3. Terceira

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Para o crédito deles, não é como se tivessem previsto que terminariam atracados contra uma árvore. Aquilo realmente havia começado como um treino; tarde da noite, Asta e Noelle, lutando nos arredores da floresta em que se situava o QG, com o melhor de suas habilidades. Ele, em sua fusão demoníaca e, ela, com sua armadura de Valquíria na forma dracônica.

Brigar com um usuário de antimagia, por si só, era um exercício interessante, visto que Asta poderia anular qualquer ataque mágico que ela tivesse, por mais poderoso que fosse.

Mas a velocidade de Noelle não era para ser subestimada e, com uma graça impressionante, praticamente nadava por sua zona de mana, desviando na maioria das investidas do rapaz.

Nessas situações, Asta constantemente se sentia em desvantagem, tentado a simplesmente parar e apreciar os elegantes movimentos de luta da namorada, algo que não podia fazer com tranquilidade em um cenário de ataque real, mas ainda se esforçava para entregar um combate decente, visto que ela se irritaria se desconfiasse que ele apenas pensava em pegar leve.

De qualquer maneira, também era um bom treino para sua agilidade e manipulação de antimagia com seu ki, e assim ele repelia os golpes mágicos, de múltiplos ângulos, até finalmente encontrar a abertura no ataque necessária e liberar o zetten em uma onda cortante.

Os olhos de Noelle se arregalaram no momento em que sua armadura dracônica se dispersou completamente, deixando-a apenas em seus top e short brancos de treino, o dragãozinho leviatã empoleirado em seu ombro, resmungando descontente por ter sido superado.

A garota estalou a língua, enquanto observava Asta devolver a katana decaptadora de demônios para seu grimório. Em treinos mais intensos, quase sempre aquela era a escolha de arma do rapaz, visto que jamais cortava seus aliados, mas apenas inimigos. Segundos depois, a armadura negra dele também se dispersou, desbotando o cabelo de preto para loiro cinzento e revelando sua regata branca, calças negras e botas marrons habituais.

— Como sempre, você acaba com a diversão rápido demais — reclamou  Noelle.

— Hei! — exclamou Asta em resposta, realmente ofendido.

— Eu estava falando sobre os treinos. Para onde essa sua mente pervertida está indo? — perguntou ela, antes de empinar o nariz e caminhar até a borda da clareira.

Levemente constrangido, Asta a seguiu, sem, no entanto, deixar de apreciar o balançar dos quadris da namorada que caminhava à sua frente. Quase ao mesmo tempo, os dois  se jogaram de costas no solo gramado do local, ofegando levemente enquanto observavam o céu.

Era uma noite clara de lua cheia, o que permitiam que tivessem uma boa visibilidade da floresta e uma fantástica paisagem acima.

Em outros tempos, eles poderiam ter dito que era um cenário quase mágico, mas atualmente eles eram mais sábios e cientes que, de fato, havia mana em tudo. Noelle era proficiente em captá-la, desde que aperfeiçoara seu estilo de luta com as técnicas aprendidas em Heart, e Asta... Bem, ele sentia que só precisava ter olhos para saber. A lua tão grande e reluzente, os milhões de estrelas que brilhavam como pó de diamantes contra o negrume do céu, os vagalumes que concediam ainda mais luz ao ambiente e tremeluziam com a brisa fresca noturna, que ao se chocar contra as árvores, produzia uma canção calmante.

Se tudo aquilo não era mágico, ele não sabia o que mais poderia ser.

E ainda havia sua parte favorita: a maneira que toda essa luz refletia na pele alva e reluzia nos cabelos prateados da garota da realeza que estava deitada ao seu lado, o que concedia a ela uma figura etérea. De fato, com os cabelos longos espalhados contra a grama, os braços esticados acima, um dos joelhos levemente dobrados, os olhos fechados e a cabeça levemente inclinada para trás para apreciar melhor o vento, Noelle parecia um vislumbre da tranquilidade do paraíso.

Vamos Agir como se Eles não Soubessem Onde histórias criam vida. Descubra agora