Capítulo 1

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Harry saberia que ele tinha entrado nas masmorras mesmo de olhos fechados. Apenas descendo alguns passos da escadaria a temperatura caiu rapidamente. Mesmo durante os dias quentes do outono, as masmorras de Hogwarts eram geladas e úmidas.

Puxando o roupão para perto de seu corpo, Harry desceu ainda mais entre as entranhas de sua amada escola. De vez em quando uma tocha se acendia na parede, lançando sombras assustadoras ao redor.

Não havia retratos nesta parte de Hogwarts, o que Harry achou um pouco estranho, para ser honesto. Talvez até as pessoas pintadas desgostavam da atmosfera sombria de estar no subsolo. Embora se lembrasse corretamente, a sala comunal da Sonserina era na verdade guardada por um retrato. Havia visto brevemente quando ele e Ron foram deixados entrar por Malfoy. Como na época eles estavam usando polissuco como Crabbe e Goyle e estavam nervosos o bastante sobre serem descobertos, Harry compreensivelmente não prestou muita atenção aos seus arredores.

Agora ele estava nervoso por outra razão. Ele estava prestes a começar seu sexto ano em Hogwarts, após passar um verão infernal com seus parentes, que iriam dar de má vontade até mesmo o direito de lamentar a morte de seu padrinho, Harry esperava um ano escolar quieto e monótono. Ele sabia que não era possível acontecer, ainda mais com Voldemort solto por aí, mas olha, um garoto pode ter esperanças, certo?

Entrando em um longo corredor atrás de uma sala de poções, Harry parou em frente de uma pesada porta de madeira. Uma pequena placa, pouco visível na luz fraca de uma tocha piscando por perto, pendurada logo à esquerda.

Mestre de Poções Professor Severo Snape, estava escrito.

Harry respirou fundo, pressionando uma palma contra seu peito numa tentativa de diminuir a frenética batida de seu coração. Ele iria passar por isso, disse a si mesmo. Era a coisa certa a se fazer. Ele havia passado muitas noites em claro se afogando em culpa enquanto lamentava por Sirius.

Se ele apenas tivesse dominado a Oclumência ano passado, Sirius ainda estaria vivo. Claro, ele havia culpado Snape no momento por ele ter sido incapaz de ensinar propriamente. E talvez sua antipatia mútua foi uma das razões de Harry não poder dominar a arte de fechar a mente. Mas Harry teve todo o verão para chegar em termos com o fato que ele realmente foi o único e verdadeiro responsável por aquela falha. Ele tinha acolhido os sonhos daquele longo corredor, ele queria descobrir para onde aquela porta iria levar... ele poderia muito bem ter convidado Voldemort para dar um passeio em sua cabeça.

Mas não mais. Harry estava determinado a manter o cara-de-cobra fora de sua mente. Ele não poderia permitir mais pessoas se machucando por causa de sua ignorância. Então ele iria engolir seu orgulho Grifinório, se desculpar com Snape por invadir sua penseira no ano passado e implorar ao homem para que o ensine Oclumência novamente. Iria rastejar se preciso, mesmo que ainda odiasse Snape. Bem, talvez odiasse não fosse a palavra correta. Harry reservou seu ódio unicamente para Voldemort. Forte desgosto provavelmente era mais correto. Embora depois de ver Snape mais jovem sofrendo bullying por Tiago e Sirius, Harry podia simpatizar com seu professor em um nível que ele nunca achou possível. Ele se sentia genuinamente mal sobre assistir a memória e aquilo também era um grande motivador para ele querer se desculpar com o azedo mestre de poções.

Olhando ao redor do corredor por algum Sonserino perdido, Harry levantou sua mão e bateu na porta. Quando nada aconteceu, ele bateu um pouco mais forte. As masmorras eram estranhamente quietas e a batida gentil soava muito alta para os ouvidos de Harry.

Depois de um tempo, Harry bufou para si mesmo, esperando que ele encontrasse a coragem de retornar novamente amanhã. Ele estava prestes a se virar e ir embora quando espiou outra porta, na extremidade do corredor escuro. Chegando perto cautelosamente, ele examinou a madeira escura.

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