Em meio ao seu mais novo cuidado parar com Lucien, Azriel não percebeu quando adormeceu com suas mãos ainda muito bem firmes ao redor dele, uma em seus cabelos, outra ao redor do quadril, mentendo-o perto.
Quando acordou, o cômodo já estava escuro com o anoitecer, a lareira tendo há muito apagado, dado que nem mesmo restavam as brasas.
Isso o incomodou brevemente, porque Lucien precisava de calor para se recuperar do que quer que tenha sido sua doença, porém nunca era confortável para ele acender qualquer chama.
No entanto, seu incômodo logo sumiu, substituído por fascínio quando percebeu que os fios cinzentos estavam totalmente vermelhos de novo.
Não era a cor de ferro incandescente que ficavam quando Lucien tinha emoções muito intensas, nem mesmo parecia que o fogo estavam dançando entre seus fios, mas estava lá, vermelho e forte novamente, fazendo cócegas em seu nariz, porque em algum momento Lucien colocou a cabeça em seu peito e encostou o rosto contra o seu pescoço.
Além disso, sua pele estava quente de novo. Não tão quente quanto normalmente seria, quando seu calor deveria ser capaz de aquecer um salão inteiro apenas por sua mera presença. Entretanto, estava saudável o suficiente para Azriel apreciar, puxando Lucien quase totalmente para cima de seu corpo.
Azriel não sabia como os poderes da Outonal funcionavam em essência, mas sabia que, assim como na Diurna, estavam entrelaçado com as emoções de seus portadores. Isso o fez pensar nas lágrimas do raposo, em como seu rosto estava aflito antes que ele desmaisse.
"Talvez não fosse veneno ou doença, talvez a discussão só tenha sido demais para que Lucien suportasse", Azriel pensou, se perguntando se de alguma forma o fogo da Outonal se apagou de si.
Parecia impossível, afinal, diziam que os filhos do Outono tinham fogo no sangue, e depois de ver Lucien lutar, Azriel não duvidava dessa sentença. Porém, o raposo esteve tão mortalmente frio, tão pálido quanto um cadáver, que ter perdido suas chamas parecia a melhor hipótese.
Azriel o vira chorar, tinha dor em sua voz quando pediu desculpas, e se Lucien não estava mentindo, ele pediu para que o vínculo fosse negado.
Não que o illyriano conseguisse acreditar nessa informação. Lucien nunca pareceu alguém inclinado a abdicar de algo como uma parceria, na verdade, pelo o que sabia sobre os relacionamentos do raposo, ele tratava seus parceiros, machos e fêmeas, com possessividade.
Claro, nenhum desses relacionamentos passavam de sexo casual, ao menos, se passavam, essa informação nunca se espalhou como as façanhas sexuais do Vanserra.
Porém, Azriel acreditava que as pessoas tratavam seus parceiros sexuais como tratariam os românticos. Não totalmente da mesma maneira, isso é certo, mas não havia como alguém que poderia até causar dor durante o sexo e chamar o parceiro pelos nomes mais imundos, tratando-os como objetos a serem possuídos, ser um bom parceiro romântico.
Azriel conhecia as histórias de parceiros possessivos que formavam vínculos, sabia o quanto a outra parte acabava sofrendo por conta da obsessão. Por isso não queria Lucien perto de Elain e por isso não conseguia acreditar que o ruivo realmente pediu para romper o vínculo.
Não, definitivamente não combinava em nada com as histórias que ouviu, muito menos com o modo que ele cercava Elain e forçava interações, mantendo um monólogo longo antes que alguém, geralmente Nestha, se irritasse e o expulsasse.
Claro, também havia o ponto de que os parceiros de Lucien não pareciam realmente aflitos quando falavam como o ruivo os forçou a aguentá-lo até desmaiarem. Porém, eles também não falaram se gostaram, simplesmente contando um fato, então Azriel simplesmente presumiu que não, afinal, quem gostaria de ser levado a exaustão desse modo?
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Sombras Outonais
FanfictionQuanto maior a luz, maior e mais escura será a sombras que se formará, é razão e consequência, não opostos, não complementares, mas uno e dois ao mesmo tempo. Para Lucien, infelizmente essa verdade é tanto figurada quanto literal. Sua vida, afinal...