42 Goodbyes

799 81 84
                                    

Natasha Dunkis

O táxi para em frente à universidade, onde os alunos continuam a se mover de um lado para o outro, e parece que nada mudou. As coisas seguem o mesmo ritmo de sempre. 

Sinto uma sensação de vazio enquanto observo o campus. Eu costuma me sentir bem aqui, mas agora é como se uma parte de mim tivesse sido arrancada.

— Espere por mim aqui, Senhor Demidov. Preciso resolver algumas questões e estarei de volta em breve — informo, forçando um sorriso. 

Ele assente com um gesto amigável, mas seus olhos revelam que ele percebe minha tristeza.

Desço do táxi e inicio a minha caminhada em direção ao campus. As pessoas passam por mim. É como se eu fosse uma sombra, invisível, e, de certa forma, isso é um alívio. Não estou com ânimo para conversas neste momento.

À medida que percorro os corredores da universidade, percebo que a paisagem permanece inalterada, embora tudo tenha mudado para mim. 

Suspiro aliviada por conseguir andar livremente, sem encontrar ninguém conhecido, o que é reconfortante. Continuo minha caminhada, mantendo o foco, até finalmente chegar à reitoria. 

Lá, deparo-me com a mesma secretária antipática de sempre. Ela está atrás de uma grande mesa de madeira, posicionada de forma a bloquear o acesso à senhora Ludkoski, parecendo um general em seu posto. A hostilidade em seu olhar não me surpreende, e eu inspiro profundamente.

Hoje, de maneira incomum, ela está usando um batom vermelho, e, com seu tom de pele pálido, devo dizer que não é a escolha ideal. Além disso, percebo uma mancha vermelha em sua camisa branca. 

Avanço na direção dela sem fingir simpatia, pois não estou de humor para formalidades.

— Com licença, eu gostaria de falar com a senhora Ludkoski. — solicito com educação.

Ela ergue um dedo, pedindo um momento, e digita algo em seu computador.

Em seguida, a porta da sala da senhora Ludkoski se abre e ela aparece. Seu rosto denuncia cansaço e abatimento.

— Entre, Natasha, por favor! — ela diz com cortesia, estendendo a mão em direção à sua sala.

À medida que me aproximo, sinto sua mão repousar com delicadeza em meu ombro, como se tentasse oferecer algum conforto. Ela me conduz até a cadeira em frente à sua mesa. Enquanto me sento, meus dedos batucam involuntariamente na minha perna.

A senhora Ludkoski acomoda-se em sua própria cadeira, ajustando uma mecha de seu cabelo loiro. Seu olhar permanece fixo em mim, atento e de alguma forma avaliativo.

— Como posso ajudar, minha querida? — pergunta, me encarando como se buscasse respostas em meus olhos.

Sinto-me desprovida de emoções, uma sensação de anestesia que me envolve, o desejo de concluir tudo e escapar desta cidade, deste país, distante o suficiente para apagar as memórias daquilo que perdi.

— Eu gostaria de saber se é possível adiantar minha transferência para Harvard. — minhas palavras saem sem qualquer inflexão emocional, e ela parece compreender o peso do meu pedido.

Após alguns minutos Lara assente com compreensão.

— É um privilégio ter uma aluna brilhante como você aqui na KU... — diz ela enquanto puxa uma pasta de sua gaveta. — Mas Fióri já havia me informado que seu sonho era Boston. — Seus olhos encontram os meus, e um nó aperta minha garganta. 

Ela me estende a pasta contendo todas as minhas notas, certificados e as recomendações dos meus professores. Seu sorriso é gentil e cúmplice, e isso me deixa intrigada. Como ela poderia saber sobre mim e Fióri? Talvez tenha sido pelo episódio em que desmaiei e ele me levou ao hospital.

O ASSASSINO DA NAVALHAOnde histórias criam vida. Descubra agora