- Não gostei desse cara - digo.
- Você ainda nem teve a oportunidade de conhecê-lo e já está assim - Merle diz, sentando-se.
- O cara se vê como governador, não tem nem como relevar.
- Precisamos de um lugar para ficarmos, não dá para continuar por aí matando e fugindo. Então, eu te peço uma oportunidade para isso tudo. Mesmo em negação, lhe dou um joia.
- Vou ver se consigo tomar um banho, você deveria também - digo, tampando o nariz.
- Cuida do seu cheiro que do meu eu resolvo - ele diz, e eu lhe mostro a língua.
- Será que antes do mundo desabar você já era assim, porquinho?
- Se acha que sou um porco é porque não pode conhecer meu irmão.
- Irmão?
Com o semblante triste, percebo o quanto isso o afetou. Desde que o conheci, não tinha muitas informações vindas dele. Não esperava que ele tivesse alguém antes disso acontecer com o mundo. O que será que aconteceu? Podia imaginar sua dor, abafando o assunto. Ele se levanta.
- Vá tomar seu banho, caso precise, me grite.
Ele disse, indo comer uma das frutas que estavam na mesa do quarto. Me levanto com esforço e vou ao banheiro. Em meio ao banho, a água que caía era tão suja que não conseguia lembrar do meu último banho. Meu cabelo, que antes estava duro e sujo, agora estava macio e limpo. Já fora do chuveiro, me seco e logo percebo que não peguei as roupas limpas.
- Merda! MERLEEEEEEEEE! - grito, esperando resposta que, por fim, não recebo.
Saio do banheiro enrolada com a toalha. O quarto estava vazio. Na mesa, havia um papel escrito "Volto logo, caso precise, a um dos homens do lado de fora da porta". Sem me importar muito, me visto, penteio o cabelo, como algumas frutas que estavam na mesa e me deito. Me sentia melhor e sonolenta, e em pouco tempo adormeço.
Ao amanhecer, ao acordar, não havia sinais de Merle ter voltado. Tudo parecia tão quieto que me assustava. Uma batida na porta acaba me fazendo levantar. Ao abrir, um homem me entrega uma bandeja com diversas variedades. O cheiro de tudo era ótimo. Sem falar nada, ele apenas me entrega e sai. Coloco sobre a mesa e vejo um pequeno papel:
"Um belo café para uma bela moça. Aproveite de tudo um pouco."
Não tinha uma assinatura, mas podia imaginar que seria do tal governador. Só espero que não tenha veneno. Mas, com a fome que estou, vou na fé. O cheiro das panquecas era maravilhoso, o gosto então nem se falava. Tinha tanto tempo que não comia algo doce que era como a primeira vez. O sabor era irresistível. Após comer, me senti mais cansada do que o normal. Já tinha me acostumado com a presença de alguém. O quarto em que eu estava era silencioso, na verdade, era tudo tão quieto nesse lugar que era fácil se entediar. Minha besta não estava pelo quarto, o que me deixava irritada. Não confio em ninguém daqui, todos pareciam suspeitos. Quanto mais tempo eu pensava, mais eu sentia a vontade de ir embora. Era tudo tão confuso. Minha perna ainda doía a cada movimento que eu dava. Era péssimo o fato de ter tido uma torção com algo tão bobo. Me sinto extremamente irritada. Definitivamente, vou sair antes que eu pudesse ter essa oportunidade. A porta se abre e um rosto desconhecido entra.
- Quem é você?
- Uma surpresa - diz o desconhecido.
Sem noção nenhuma do que estava acontecendo, o homem vem pra cima de mim com uma faca, sem nada para me defender. Acabo encurralada.
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Um amor entre o caos - Darly dixon
Romance*andy gross Quando tudo começou, era assustador. Pessoas sendo devoradas e, aos poucos, o mundo se acabando. Eu não estava preparada, aliás, quem estaria? Em busca de sobrevivência, continuei lutando. Deveria haver uma explicação para esse caos, mas...