20 Consummation

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Sara Duskin

Desperto com batidas leves na porta do meu quarto, um som surpreendente na tranquilidade da manhã. Espreguiço-me, tentando afastar a tensão deixada pela ansiedade noturna que me deixa mais cansada do que quando fui para a cama. 

Dirijo-me à poltrona begê perto da janela de vidro com vista para o pátio e pego o roupão que está cuidadosamente dobrado ali. O tecido macio desliza pelos meus braços enquanto eu o enrolo ao meu corpo, oferecendo um calor reconfortante do tecido de algodão. A camisola fina preta de cetim que eu estava usando não é suficiente para proteger-me do frescor da manhã.

Com passos suaves, caminho até a porta, curiosa sobre quem poderia estar do outro lado nesta manhã.

Giro a maçaneta silenciosamente, revelando Iam no corredor. Ele veste um terno preto e uma camisa branca, que acrescentam uma sensação de autoridade à sua presença, quase como a de um guarda-costas. Seus olhos verdes brilham com um mistério contido, enquanto seu maxilar tenso indica uma leve tensão.

Nossos olhares se encontram, e uma hesitação momentânea parece pairar sobre ele, como se estivesse prestes a recuar. No entanto, antes que o silêncio se prolongue, ele quebra-o com uma saudação formal.

— Senhorita Dunkis. — sua voz é controlada, mas seus olhos revelam uma complexidade de emoções que ele tenta esconder.

Sorrio de forma amigável, tentando dissipar o clima entre nós.

— Sem formalidades, Iam. Somos amigos. — minha resposta é leve, e quase consigo arrancar um sorriso sincero dele, mas somos interrompidos pelo som de passos se aproximando.

Os ombros de Iam se endireitam instantaneamente, sua expressão passando de um conforto quase familiar para a postura rígida de um profissional. É como se ele pudesse alternar entre essas personas com incrível facilidade, adaptando-se às circunstâncias com destreza.

— Vim avisar que a equipe está pronta. Se já acordou, eles vão subir para ajudá-la a se arrumar. — Sua voz volta à formalidade, mas por um breve momento, capturo um vislumbre de algo mais pessoal em seus olhos antes que ele o esconda novamente.

Assinto com compreensão, mas não posso evitar que um aperto no peito me atinja diante da perspectiva iminente. Responsabilidades e obrigações estão à minha espera, rumo a um casamento que já esta arruinado antes mesmo de começar.

— Está bem. — Admito, minha voz soando um pouco tímida diante da realidade que se desenrola. — Vou tomar um banho, e pode mandá-los subir. — Fecho a porta com cuidado, sabendo que, dentro de instantes, preciso me arrumar e ser a noiva modelo que Alexei Smirnov espera para seu filho. 

Respiro fundo, permitindo-me soltar um longo suspiro... Em seguida, caminho rumo ao box do banheiro, entro, acionando o chuveiro. A água quente cai sobre mim instantaneamente, criando um véu de vapor ao redor. Fecho os olhos e permito que as lágrimas se misturem com a água, levando com elas o peso de minhas emoções.

"Eu me casarei amanhã, sou noiva do futuro chefe dos grande Bratva. Um casamento forçado, sem qualquer laço de carinho entre nós."

Não é como se eu já tivesse experimentado o amor ou estivesse apaixonada antes. Na verdade, sempre sonhei com esse momento, mas a realidade é algo diferente. Mal conheço o Fióri, e o pouco contato que tivemos não foi o suficiente para criar qualquer tipo de carinho ou admiração mútua.

Hoje é o dia em que me casarei com ele, irei me unir a um homem que me abandonou em nossa festa de noivado. 

A noite de núpcias está à nossa frente, e o pensamento de me entregar a um homem que é praticamente um estranho me consome. Suspiro novamente, passando a escova de dentes na pasta e fazendo minha higiene bucal debaixo do chuveiro. Em seguida, lavo meus cabelos, deixando a água levar embora minhas preocupações.

O ASSASSINO DA NAVALHAOnde histórias criam vida. Descubra agora