Natasha Dunkis
O táxi para em frente à universidade, onde os alunos continuam a se mover de um lado para o outro, e parece que nada mudou. As coisas seguem o mesmo ritmo de sempre.
Sinto uma sensação de vazio enquanto observo o campus. Eu costuma me sentir bem aqui, mas agora é como se uma parte de mim tivesse sido arrancada.
— Espere por mim aqui, Senhor Demidov. Preciso resolver algumas questões e estarei de volta em breve — informo, forçando um sorriso.
Ele assente com um gesto amigável, mas seus olhos revelam que ele percebe minha tristeza.
Desço do táxi e inicio a minha caminhada em direção ao campus. As pessoas passam por mim. É como se eu fosse uma sombra, invisível, e, de certa forma, isso é um alívio. Não estou com ânimo para conversas neste momento.
À medida que percorro os corredores da universidade, percebo que a paisagem permanece inalterada, embora tudo tenha mudado para mim.
Suspiro aliviada por conseguir andar livremente, sem encontrar ninguém conhecido, o que é reconfortante. Continuo minha caminhada, mantendo o foco, até finalmente chegar à reitoria.
Lá, deparo-me com a mesma secretária antipática de sempre. Ela está atrás de uma grande mesa de madeira, posicionada de forma a bloquear o acesso à senhora Ludkoski, parecendo um general em seu posto. A hostilidade em seu olhar não me surpreende, e eu inspiro profundamente.
Hoje, de maneira incomum, ela está usando um batom vermelho, e, com seu tom de pele pálido, devo dizer que não é a escolha ideal. Além disso, percebo uma mancha vermelha em sua camisa branca.
Avanço na direção dela sem fingir simpatia, pois não estou de humor para formalidades.
— Com licença, eu gostaria de falar com a senhora Ludkoski. — solicito com educação.
Ela ergue um dedo, pedindo um momento, e digita algo em seu computador.
Em seguida, a porta da sala da senhora Ludkoski se abre e ela aparece. Seu rosto denuncia cansaço e abatimento.
— Entre, Natasha, por favor! — ela diz com cortesia, estendendo a mão em direção à sua sala.
À medida que me aproximo, sinto sua mão repousar com delicadeza em meu ombro, como se tentasse oferecer algum conforto. Ela me conduz até a cadeira em frente à sua mesa. Enquanto me sento, meus dedos batucam involuntariamente na minha perna.
A senhora Ludkoski acomoda-se em sua própria cadeira, ajustando uma mecha de seu cabelo loiro. Seu olhar permanece fixo em mim, atento e de alguma forma avaliativo.
— Como posso ajudar, minha querida? — pergunta, me encarando como se buscasse respostas em meus olhos.
Sinto-me desprovida de emoções, uma sensação de anestesia que me envolve, o desejo de concluir tudo e escapar desta cidade, deste país, distante o suficiente para apagar as memórias daquilo que perdi.
— Eu gostaria de saber se é possível adiantar minha transferência para Harvard. — minhas palavras saem sem qualquer inflexão emocional, e ela parece compreender o peso do meu pedido.
Após alguns minutos Lara assente com compreensão.
— É um privilégio ter uma aluna brilhante como você aqui na KU... — diz ela enquanto puxa uma pasta de sua gaveta. — Mas Fióri já havia me informado que seu sonho era Boston. — Seus olhos encontram os meus, e um nó aperta minha garganta.
Ela me estende a pasta contendo todas as minhas notas, certificados e as recomendações dos meus professores. Seu sorriso é gentil e cúmplice, e isso me deixa intrigada. Como ela poderia saber sobre mim e Fióri? Talvez tenha sido pelo episódio em que desmaiei e ele me levou ao hospital.
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O ASSASSINO DA NAVALHA
RomantizmNatasha Dunkis, uma estudante de literatura enfrenta uma série de desafios, incluindo problemas familiares e a pressão da máfia russa, Os Bratva. No entanto, sua vida se complica ainda mais quando ela descobre uma conexão surpreendente entre um hom...