grito alto do lado de fora da casa. Olhando pela janela, uma mulher gritava por socorro no teto de um carro. Ela estava cercada.

- Saia dessa janela antes que ela a veja - a voz de Merle ecoou logo atrás de mim.

- Podemos ajudá-la, ela precisa.

- Mal conseguimos mover os pés para fora, quem dirá ajudar alguém.

Suspirei pesadamente, abaixei a cabeça e sentei na cama. Eu estava impotente para ajudar ou lutar contra esses mortos.

- O que você tem? - ele perguntou se aproximando.

- Nada - eu sabia que iria ficar bem e não queria alarmar, mas estou tão exausta.

- Está suando - ele se aproximou e colocou sua mão em minha testa.

- Com febre e pálida.

Para mim, já era um elogio quando diziam que eu estava pálida. Afinal, quando é que eu não estive desde criança? Sempre fui.

- Estou bem - eu disse.

- Você comeu alguma coisa?

- Não - com tudo, dificilmente conseguia sentir fome ou vontade de comer. Ele agarrou meus dois braços e olhou para eles como se estivesse procurando algo.

- Foi mordida?

- Não.

Quando o mundo começou a ser dominado por mortos, logo comecei a ficar doente. Não pude entender as razões, mas vivia me escondendo. Lembro-me bem dos maus bocados que passei sozinha, por conta dos poucos sintomas como esses que surgiam e, em pouco tempo, desapareciam.

- Os remédios acabaram, vou atrás de mais - Merle diz.

- Como você vai sair lá fora? Está tudo cercado.

- Vou me virar, descanse enquanto isso.

- Como vou descansar? Não é pelo fato de você estar melhor que significa que tem que se arriscar.

- Garota, você cuidou de mim e eu vou cuidar de você.

- Não é uma dívida, Merle.

- Só descanse.

Ele diz, se retirando do quarto. Não importa o que eu diga,ele não escuta. Nesses tempos, nos viramos bem. Eu pude conseguir o máximo de comida possível e os remédios foram suficientes para tratar de seu ferimento. Agora que ele estava bem, podia imaginar que ele partiria sem mim. Talvez a sua única razão   para ficar era seu pensamento de ter uma dívida comigo.eu ainda podia ouvir os gritos da moça em cima do carro e uma alta batida de porta logo me fez perceber que Merle já havia saído. Eu deveria ajudar de algum modo aquela pessoa, afinal, era um ser humano. Não posso ficar tranquila sabendo que ela está lá, implorando por ajuda. Cambaleando de volta à frente da janela, pude ver o que chamava a atenção dos mortos. A mulher estava lá. Abro o vidro, pego meu arco e, de longe, com um pouco de dificuldade, atiro algumas flechas para que ela corra. Mas ela acaba tendo sua atenção tomada pela janela onde estou, o que faz um dos mortos a pegar. De longe, a vejo sendo devorada, com a visão turva e o corpo mole, acabo caindo sobre o chão.

Um amor entre o caos - Darly dixon Onde histórias criam vida. Descubra agora