Capítulo 22

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Severo estava furioso. Não, isso não estava correto. Ele se sentia totalmente assassino, seu interior borbulhava de raiva.

Depois dele ter visto as memórias de Harry de anos de abuso, ele teve de usar cada grama de autocontrole para não sair furioso do castelo e matar aquele porco que se chamava de tio do Harry.

Apenas a presença de Harry parou-o. Segurando o garoto perto de seu peito e ocluindo pesadamente para entorpecer as emoções intensas, ele foi capaz de pensar mais racionalmente e conversar com Harry numa maneira relativamente calma. Embora o altruísmo do garoto e o desrespeito ao seu próprio valor estivessem forçando bastante os limites de Severo.

Assistir as memórias de Harry e sentir as emoções do garoto deixou Severo extremamente perplexo mais uma vez. Até mesmo depois de ter passado por tanta coisa nas mãos de seus parentes, os sentimentos de Harry eram aqueles de solidão, tristeza, desejo de ser amado e talvez uma pequenina parte de ressentimento. No entanto não havia raiva, nenhum ódio ou desejo por vingança como Severo havia esperado.

Como ele próprio teria sentido, como ele próprio sentiu por seu pai abusivo. Ele passou anos temendo e odiando o pai, esperando pelo dia quando ele fosse finalmente forte o bastante ou velho o bastante para contra-atacar. Severo criou um feitiço para usar especialmente em seu pai, um que faria o monstro sentir toda a dor que ele já infligiu em Severo de uma vez só.

Infelizmente, Severo nunca teve o prazer de descobrir o quão bem seu feitiço funciona. O pai dele bebeu até morrer um mês antes de Severo completar dezessete. Comparecer ao funeral do homem foi uma das memórias mais felizes que ele teve de seu pai, finalmente sendo livre do monstro.

Porém Harry não parecia capaz de sentir tamanhas emoções obscuras ou pelo menos não a esse ponto. Ele certamente odiou Umbridge, mas então a mulher horrível era fácil de odiar.

Severo se lembra de ter descoberto sobre a sapa rosa usando uma pena de sangue nos estudantes, fazendo-os escrever linhas com seu próprio sangue. Foi apenas sorte dela que por aquele tempo ela já estava trancada no St Mungus ou Severo teria-lhe alimentado uma porção de seu veneno auto-preparado.

E então as memórias de si mesmo, vistas pelos olhos de Harry. Ele tratou o garoto com extremo desdém em sua busca equivocada para reprimir a arrogância de Harry. Em suas crenças preconceituosas, ele não percebeu que a imprudência e propensão para problemas não eram resultados de sua auto-importância mas exatamente o oposto.

Harry era a pessoa menos egoísta que ele já encontrou, disposto a correr de cabeça para o perigo para ajudar outra pessoa.

O que Severo achou mais desconcertante foi como Harry percebeu e pensou sobre ele. Cinco anos ele tratou Harry horrivelmente, mexendo com ele e realizando sua vingança no menino indefeso pelos pecados do Potter Sênior.

Embora Severo acreditasse que Harry tenha merecido algumas das detenções que ele deu durante os anos, ele admitiu para si mesmo que muitas foram dadas por despeito. Mas o garoto, o lindo garoto de olhos verdes com uma alma pura e limpa como a neve recém caída, mantinha atualmente apenas sentimentos calorosos e afetuosos para com Severo.

As antigas memórias sobre ele eram sublinhadas por uma profunda tristeza, uma que Severo ainda não foi capaz de compreender completamente.

Como poderia Harry gostar dele, o homem cansado e desagradável que era em muitos aspectos o exato oposto do doce e inocente adolescente? Severo reconheceu que ele não era digno da atenção afetuosa que Harry havia concedido a ele, ciente do fato que o garoto iria voltar a si cedo ou tarde.

Ainda sim, ele não poderia se forçar a perder o pouco tempo que tinha com Harry, apegando-se egoisticamente à sua pequena bolha de felicidade.

Surpreendentemente, o relacionamento com Harry continuou lento mas seguramente desenvolvendo-se em um relacionamento sério. As últimas semanas e meses foram marcadas pela familiarização da personalidade um do outro, seus interesses e expectativas.

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