4. Dear Selfish

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Socorro, eu ainda estou no restaurante
Ainda estou sentada em um canto que passei a assombrar
De pernas cruzadas na luz fraca
Eles dizem: Que visão triste

- Right Where You Left Me, Taylor Swift

Até que ponto alguém está disposto a morrer de dor?

Não. Não aquela dor de um corte superficial em sua testa após uma briga na rua atrás do colégio de infância. Não aquela dor causada pelo incidente de cortar seu dedo enquanto prepara o almoço de domingo. Não aquela dor causada pelo braço ralado depois de uma queda da bicicleta com o pneu vazio.

Há algo em ser humano que ultrapassa a dor física. E então, na boca do estômago, perto de onde a fome é tomada pela sensação amarga da tristeza, bem onde as borboletas de amor tornam-se um vazio atípico, surge a emoção do nada.

O nada também é uma resposta. O nada também é uma dor.

Sentir em sua pele as sensações, o sofrimento, a melancolia, ainda é estar sã, ainda é estar vivo. Não sentir absolutamente nada é estar louco, é ultrapassar a dor que um dia já fora consciente.

Então, com um vazio angustiante, com lágrimas que não conseguem ser derramadas e palavras que não conseguem ser ditas, o nada corroe. Não é como a indiferença, é apenas uma tortura contra si mesmo. Dilacerante, mordaz, corrosivo.

E após tantas lágrimas derramadas e noites não dormidas, Louis estava experimentando essa sensação. Ele não chorava, ele não sentia, ele não vivia.

Harry foi sua luz, mas as consequências do seu amor por Harry fora a escuridão.

Quatro dias haviam corrido rapidamente. Tão rápidos quanto a forma em que Louis aceitou ser seu fim.

As palavras ainda ecoavam em sua cabeça, o "sim" fraquejado de Harry ainda estalava em cada neurônio de seu cérebro, o discurso de Brad fazia morada em sua cabeça.

Naquela noite, após sentir-se humilhado pelo egoísmo de Styles, Louis se foi. Ele pegou o primeiro avião em Paris, levando sua mala e suas mágoas. Durante toda a viagem ele questionava-se das suas consequências de vida, e se aquilo era fruto de um karma.

Se fosse, o que ele havia cometido de tão ruim nessa ou em outras vidas?

O que ele havia cometido de tão ruim para não receber uma ligação ou uma mensagem do ex-marido? O que ele havia cometido de tão ruim para ser resumido a algo tão indiferente na vida de Harry?

Alguns anos atrás Harry dizia que, caso Louis se perdesse no mar, ele o buscaria de forma incansável até que o achasse e o levasse de volta ao lar. Agora, Louis estava afogado em um oceano, perdido na grandiosidade solitária do mar, lutando contra a correnteza e enchendo seus pulmões de água, enquanto Harry parece torcer por achar seu corpo sem vida na areia de uma praia qualquer.

Egoísta, egoísta, egoísta.

Harry era um maldito egoísta.

Mas Louis também era um maldito egoísta quando o assunto era Harry.

Porque Harry estara vivendo sua vida sem olhar para trás. Enquanto Louis estara impossibilitado de olhar para frente, puxando Harry cada vez mais para um passado confortável para si e desconfortável para o ex-marido.

- Louis, você está me ouvindo? - Era a voz de Sabrina, a terapeuta em sua frente.

Porque depois dos quatro dias morrendo com suas angústias dentro do quarto fechado, Oliver, seu amigo de infância, cuidou dele. Não apenas um cuidado físico, mas um cuidado emocional.

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