011 | SEU PASSADO

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TOM KAULITZ
CAPÍTULO ONZE

Abro meus olhos, com um tanto de dificuldade por conta da pequena fresta de luz que entra pela cortina. Amie está dormindo em minha frente, diferente dos outros dias hoje ela dorme calmamente. Sua respiração não está rápida, e seu cenho não está enrugado, como se algo estivesse a incomodando.

Me sinto o homem mais feliz do mundo. A hora que nunca havia sentido a quantidade de emoções que senti ontem quando beijei Amie pela primeira vez. Minha barriga congelava a cada vez em que ela repetia meu nome em meu ouvido.

Ontem, após terminarmos, ficamos conversando, deitados um de frente para o outro. Eu não toquei no assunto da cicatriz que havia visto mais cedo. Não queria quebrar o clima. Algumas vezes durante o momento, me perguntei o que poderia ser aquela cicatriz. Talvez isso tenha a ver com seu passado.

Encosto a palma de minha mão ao lado de seu rosto e com meu polegar acaricio embaixo de seu olho.

——Você é tão perfeita, minha menina. ——Falo, e me sinto como se fosse um pai orgulhoso, após ver sua filha no primeiro dia dos pais na escola.

Beijo sua testa e continuo acariciando seu rosto, até ela se acordar. Adoro o momento em que abre seus olhos pela primeira vez no dia. Me dá esperança que posso fazer seu dia ser o melhor. Adoro mais ainda o fato de estar se acordando ao meu lado e a primeira coisa que vê é meu rosto.

——Bom dia. ——Falo e sorrio de canto.

——Bom dia. ——Ela responde em um tom de sono.

——Dormiu bem? ——Pergunto, mas desconfio que tenha dormido realmente. Isso foi a coisa que menos fiz essa noite.

——Muito bem. ——Amie responde e sorri, fazendo eu sorrir mais ainda.

Ficamos nos encarando em silêncio por um breve minutos. Encaro seus olhos com mais intensidade, pelo fato de estar vendo uma leve vergonha em meio àquele azul todo.

——Tom, eu juro que não sou daquele jeito que você me viu esta noite. ——Ela fala envergonhada.

——Não vi nenhum problema no seu jeito de agir esta noite. ——Falo e arqueio uma sobrancelha.

——Eu estava um pouco alterada. Não tinha controle dos meus atos. ——Amie fala parecendo estar preocupada ou com medo do que falou.

——Você não fez nada de errado, Amie. ——Respondo e coloco minha mão em seu braço.

——Eu posso ter te dado uma má impressão minha, mas eu juro que não sou daquele jeito. ——Ela está com medo?

——Ei, Amie, não se preocupa. Você não fez nada de errado. Amei o jeito que você estava ontem. E quero conhecê-lo cada vez mais. ——Falo e vejo ela suspirar aliviada. ——Estava com medo? Estava com medo de eu brigar com você ou te julgar?

——Sim. Me desculpa. ——Amie responde e eu a abraço. ——Você nunca faria isso. Me desculpa. Eu fiquei com medo. Você não é ele. Eu só achei que tudo ia acontecer de novo, me desculpa...

——Está tudo bem. Eu não sou igual a ele. Nunca vou ser. Está tudo bem. - Falo e a abraço com mais força. Suspiro ao me lembrar da cicatriz que vi ontem a noite em sua costela. ——A cicatriz... A cicatriz, foi ele quem fez? ——Pergunto, mas logo me arrependo, pois sinto ela começar a tremer em meus braços. --Me desculpa. Eu não deveria ter perguntado. Não precisa responder. Me desculpa mesmo, Amie.

𝐒𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐒𝐔𝐀 𝐅𝐀𝐋𝐓𝐀 || 𝐓𝐎𝐌 𝐊𝐀𝐔𝐋𝐈𝐓𝐙Onde histórias criam vida. Descubra agora