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Fióri Smirnov

Natasha está ali, bem na minha frente, com o vestido revelando partes do seu corpo que sempre despertaram minha curiosidade. Seus lábios estão pintados de vermelho, e a visão me faz desejar sentir o gosto deles, ter eles nos meus ao menos mais uma vez. Seus olhos verdes estão mais intensos que nunca e me prendem com seu olhar.

Tê-la nesta sala é uma surpresa, mas eu deveria ter previsto. Minha irmã não deixaria passar a chance, especialmente depois de testemunhar minhas constantes mudanças de mulheres em minha cama todas as noites. Sasha percebeu meu estado e resolveu agir. Talvez essa garota seja mais esperta do que eu imaginava.

Observo a única mulher que jamais imaginaria entrar por aquela porta. Seu peito sobe e desce rapidamente, e suas mãos estão tão brancas de tanto apertá-las. Eu a desejo intensamente, mas jamais a tocaria ou a faria minha sem ter certeza de que é isso que ela também deseja. Quero me aproximar de Natasha e pedir que ela se acalme, especialmente porque parece assustada.

Ela está incrivelmente linda, seus lábios são simplesmente irresistíveis. No entanto, decido manter meu autocontrole.

— Estou esperando uma resposta sua, Fióri Smirnov... Por que você quer que eu espere? — Pergunta, ansiosa, suas mãos inquietas demonstrando seu nervosismo.

— Eu não fazia ideia de que era você a amiga de minha irmã até ouvir sua voz. — Minha resposta sai com sinceridade, e seus olhos se arregalam em surpresa.

— Se soubesse que era eu, teria recusado o pedido da sua irmã? — Questiona, uma expressão confusa nublando seu rosto.

Seu peito sobe e desce em um ritmo acelerado, revelando sua ansiedade.

— Não. — Mantenho a sinceridade em minhas palavras, observando atentamente sua reação, enquanto ela dá um passo em minha direção.

A proximidade dela aumenta minha inquietação.

— Por quê?

— Eu quero ser seu amigo. — Minhas palavras saem lentamente, acompanhadas por passos hesitantes em sua direção.

Meu coração bate descompassadamente, mas ainda evito tocar nela.

— Não dá, Fióri. — Ela responde, mantendo seu olhar fixo em mim, seus olhos verdes parecendo sondar minha alma.

— Eu entendo. É pelo que fiz no passado... — Minha voz soa carregada de arrependimento, e dou alguns passos para trás, voltando a ficar distante dela como eu deveria ter feito desde o princípio, me sentindo desconfortável com a situação.

— Não... — Ela murmura, avançando em minha direção até só restar a parede atrás de mim, e eu não poder mais me afastar.

Agora, está tão perto que consigo sentir seu perfume, e o ar parece rarefeito em meus pulmões.

— Amigos não querem beijar uns aos outros e desejam ficar juntos de todas as formas possíveis. Amigos não passam horas sonhando um com o outro, e definitivamente, um amigo nunca me faria perder o fôlego apenas por estar no mesmo lugar. — Sua confissão é carregada de tensão, e tudo o que eu desejo neste momento é beijá-la.

Ela me encara, seus olhos brilhando intensamente, sua respiração pesada e a boca entreaberta, exalando o maldito aroma de baunilha que me enlouquece. Sua mão se eleva e toca minha pele, transmitindo calor e suavidade. Sinto o arrepio causado por seu toque em meu rosto.

— Você vai me machucar? — Pergunta, seu olhar inquisitivo como se estivesse buscando garantias.

— Eu nunca machuquei nenhuma pessoa inocente... — Minha voz sai firme, mas todo o meu corpo reage ao calor de sua mão em minha pele. Quero fechar os olhos e me entregar à sensação, mas me forço a encarar cada detalhe do seu rosto, como se isso fosse uma âncora em meus momentos mais sombrios. — Eu sou um monstro, eu sou horrível... — Sussurro, e vejo a dor refletida em seus olhos. — Mas todos que matei, cada um deles fez coisas horríveis. — Comento, tentando explicar a complexidade da minha situação.

— Eu posso sair então? — Pergunta, sua voz mais calma agora.

Respiro profundamente, sentindo a textura do cartão em meu bolso que abre a porta. Com cuidado, ergo o cartão até sua mão, que ainda repousa em meu rosto, a pele suave e quente sob o meu toque.

— Eu nunca te forçaria a nada. — Digo, meu tom firme, enquanto afasto a mão dela lentamente.

A sensação de sua pele macia e o calor de seu toque deixam uma impressão duradoura em mim. Por isso, prefiro virar de costas, incapaz de encará-la enquanto ela sai, mas antes de me voltar completamente, sinto que ela agarra meu braço com firmeza, prendendo minha atenção por mais um instante.

— Posso te perguntar mais uma coisa? — Sua voz adquire uma suavidade reconfortante, e percebo que o medo que a assombrava antes parece ter desaparecido.

Concordo com um aceno de cabeça, sentindo que ela merece todas as respostas que desejar. Ela não me entregou à polícia, e o fato de ela continuar a me tocar, mesmo sabendo o monstro que sou, é algo que não posso ignorar.

— Por que começou a matar? — Pergunta, segurando meu braço com firmeza, como se essa resposta fosse crucial.

Eu quero dar essa resposta, mesmo que seja difícil, mesmo que eu tente esconder de todos. Quero que ela saiba, pelo menos em parte, que sou assim, e que isso não tem nada a ver com heroísmo; é puro egoísmo de minha parte. Prefiro que ela veja tudo de mim.

Penso em como falar, e lembranças invadem meus pensamentos. Sinto um peso esmagador, como se algo tentasse me derrubar, e a queda fosse uma ameaça constante. É uma escuridão que me rodeia e tenta me engolir todos os dias.

Vivi assombrado por mais de 20 anos, pensando que ameacei e tentei matar minha irmã. Quando descobri que nunca representei uma ameaça para Sasha, que não era eu com a navalha na mão, senti como se tivesse conseguido limpar uma mancha escura que me obrigava a buscar respostas incessantemente.

No entanto, a questão permanece: por que odiei Alexei a ponto de matá-lo? Será que uma alma tão doce como a de Natasha precisa conhecer essa podridão?

Ela solta meu braço, e seus olhos se enchem de lágrimas.

— Por favor, deixa eu te entender. — Pede, colocando o cartão de volta no meu bolso, o que indica que ela não pretende sair.

Natasha levanta ambas as mãos e segura meu rosto, seus olhos fixos nos meus, neste momento, sinto-me completamente vulnerável e decido contar a ela tudo.

— Eu tinha 5 anos quando acordei pela primeira vez com os gritos da minha mãe. Fui até o quarto dela e vi meu pai a espancando. — Falo, tentando não soar melancólico, mas pela expressão de dor em seu rosto, parece que falhei. — Minha mãe sofria de depressão. Ela não queria se deitar com meu pai, mas ele queria uma filha, então a forçou... — Natasha não me deixa continuar, coloca o dedo nos meus lábios. Pedindo silenciosamente para eu parar.

Um sorriso triste brota em meus lábios, ela entende, meu doce anjo vê a escuridão em mim, e mesmo assim, ela aceita.

Natasha desce suas mãos até as minhas, segurando-as, como se esse gesto tentasse transmitir algo que as palavras não podem expressar.

— Me abraça, Fióri... — Pede com a voz embargada.

Não hesito e a envolvo em um abraço, passando meus braços ao redor dela. Seu rosto encontra meu peito, e ela me envolve com seus braços, a sensação é maravilhosa, como se finalmente eu encontrasse um refúgio em meio à escuridão.

— Eu entendo agora... Você queria que os homens que cometeram as mesmas atrocidades que seu pai paguem pelos seus crimes. — Fala, tentando compreender minha motivação.

Então eu me afasto, negando com a cabeça, o que a deixa confusa, e ela me encara, esperando uma explicação.

— Não amenize as coisas, Natasha. Eu sou um monstro... — Falo, sentindo uma profunda repulsa dentro de mim. — Eu fiz coisas terríveis. — Confesso, com um nó no estômago.

Ela baixa a cabeça, como se estivesse ponderando minhas palavras.

— Deixa eu ver se eu entendi... Quando um policial vai atrás de um criminoso, ele busca justiça... — Ela começa a falar, afastando-se de mim, suas palavras ecoando pela sala. — Quando esse criminoso é libertado e volta a cometer crimes... — Continua, caminhando de forma aflita, angustiada. — Ele continua representando uma ameaça para a sociedade, porque volta a cometer os mesmos crimes. — Enquanto fala, ela está tremendo, parece assustada, como se estivesse tentando compreender a complexidade da situação. — Eu não considero você um monstro, Azrael; eu te considero um anjo caçador deles.

Caminho até o canto da sala onde ela está e a abraço, seu corpo lentamente diminui a tremedeira. Sinto seu perfume, uma fragrância doce que parece se infiltrar em cada fibra do meu ser, e sei que vai permanecer em mim. Sua respiração está pesada, seus lábios, pintados de vermelho, tão próximos dos meus, e ela me abraça com tanta força que parece que meu corpo inteiro está prestes a entrar em colapso. A sensação é indescritivelmente maravilhosa.

Então, em meio a essa intensa proximidade, lembro do motivo dela estar aqui, e não sou eu. Apesar de ter sido presenteado com a presença dela, a triste realidade é que ela veio aqui para ficar com um homem qualquer, tentando esquecer Gabriel, conforme minha irmã me contou. O, ciúmes está começando a se manifestar em mim, pensando que poderia ser outro aqui a abraçando e sentindo seu corpo.

Minha irmã disse: "Chega de decepções, deixa eu te apresentar alguém legal que também quer superar um ex". Aceitei, decidido a compensar o que fiz em Boston. Depois de decepcioná-la, não podia recusar um pedido simples que seria conhecer sua amiga. No entanto, nunca passou pela minha cabeça que Natasha seria a pessoa.

— A noite terminou diferente  do que eu imaginava. — Natasha fala contra meu peito, me tirando de meus devaneios. Baixo minha cabeça, seus olhos encontram os meus.

— O que você imaginava? — Pergunto, mantendo o olhar fixo nos olhos verdes dela.

— Tudo... menos que acabaria nos seus braços. — Responde, e há algo em seu olhar, um brilho semelhante ao que vi na boate antes de nos beijarmos.

— Eu li tudo que escreveu... — Falo, observando-a umedecer os lábios.

Engulo em seco, percebendo que ela sorri, consciente do efeito que causou. Ela não solta o abraço, e isso faz meu corpo ferver de desejo.

— Eu fiquei um pouco obcecada pelo Azrael. — Comenta, e mesmo sob a luz fraca, parece que suas bochechas estão coradas.

Natasha começou a acariciar minhas costas com movimentos suaves, e meu corpo se tornou incrivelmente sensível ao toque dela, cada parte de mim, arrepiando-se enquanto ela explorava minha pele por cima da camisa.

Solto um longo suspiro, e ela sorri de canto, mais uma vez satisfeita com o efeito que causou em mim. Seus dedos deslizam delicadamente pelas minhas costas, deixando um rastro de calor.

— Você é uma ótima escritora, deveria escrever mais. — Comento, e ela engole em seco, suas mãos param por um momento antes de continuar o carinho, agora com uma leve pressão.

— Talvez seja melhor nos afastarmos agora. — Fala, parando seu carinho, mas nossos corpos ainda estão próximos.

— Por que quer que eu fique longe de você, estou certo? — Falo com um tom melancólico, soltando meu abraço e me afastando um pouco, embora ainda estejamos próximos o suficiente para sentir a tensão entre nós.

— Não... — Sussurra me encarando, seus olhos cheios de desejo, suas bochechas coradas.

— Porque quero que me beije. — Confessa assustada com suas próprias palavras, sua respiração tornando-se mais profunda à medida que nossos olhares se encontram.

Perco o autocontrole que eu tenho. Meus passos são rápidos e determinados enquanto caminho até ela, seguro sua cabeça com uma mão e a outra desce suavemente até sua cintura, a pele dela está quente, e sinto-a arrepiar sob meu toque. Nossos olhares estão intensos e cheios de desejo.

Aproximo nossos lábios lentamente, dando-lhe tempo para recuar, mas não há resistência da parte dela. Seus braços passam pelo meu pescoço, e nossos lábios se tocam delicadamente. Ela tem um gosto adocicado, de morango, e eu me sinto envolvido, sugo seus lábios tentadores e meu corpo ferve ao estar tão próximo ao dela.

Minhas mãos passeiam pelas suas costas nuas, descendo lentamente, então toco sua bunda sob o tecido fino do vestido, aproximo mais seu corpo do meu e a ouço soltar um gemido satisfeito, nossos lábios roçando um ao outro e eu já perdi a noção de onde estamos. O corpo de Natasha ferve sob meu toque.

— Chefe. — ouço me chamarem, e Natasha dá um salto para longe de mim, afastando-se rapidamente.

Percebo ser Iam na porta, e ele fica pálido ao reconhecê-la ali. Seu olhar fica fixo, observando atentamente enquanto ela começa a andar em direção à porta.

— Oi! — ele fala, e ela assente com a cabeça de forma tímida antes de sair.

Depois, ele me encara com o rosto surpreso, seus olhos demonstrando curiosidade.

— Sua cunhada? — Pergunta com um olhar sugestivo, como se estivesse ansioso por detalhes.

— Não enche... — xingo, uma risada escapa de mim. — Ex- cunhada. — corrijo, e ele ri em resposta. — Espero que seu motivo seja importante.

Ele arregala os olhos, como se repentinamente lembrasse do que veio fazer.

— Sua irmã está bêbada. — Comenta, como se buscasse se explicar.

— Garota maluca... — murmuro, mal conseguindo conter o riso. — Leve-a até o meu carro. Vou indo até lá. — Falo, vendo Iam seguir minhas ordens prontamente enquanto se encaminha em direção ao corredor.

Pego minha jaqueta que está na poltrona e começo a seguir pelo corredor escuro, onde a penumbra amplifica os sons ao meu redor. Desço as escadas com cuidado e caminho em direção à saída da boate, onde a brisa fria da noite me envolve.

Lá fora, a temperatura baixa me atinge, e então visto a jaqueta com um leve arrepio. Sigo até o meu carro, e na esquina sob a luz de um poste, vejo uma figura que conheço bem. Natasha está ali, agarrando o próprio corpo, com o celular na mão e uma expressão desesperada, tentando ligar para alguém.

Ando até lá, e assim que ela me vê se aproximando, parece querer se esconder, seus olhos evitando meu olhar várias vezes, como se estivesse com receio de suas bochechas corarem ainda mais.

Quando estou perto o suficiente, tiro o meu casaco e, sem pedir permissão, passo-o sobre seu ombro. Seu corpo reage ao toque, um leve estremecimento, e seus olhos finalmente se encontram com os meus.

— Está uma tentação neste vestido... Mas vai ter uma hipotermia. — comento com um toque de malícia, e ela revira os olhos, mas não consegue esconder um pequeno sorriso que surge nos lábios.

— Perderam meu casaco, e nenhum Uber está aceitando. — explica, aparentemente irritada com a situação, mas sua expressão se suaviza.

Sorrio de canto, e ela responde com um sorriso igualmente encantador.

— Eu preciso colocar Sasha em segurança na cama. Depois posso te deixar em casa... — sugiro, e vejo suas bochechas corarem levemente. — Sasha bebeu demais, e apesar de confiar em Iam, ainda prefiro ser eu a cuidar da caçula bêbada. — Explico, e ela acaba soltando uma risada contagiante e gostosa.

— Eu te ajudo em troca de uma carona. — Fala com carisma, mostrando confiança em sua voz e atitude.

Natasha não me olha com medo, mesmo sabendo o monstro que sou, e isso é terapêutico. A conexão entre nós parece mais forte agora. Me aproximo dela e passo o braço pelo seu ombro, juntos caminhamos até meu carro, e abro a porta do carona para ela. Vejo-a afivelar o cinto com agilidade.

Não demora, avisto que Iam, traz minha irmã nos braços, completamente apagada. É evidente que ela bebeu demais. Ele se aproxima do carro e está rindo.

— Ela vomitou em três dos seguranças dela e depois deitou no chão e dormiu. — Comenta, parecendo se divertir com a situação.

Solto um longo suspiro, misturando preocupação e frustração.

— Ela foi criada em um colégio interno, não era para dar tanto trabalho. — Reclamo, tentando entender como minha irmã chegou a esse estado.

Iam, coloca um sorriso malicioso nos lábios, claramente provocando.

— Natasha era sua cunhada, não era para estar pegando ela. — Provoca, sem perceber que Natasha está no carro.

Faço um sinal discreto com os olhos, indicando que ela está no veículo, mas suponho que ele não entende.

— Pelo menos se controle um pouco, era um beijo, e você estava com a barraca armada. — Insiste, provocando-me ainda mais. — Se bem que nem quando era casado com Sara você se segurava, vivia secando a garota.

— Certo. Dá minha irmã aqui. — Falo, tentando encerrar o assunto antes que Natasha escute as indiretas, fique furiosa e saia de dentro do carro.

Com cuidado, coloco Sasha no banco de trás, certificando-me de que ela está virada de lado, caso sinta enjoo durante a viagem. Após arrumar sua posição, fecho a porta do carro e vou para o banco do motorista.

Ocupo meu assento, más quando olho para Natasha, vejo um sorriso malicioso no canto de seus lábios, quase como se ela estivesse segurando o riso.

Ligo o carro e escuto uma risadinha vinda dela.

— O que foi? — Pergunto, curioso, enquanto ela mostra meu celular no aplicativo de mensagens.

— Nada de mais, cachorrão. — Responde, debochando ao pronunciar o apelido que recebi de uma de minhas conquistas, e começa a rir de forma engraçada.

— Você não deveria mexer no meu celular. — Comento, e ela revira os olhos.

— Claro, tesão. — Debocha mais uma vez, enquanto balança a cabeça em desaprovação.

— Em minha defesa, foi apenas uma vez. — Tento me explicar, com um sorriso travesso nos lábios, passando uma mão pelos cabelos.

Ela continua me encarando com um sorriso sarcástico e as sobrancelhas arqueadas.

— Ah, eu vi. Foi as melhores seis horas da minha vida. — Fala, imitando uma voz dengosa, e eu a encaro surpreso.

— Como você sabe a senha do meu celular? — Pergunto, e as bochechas dela ficam coradas instantaneamente. — Ah, deixa que eu respondo. Você foi egocêntrica o suficiente para tentar sua data de aniversário. — Provoco, e ela fica em silêncio, desviando o olhar, durante o restante do caminho.

Chegamos ao complexo, e à medida que nos aproximamos do portão, passamos pelos seguranças que me reconhecem, permitindo nossa entrada sem contratempos. Estaciono o carro na garagem, desligo o motor e, com cuidado, pego minha irmã adormecida nos braços. Natasha me segue de perto enquanto subimos as escadas, degrau por degrau, com Sasha nos meus braços, até o quarto dela.

Com toda a gentileza, coloco Sasha na cama, retirando seus sapatos e cobrindo-a com o cobertor, certificando-me de que esteja confortável. Natasha observa a cena com atenção, mantendo-se silenciosa. Deixo o abajur do quarto de Sasha ligado para que ela tenha uma luz suave enquanto dorme e apago todas as outras luzes.

Em seguida, me aproximo da porta onde Natasha está e a fecho com cuidado. No meio do corredor, nossos olhares se encontram, e uma sensação de paz nos envolve. Ter Natasha ao meu lado é como estar sob o efeito de um feitiço que traz paz ao mesmo tempo que inflama meu desejo.

— Ela vai ficar bem, né? — pergunto, mostrando minha preocupação com um olhar.

Natasha solta um riso suave, que parece encher o quarto.

— Vai sim, só precisa de um bom descanso. — ela responde tranquilamente. — Seria melhor não deixá-la sozinha em casa esta noite. — Natasha sugere com sensatez, demonstrando cuidado não apenas com minha irmã, mas também comigo.

Sem dizer uma palavra, pego as chaves do meu carro e as entrego a ela. Ela começa a rir, um riso leve e contagiante.

— Eu tenho amor à minha vida, não vou sair por aí com um carro de 1,9 milhões de rublos. — Brinca, mantendo o bom humor.

— Você é mais valiosa que o carro. — comento com um sorriso, observando suas bochechas corarem ligeiramente. — Ou posso pedir ao Iam que te leve?

Ela engole em seco, e percebo seu olhar fixo em mim, seus lábios entreabertos de forma sensual, um convite silencioso no olhar. Sinto meu corpo se aquecer sob sua expressão intensa e provocante.

— Fica bem difícil assim... — Comento, minha voz saindo mais rouca do que o planejado.

Em resposta Natasha umedece os lábios lentamente, os olhos analisando cada detalhe do meu rosto, e a tensão entre nós dificultando a distância que estou tentando manter.

— Assim como? — Pergunta, sua voz suave soando quase como um sussurro.

— Seu rosto e todo seu corpo me mandando sinais. — Murmuro, me aproximando dela lentamente, ansiando pelo perfume de sua pele.

— Quais sinais? — ela indaga, seus olhos travessos fixos nos meus, ardendo com desejo.

— Que eu deveria te levar para minha cama. — Digo, minha voz carregada de desejo, enquanto coloco uma mão em sua cintura e a outra acaricio seu rosto.

Ela sorri, revelando um olhar travesso, e então pisca de forma longa e sugestiva.

— E por que você não está fazendo isso? — Pergunta, sua voz suave como um sussurro provocante, fazendo meu coração acelerar.

— Se eu começar, eu não vou parar... — Confesso, meu polegar traçando lentamente seu rosto, enquanto minha voz revela vulnerabilidade. — Tenho dormido com uma mulher diferente a cada semana, tentando esquecer aquele beijo.

Ela olha nos meus olhos com um brilho de compreensão, e sua expressão suaviza.

— Eu não vou pedir que pare. — Responde com confiança, sua voz carregada de desejo.

— Estou tentando dizer que não vou conseguir me afastar de você... — sussurro, nossos lábios quase se tocando, a tensão quase insuportável. — Eu te farei minha Natasha... Só minha!

Ela assente suavemente, compreendendo minhas palavras, e então, com um sorriso malicioso, ela diminui a distância entre nós, seus lábios encontrando os meus em um beijo voraz.

Desço minhas mãos lentamente de sua cintura até suas pernas, sentindo a suavidade de sua pele arrepiar sob meu toque, e sem interromper nosso beijo, faço com que ela envolva suas pernas em volta da minha cintura, a suspendendo no ar. Nossos lábios continuam se movendo com desejo, nossas línguas roçando em um beijo intenso, enquanto seus braços se apertam com firmeza em volta do meu pescoço.

Caminho com ela até meu quarto, segurando-a com firmeza enquanto, com a outra mão, abro a porta. Delicadamente, a deito na minha cama, prolongando o momento enquanto deslizo minha mão por sua coxa. Rompo o beijo por um instante, deixando nossos lábios se separarem, e começo a traçar suavemente meus lábios ao longo de seu pescoço, sentindo sua pele aquecida e arrepiada. Escuto um gemido contido escapar de seus lábios.

— Fióri... — ela me chama, um traço de nervosismo em sua voz.

— Não me peça para parar. — sussurro, descendo meus beijos até a profundidade de seu decote.

— O que estamos fazendo é um erro? — Questiona com uma voz que revela uma insegurança desconhecida.

Solto um longo suspiro e decido interromper tudo. Cuidadosamente, me deito ao seu lado, puxando-a suavemente para mais perto, fazendo-a repousar confortavelmente sobre meu braço.

Enquanto o tesão aquece meu corpo, percebo a ansiedade nela. Coloco meus próprios desejos em segundo plano, dedicando-me inteiramente a dar-lhe atenção.

— Um traço da minha personalidade é a tendência para cometer erros. — confesso sinceramente, enquanto ela solta uma risadinha que preenche o quarto com um som caloroso. — Mas Natasha, quando estou com você, algo muda em mim, e para mim, te amar não é um erro. — Minhas palavras são proferidas com seriedade, e ela parece segurar o fôlego por um breve instante, como se estivesse ponderando a profundidade do que acabei de dizer.

Eu disse que a amo. E é verdade, amo tanto que faria qualquer coisa por ela. Amo não apenas quem ela é, mas também quem me tornei quando estou ao seu lado.

Um silêncio tenso preenche o espaço entre nós.

— Está dizendo isso apenas para me levar para a cama? — Questiona com um olhar inquisitivo.

Não consigo conter uma risada sincera.

— Lamento te desapontar, mas já está nela. — respondo com um sorriso travesso, enquanto nossos olhares se encontram.

Ela está com as bochechas coradas, suas pupilas dilatadas, e seus lábios inchados pelo beijo recente, uma imagem irresistível diante de mim. Cada traço do seu rosto parece gravado na minha mente, como se eu quisesse lembrar deste momento para sempre.

— Me desculpa por quebrar o clima. — ela murmura, visivelmente constrangida, suas palavras contrastando com a intensidade do momento.

Eu a encaro com desejo, absorvendo cada detalhe da expressão dela, as nuances do seu olhar, o rubor que colore suas maçãs do rosto.

— Seja minha, e eu te perdoo. — afirmo, desejando que ela compreenda a profundidade dos meus sentimentos.

Ela abaixa o olhar, seus pensamentos parecendo pesar em seus ombros. Sua hesitação é compreensível, e eu respeito a sua necessidade de esclarecer as coisas.

— Fióri, eu preciso conversar com a Sara. Minha irmã merece uma explicação. — diz em um tom mais baixo, desviando o olhar, como se buscasse refúgio nas palavras.

Minha expressão torna-se séria, enquanto minha mente começa a elaborar possibilidades.

— Tudo bem, mas com uma condição. — falo, mantendo o tom de voz firme.

— O quê? — pergunta, curiosa, seus olhos encontrando os meus mais uma vez, em busca de respostas.

— Quero te mostrar algo. — digo, fazendo suspense, um sorriso brincando nos meus lábios, tentando instilar uma dose de mistério na situação.

Ela responde com um sorriso, parecendo disposta a fazer um esforço. Enquanto continuo acariciando o seu cabelo, a tensão no ar parece diminuir, substituída por uma sensação de paz.



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