8. Dear Temptation

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A religião está em seus lábios
Mesmo que seja um falso deus
Nós ainda adoraríamos
Talvez possamos nos safar disso
O altar é meu quadril
Mesmo que seja um falso deus

- False God, Taylor Swift

Capaz de despertar paixões ardentes e instigar desejos em mortais e imortais, Afrodite foi, além da deusa grega do amor, a figura associada ao desejo, sedução e tentação. Sua presença na mitologia grega serve como um lembrete do poder e da complexidade do amor e do desejo humanos, do desejo da carne e da necessidade humana.

A tentação está constantemente ligada aos desejos, podendo ser aguçada através deste. É uma dança entre o querer e poder, oscilando entre a vontade e a gula. As pessoas buscam o que lhe foi oferecido com a proposta da possibilidade sedutora, cegando e persuadindo até mesmo aqueles impenetraveis.

E não estando somente nos desejos carnais, a persuasão da tentação o leva a loucura, a ponto de cair em seus braços e levar de suas palavras o rendimento para suas ações.

Louis sabia bem o que era isso.

E Harry era isso.

Juntos, Louis se tornava a presa, enquanto Harry era o caçador.

Durante anos ele havia dúvidas sobre isso, mas nesse momento, enquanto passavam por um divórcio doloroso, a presença de Harry o testava diariamente, fazendo-o questionar-se de sua vulnerabilidade, ou de quão facilmente conseguia cair nos braços de sua Afrodite.

Mesmo já possuindo tanta certeza daquilo, foi como uma prova ainda maior ao que, naquele sábado de manhã, com o sol queimando suas costas e o frio da grama fazendo cócegas em sua barriga, Louis notou que seu maior erro era ser cair em um papo vazio de Harry.

Como um borrão preenchendo seus olhos, conseguia ver imagens não muito nítidas ao seu redor. Nem mesmo as vozes eram reconhecidas. Tudo se tornava uma missão difícil, fazendo com que assimilar cada detalhe latejasse em sua cabeça.

Sua única e última certeza era de que seu estômago não aguentava mais.

- Vocês estão sendo adolescentes outra vez? - Apesar das palavras na voz masculina, elas soavam engraçadas aos seus ouvidos, assim como soavam engraçadas naquela voz. A pessoa não estava brava, estava apenas rindo com todo o ar de seus pulmões.

- Para de rir, pai. - Então surgiu a voz mansinha, que o fez levantar sua cabeça, mesmo que o corpo não conseguisse se mexer. - Louis, acorda. - Harry dizia, parecendo uma lesma ao se arrastar pela grama, sua bochecha manchando-se do verde das folhas enquanto suas pernas trabalhavam sozinhas.

Tomlinson ainda não entendia como havia parado ali, na grama fofa e gelada com um Harry jogado a poucos metros de distância, com pétalas em seus cachos deformados e o corpo sujo de barro, tal como a camisa do time de futebol que ele usava.

- Eu estou registrando esse momento!

- Paaaaaaai! - Harry gritou bravo e choroso, e o que pareceu ser uma reação automática do jardim, os springers se ativaram, começando a molha-los.

Foi então que o choro de Harry veio, com ele enterrando sua cabeça no chão e gritando. Louis apenas sorria pequeno, feliz pela água escorrer por suas costas ardidas.

Seus olhos captaram quando Desmond, pai de Styles, surgiu na frente de seus olhos, pegando Harry nos braços como uma pequena criança e o levando para dentro de casa. Tudo ficou em silêncio por algum tempo, até mesmo os springers pararam, deixando-o cair no sono outra vez, até que seus braços foram colocados em um ombro e ele precisou se forçar a andar.

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