Sword and Cross

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O dia está acabando quando chego em Sword and Cross. O governo me despachou aqui, com apenas uma pasta cheia de novos documentos e roupas doadas, depois de ter perdido tudo no incêndio.

O reformatório me lembra um castelo antigo, cheio de janelas de vidro, tijolos aparentes e torres enormes. Algumas estatuetas de anjos logo na entrada me chamam a atenção e me pego pensando se eles são tão religiosos quanto meu antigo orfanato.

Um senhor me ajuda com a mala, enquanto sigo até algo parecido com uma recepção. O homem que me atende tem um crachá escrito "Homan" e acho que seja seu sobrenome.

- Posso ver sua mala? - ele pede. Aceno a cabeça em concordância. De modo rápido, ele tira minhas coisas e vê que não há nada de errado.

- Nada de celulares, facas, armas, cordas, estiletes, drogas, bebidas alcoólicas ou remédios sem receita. Está me ouvindo? - perguntou.

- Sim. Mas eu não traria nenhuma dessas coisas. Só estou aqui porque... - ele me interrompe.

- Não é por você. É pelos outros. - disse, me causando um certo medo. Onde eu vim parar?

- Seu quarto é na ala oeste. Existem pequenas plaquinhas até lá, você vai dar conta. - me entregou algumas chaves, apontando para o lado direito além dos corredores.

As chaves que ele me deu, estão em um chaveiro com o número 485 e é para lá que eu devo ir. Sigo pelo caminho que me foi indicado, prestando atenção às plaquinhas que me dizem que estou na ala certa.

- Você! - Alguém grita, enquanto caminho pelos corredores. Assustada com o que homem havia me contado, decidi ignorar e continuo seguindo meu caminho. - O que você veio fazer aqui?

Decido me virar e encarar o jovem que me chama e faz perguntas, mas não há ninguém atrás de mim. Quando volto meu corpo para frente, sou surpreendida por alguém muito próximo a mim.

O garoto tem quase uns dois metros de altura, cabelos arrepiados e alguns dreads. Seu estilo é gótico, cheio de roupas e detalhes pretos, que lhe deixam assustador.

- Ora, ora, ora.

- Pode me dar licença? - peço, tentando passar.

- Você sempre volta. - ele diz, me empurrando com seu dedo indicador.

- Não encosta em mim. - digo, dando um tapa em sua mão. Ele ri alto, com aquelas risadas maléficas de filmes de terror.

- Cam. - Alguém diz. - Deixe a menina em paz. - Uma moça, de cabelos extremamente loiros e olhos azuis como o céu, simplesmente pula da escada, caindo entre nós, como se nada tivesse acontecido.

Ela pega as chaves de minha mão, olhando o número do meu quarto.

- Está com a chave certa? - ela pergunta, me olhando assustada.

- Foi a que me deram. Aqui não é a ala oeste? - pergunto, confusa.

- Mas aqui é a ala...

- A ala dos loucos. - Cam diz, atrapalhando a loira que mais parece um anjo. Ele ri novamente, zombando de mim.

- Vem, eu te levo até o seu quarto. - ela diz, abraçando meus ombros enquanto descemos as escadas. Como eu já imaginava, o corredor onde fica o meu quarto não é nada convidativo e me pergunto como devem ser as outras alas.

- Entregue. - ela diz, me deixando na porta do meu quarto. - Aliás, meu nome é Angel. - se apresentou, segurando minha mão.

- Não poderia ser outro nome. - digo, brincando. Óbvio que o nome dela deveria ser Angel.

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