003 | LONGE DE MIM

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AMIE OSTON
CAPÍTULO TRÊS

Me sento em minha cama e olho para o relógio parado no balcão ao lado da cama, vendo marcar dez e quinze da manhã. Me levanto apressadamente, me lembrando que às dez e meia meu pai vai vir né buscar para irmos comer juntos.

Termino de me arrumar, estou saindo de meu quarto, mas ouço minha mãe e meu pai conversando, paro ali mesmo e começo a prestar atenção na conversa.

—— Agora depois de quase um ano você decide querer ver sua filha, Richard? Você tem noção o que é ver a própria filha todos os meses perguntar se seu pai mandou algo? Não! Você não tem noção e nunca vai ter, porque você não se importa. Você não faz nem o seu máximo nem o seu mínimo para ser um pai presente. E depois você ainda espera que ela te diga um eu te amo. Nem eu te dizia que eu te amava quando estávamos juntos, porque você não me amava.

—— Nunca te amei e nunca vou amar aquela garota. Só venho ver ela, pois se não é capaz de você ainda me botar na justiça.

—— Eu só ainda não fiz isso, porque tem uma pessoa que eu amo com todas as minhas forças no meio disso tudo. —— Minha mãe fala, fazendo eu conseguir perceber sua voz de choro.

Caio no chão, perdida em meio às lágrimas. Não posso e nem consigo acreditar que meu pai disse aquilo. Como ele pode? Como ele consegue ser assim, sem coração? Por mais que eu não me importe mais pela falta da sua presença, mas mesmo assim eu o amava. Mesmo assim eu acreditava que ele me amava. Tudo foi em vão. Toda a esperança que ainda me restava, agora não existe mais.

Me levanto do chão, ainda com lágrimas nos olhos. Ando até o andar de baixo, indo até a sala, onde eles estão, agora em silêncio.

—— Filha! Que bom te ver. —— O homem fala, forçando um sorriso. —— Que saudades que eu estava de você, minha linda.

—— “Filha”? “Que bom te ver”? “Que saudades”? “Minha linda”? Como você consegue falar isso, depois de dizer que não me ama. Como você é capaz de destruir o coração de alguém, Richard? —— Pergunto, vendo ele fazer uma cara de surpresa. —— Não precisa vir mais me ver, se é tão difícil assim. Se é tão difícil me amar. Eu não preciso do seu amor. Já tenho alguém que me ama como eu mereço ser amada. Nunca mais apareça na minha vida. Eu não quero mais te ver, nunca mais. —— Falo e saio de minha casa correndo.

—— Filha! —— Posso ouvir minha mãe me chamar de dentro de casa, mas não dou bola.

Olho diante da janela e vejo meu pai nem ligar pelo o que ele disse. O mesmo sai de minha casa e da partida em seu carro, seguindo o seu rumo. Espero que esse rumo seja para bem longe de mim.

Caminho em direção a praia. Assim que chego me sento sobre a areia e fico observando as ondas quebrarem, submersa nas lágrimas que ainda escorrem sobre meu rosto.

Vejo alguém se sentar ao meu lado, mas nem ligo. Não estou no clima de precisar conversar com alguém.

—— O que houve? —— Ouso a voz carinhosa de Tom, me viro em direção a ele, o encarando por cinco segundos.

—— Nada. —— Respondo, voltando a olhar para o mar.

—— Como que não houve nada? Você está chorando. Quem te falou algo? Alguém te encostou? —— Tom pergunta preocupado, encarando meu rosto e depois meus braços, para ver se há algum machucado.

𝐒𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐒𝐔𝐀 𝐅𝐀𝐋𝐓𝐀 || 𝐓𝐎𝐌 𝐊𝐀𝐔𝐋𝐈𝐓𝐙Onde histórias criam vida. Descubra agora