Antônio não conseguia focar totalmente no seu trabalho, o que o tirava do sério e tudo levava seus pensamentos a ela, a morena. O resto da semana do fazendeiro se arrastou dessa maneira.
"Que mulher infernal que não sai da minha cabeça!" -pensou consigo enquanto tentava trazer sua atenção para o relatório de bioindicadores a sua frente.
O homem decide resolver de uma vez essa inquietude de sua mente. Pega seu telefone e liga para Cândida.
-Alô, Cândida?
-Dr. Antônio, o que devo esse prazer?
-Preciso de uma noite com uma de suas garotas.
-Claro, com que seria?
-Com aquela que acabou de chegar.
Cândia fica meio confusa.
-Com a Irene? Tem certeza? Ela ainda não é tão experiente Dr. Antônio, se é que me entende.
-Só faça o que eu tô te pedindo, amanhã, sábado, às 21:00.
-Tá bom.
-Quando eu passar por ai, acerto o preço com você.
-Sem pressa, até mais Dr. Antônio.
O homem apenas desliga o telefone.
"Então quer dizer que o nome dela é Irene...Irene" -reflete sorrindo enquanto gira a cadeira com o seu corpo. -Vou dar um jeito nisso de uma vez!
Irene estava dando uma geral em seu quarto enquanto escutava Roberta Miranda na rádio.
"Meu Deus, como que eu pude fazer uma bagunça dessa em menos de 15 dias" -pensa ao olhar o monte de roupa em cima de sua cama só esperando para serem dobradas.
-Irene.
A velha entra no seu quarto como um vento.
-Oi pra você também Dona Cândida. -diz ao reduzir o volume do som. -Posso ajudar em algo?
-Você tem um programa pra amanhã às 21:00.
A moça fica desnorteada com o comentário que acabara de escutar. Sabia que a hora de terem essa conversa havia chegado. Sua respiração se acelera.
-Por favor Dona Cândida. - Irene para de mexer com as peças de roupa. -Não me obrigue a fazer isso. Posso dançar, servir no bar, limpar as coisas, eu dou meus pulos. Você pode me pagar menos se quiser, não tem problema, mas por favor, isso não.
Uma risada cínica estremece pelo ambiente.
-Minha filha, em que mundo você vive? Você realmente acredita que está em posição de escolher? -mais uma risada. -Você vai fazer o que eu quero entendeu? Ainda mais que é um cliente que não posso me indispor.
-Mas...
-Eu não quero saber Irene, só faz o que tem que ser feito e pronto!
Cândida sai batendo a porta.
-Que inferno! -a mulher grita enquanto arremessa um vaso que estava em cima da cômoda na parede mais próxima. -Onde raios eu fui me meter. -sussurra para se mesma ao passar as mãos por seu cabelo.
Na tentava de se acalmar, Irene se joga da poltrona, mas foi em vão. Várias memórias do passado vêm à tona e a própria não consegue se conter. Nice estava passando pelo corredor para ir buscar um copo d'água na cozinha quando escuta um choro baixinho vindo do quarto de Irene. A primeira dá algumas batidas suaves na porta, entretanto nada de uma resposta.
-Irene...-diz Nice ao abrir a porta vagarosamente. -Meu Deus. -Ela corre em direção da amiga para um abraço.
A novata abraça mais forte Nice em busca de algum conforto.