5. Dear Momma

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Nós não precisamos
De nada
Ou de ninguém
Se eu deitasse aqui
Se eu apenas deitasse aqui
Você deitaria comigo e simplesmente esqueceria o mundo?

- Chasing Cars, Snow Patrol

Na mitologia nórdica, Loki é definido como o ser astuto e trapaceiro. Ele é egoísta, frio e manipulador, representado como a figura que prioriza quaisquer de seus interesses acima dos outros. Suas histórias podem ser atrativas, sua trapaça pode ser vista como esperteza e sua narrativa desastrosa está propensa a atrair fanáticos em sua persona.

A grande diferença da mitologia para o mundo real é que, pessoas como Loki, estão destinadas ao fim. Aliás, quem muito aprecia sua própria imagem, envelhecerá apenas com ela o fazendo companhia.

Oscar Wilde delimita o egoísmo não como viver nossos desejos, mas como a exigência de que outras pessoas vivam confome nossa ambição. E isso está muito além de imagens, muito além de aparências, está ligado a forma em que mudamos o curso de nossos caminhos e do caminho de outras pessoas.

Nesse loop, o final é trágico, triste e vazio.

De fato, esssas três palavras poderiam ser sussurradas no ouvido de Louis pelas sombras que o cercavam. Dentre elas, a culpa gritava mais alto. Ela parecia ecoar em sua cabeça, sangrar seus ouvidos, martelar seu cérebro.

Era como se não houvesse mais ninguém ao seu redor, como se o mundo estivesse em seu fim, com tudo em volta no mais puro silêncio, e apenas o caminhar de seus sentimentos em sua direção, pronto para devora-lo.

Quando olhava para o lado, Harry não estava lá, mas seu choro era ouvido. Parecia tão desesperado, chorando lágrimas, derramando preces. E apenas aquele choro, vindo juntamente a um apertar em sua mão trêmula, fez com que Louis despertasse de um mundo tão sombrio.

Mas, levando em consideração, o mundo real não era tão mais bonito.

A luz amarela da capela deixava tudo fúnebre. Harry parecia rezar constantemente, mesmo que não fosse religioso. Sua expressão estara tão acabada, fazendo jus as últimas doze horas em que se mantinha acordado. Louis não sabia de sua aparência, mas especulava de que Harry era um reflexo de como ele estaria.

Realmente, ele não estava errado. Não dessa vez.

Entretanto, enquanto Styles parecia ter tantas palavras para pedir a Deus, ele não havia nenhuma. E o seu silêncio era egoísmo de sua parte. Por que ele não poderia apenas pedir para que Deus guardasse a vida de sua filha? Por que, mesmo não sendo um homem de fé, ele não poderia se esforçar para rezar com Harry e tentar acalmar seu coração?

Eram coisas inexplicáveis. Mas se ele pudesse explicar, diria que nenhum ser humano está preparado para ver seu mundo desmoronar e, ainda assim, sorrir.

- Você pode buscar um café para nós dois? - O de olhos verdes questionou enquanto eles saíam da capela do hospital. O clima era frio, os lábios de Harry estavam rachados e Louis tinha suas mãos secas.

- Claro. Volto logo, não saia daqui. - Sorriu pequeno para Harry.

Ele pôde sentir o olhar queimando em suas costas enquanto caminhava para o refeitório, e ao olhar para trás, Styles parecia tentar não perdê-lo de vista. Foi aí que Louis percebeu; havia passado tanto tempo em busca de entender seus sentimentos que havia se esquecido de que Harry estava sentindo o mesmo que ele.

Não era uma competição de dores, era uma balança igualavel de perdas.

E ambos não aguentavam mais perder.

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