Na foice de um Shinigami pt. 1

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~Pela Meia-Noite~

O corredor onde a jovem de cabelos prateados e o Visconde se encontravam estava banhado pelas luzes dos candelabros que pendiam do teto, mesmo tendo luz em algumas partes estavam totalmente escuras. Os dois ainda estavam parados na frente da porta por onde acabaram de entrar. O Visconde estava indeciso. Ele desatou o nó do lenço que estava em seu pescoço.
- Pintarroxo, se me permite gostaria de venda-la, pois não quero estragar a surpresa que eu lhe preparei com tanto carinho, posso?
A jovem cerrou os punhos e trincou os dentes, ela não estava gostando da situação pela qual se encontrava. Uma sensação estranha percorreu todo o seu corpo, ela não estava gostando disso. Tentou relaxar.
- É claro - disse ela sorrindo - , eu confio totalmente em você Visconde.
Ele para novamente, será que terá coragem de fazer com aquela bela jovem o que tem em mente? Seria um roubo!
"Espere! Você tem que pensar em si mesmo em primeiro lugar " se repreendeu mentalmente. Ele caminhou para trás da moça, posicionou o lenço em cima da franja dela no lugar onde ele presumiu ser os olhos, parou por um instante antes de dar o laço, olhou para o coque bem feito da moça, notou a pena de corvo e se perdeu por alguns segundos na imagem daquilo.
Fechou os olhos, respirou fundo, quando voltou a abri-lo soltou o lenço, deixando-o cair no chão. Passou a mão pela delicada pena, deslizou seus dedos pelo pescoço da jovem.
Ela que até agora não estava entendendo o conflito de emoções que o Visconde estava sofrendo, tencionou seu corpo quando sentiu o toque dele em seu pescoço na altura da orelha. Ele deslizou sua mão mais um pouco e parou quando enfim alcançou o ombro. Colocou a sua mão direita no outro ombro exposto dela, com isso ele a virou bruscamente e lhe sufocou em um abraço. Ambos estavam com a mesma altura. A jovem ficou parada por um breve momento avaliando qual seria o próximo movimento do Visconde, avaliando se ele era uma ameaça.
O Visconde passou a mão pela cintura da moça esperando o seu abraço ser correspondido. Não foi. O que lhe causou certa mágoa. Eram raras as moças que o recusava, e essas geralmente tinham um fim trágico. Ele havia se decidido. Se recompôs e deu alguns passos para trás.
- Me desculpe por fazer isso tão repentinamente. É que você me lembra a minha irmã mais nova - mentiu descaradamente -; prometo que isso não irá mais ocorrer.
Ele pegou do chão o seu lenço.
- Se me permite, agora de fato irei venda-la.
- Ah claro - disse a jovem se virando para poder ser vendada.
O visconde terminou de dar o nó na venda da moça, caminhou para seu lado, pegou na sua mão e juntos começaram a andar pelo longo corredor.

Durante toda a sua infância o Visconde Druitt foi muito mimado pelos seus pais e avós. Tinha sempre tudo o que queria. Quando não davam para ele aquilo que almejava, era simplesmente fazer uma carinha de choro para todos se compadecerem e cederem a seus caprichos. Com as mulheres não era diferente, afinal ele tinha tudo aquilo que elas mais desejavam: dinheiro e beleza.
Bastava apenas uma ordem para fazer com que elas caíssem de joelhos ao seus pés. Apesar de aparentar ser feliz o seu coração estava envolto por trevas. Usava dos truques mais baixos e sujos para alcançar riquezas e poder. Houve um tempo pelo qual e vendia as mulheres que se entregavam à ele para o mercado negro. Infelizmente ele foi descoberto e teve que lagar tais praticas por mandato Real.
Mesmo tendo tudo, nada o deixava mais furioso do que ser rejeitado. A moça que estava ao seu lado o rejeitou. Negou ser abraçada por ele. Por causa disso, não a perdoaria. Estava disposto a deixa-la ir, agora não mais. Ele seguiria com seu plano adiante.
Apertou a mão da moça com força, ela limitou-se a franzir a sobrancelha, tentou não demostra expressão facial, mas definitivamente algo estava acontecendo com o emocional do Visconde e ela não estava certa se queria de fato descobrir.
- Bem , - começou o Visconde fazendo-a parar e soltando a sua mão - chegamos meu pequeno Pintarroxo.
Ele caminhou para enorme porta que se encontrava no fim do corredor, abriu-a que fazendo um grande estralo, causando arrepios na moça. O Visconde mais uma vez pegou na mão de sua acompanhante e a guiou para dentro do cômodo. Encaminhou-se para trás dela, antes de desatar o nó ele sussurrou em seu ouvido.
- Garanto que, você nunca se esquecerá desse presente.
Tirou a venda dos olhos da jovem, que piscou várias vezes para se acostumar com a forte luz. Após alguns segundos ela pode entender o que o Visconde viera planejando para aquela noite.
Faltou ar nos pulmões da jovem, ela deu dois passos para trás a fim de sair daquele local, porém o Visconde a segurou com força pelos braços.
- O que você pretende fazer? - disse a moça com um tom de pânico na voz.
- Eu apenas irei lhe dar a melhor noite de sua vida meu pequeno pintarroxo, peço que confie em mim, não tente resistir e tudo saíra conforme o planejado. Não lhe farei mal algum ... por enquanto.
Ele segurou a jovem pela cintura e começou a dar pequenos beijos por toda extensão de seu pescoço.
- Aguarde um segundo meu bem, nós precisamos de privacidade.
Dito isso ele se encaminhou em direção a porta e a trancou. Deixando tudo o que pudesse o atrapalhar para o lado de fora.

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