Dessa vez, Asta não podia levar a culpa (ou o crédito, a depender do ponto de vista), pela situação em que foram surpreendidos.
Tudo havia começado quando ele acordou, no meio da noite, para perceber a ausência do peso de Noelle sobre seu braço, onde ela havia adormecido.
Embora decepcionado por não encontrá-la ali, o rapaz imaginou que ela tivesse acordado e decidido retornar ao próprio quarto, apostando na possibilidade menor de ser vista vagando pela masculina no meio da noite.
Apesar da chateação, Asta concentrou-se em fazer uma varredura no perímetro do prédio, a fim de captar o ki dos presentes e garantir que Noelle estava segura onde quer que seu quarto estivesse naquela noite, como sempre fazia quando percebia a ausência dela no meio da madrugada.
Localizou-a rapidamente, mas ao contrário do que esperava, não captou o fluxo de energia sereno de quem se entrega ao sono, mas ativo de uma pessoa acordada. Concentrando um pouco mais, percebeu o misto de confusão e satisfação da garota, embora superficialmente ela parecesse feliz.
Curioso e repentinamente sem sono, Asta deixou seu quarto, sem se preocupar em calçar algo ao vestir uma camisa, transitando pelos corredores apenas com a calça de moletom com que acabara adormecendo. Seguiu o fluxo de energia de Noelle, satisfeito em perceber que não parecia levar à ala feminina (onde não poderia adentrar por meios convencionais, graças as armadilhas armadas por Vanessa) e fazendo anotações mentais a respeito da configuração da base naquele dia.
Em pouco tempo, chegou na cozinha e pôde avistar a namorada sentada sobre a mesa, sorvendo o conteúdo de um copo com canudinho que tinha em mãos, a expressão pensativa.
Parado sob o batente da porta, o rapaz lutou para conter a onda de desejo que o atingiu quando percebeu que, na posição em que a cavaleira estava, a camisola que vestia (relativamente decente, em outras situações) mal cobria o topo das coxas. Os cabelos prateados livres e desgrenhados, apenas tornavam a visão ainda mais bela.
Após o breve momento de apreciação, adentrou a cozinha.
— Isso é suco de laranja rubra? — indagou Asta, reconhecendo o cheiro conforme se aproximava, fazendo a garota se sobressaltar. — Desculpa, não queria te assustar — lamentou.
Infelizmente, os episódios em que assustava a namorada sem querer, eram constantes, uma vez que ele não tinha mana para que ela pudesse captar.
— Eu estava distraída — alegou ela, sorrindo para ele. — E sim, é suco de laranja rubra — respondeu, estendendo o copo em direção a ele, oferecendo seu conteúdo.
Asta aceitou a oferta e fechou a boca em torno do canudinho, sorvendo um gole, ao mesmo tempo em que afastava os joelhos da jovem de cabelos prateados, para se posicionar entre eles.
— E como você conseguiu isso? — perguntou, após engolir.
— Me deu vontade de tomar outro dia, então pedi que Finral me levasse a Heart. Como fui lá apenas por essa razão, Lolopechka pediu que me dessem um pequeno estoque para trazer de volta — resumiu.
— E Finral-senpai te levou até Heart só para isso? — questionou.
— Ele não queria, mas fez de qualquer maneira — Noelle respondeu, em timbre desinteressado.
— Quando foi isso? — indagou, antes de sorver mais um gole do copo.
— Num daqueles dias em que você estava em missão diplomática no reino de Spade com o vice-capitão — contou, puxando o canudo da boca dele para que pudesse beber o resto.
— O pessoal de lá está bem? — continuou questionando.
— Bem, eu vi poucas pessoas, mas Lolopechka disse que todos estão bem. Ah! O bebê dela e do Gadjaa está perto de nascer — a jovem falou com carinho. — Fim do interrogatório? — zombou.
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Vamos Agir como se Eles não Soubessem
FanfictionAs seis vezes em que Asta e Noelle conseguiram esconder seu namoro dos seus colegas de esquadrão, e aquela em que eles não puderam.