5. Quinta

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Dessa vez, Asta não podia levar a culpa (ou o crédito, a depender do ponto de vista), pela situação em que foram surpreendidos.

Tudo havia começado quando ele acordou, no meio da noite, para perceber a ausência do peso de Noelle sobre seu braço, onde ela havia adormecido.

Embora decepcionado por não encontrá-la ali, o rapaz imaginou que ela tivesse acordado e decidido retornar ao próprio quarto, apostando na possibilidade menor de ser vista vagando pela masculina no meio da noite.

Apesar da chateação, Asta concentrou-se em fazer uma varredura no perímetro do prédio, a fim de captar o ki dos presentes e garantir que Noelle estava segura onde quer que seu quarto estivesse naquela noite, como sempre fazia quando percebia a ausência dela no meio da madrugada.

Localizou-a rapidamente, mas ao contrário do que esperava, não captou o fluxo de energia sereno de quem se entrega ao sono, mas ativo de uma pessoa acordada. Concentrando um pouco mais, percebeu o misto de confusão e satisfação da garota, embora superficialmente ela parecesse feliz.

Curioso e repentinamente sem sono, Asta deixou seu quarto, sem se preocupar em calçar algo ao vestir uma camisa, transitando pelos corredores apenas com a calça de moletom com que acabara adormecendo. Seguiu o fluxo de energia de Noelle, satisfeito em perceber que não parecia levar à ala feminina (onde não poderia adentrar por meios convencionais, graças as armadilhas armadas por Vanessa) e fazendo anotações mentais a respeito da configuração da base naquele dia.

Em pouco tempo, chegou na cozinha e pôde avistar a namorada sentada sobre a mesa, sorvendo o conteúdo de um copo com canudinho que tinha em mãos, a expressão pensativa.

Parado sob o batente da porta, o rapaz lutou para conter a onda de desejo que o atingiu quando percebeu que, na posição em que a cavaleira estava, a camisola que vestia (relativamente decente, em outras situações) mal cobria o topo das coxas. Os cabelos prateados livres e desgrenhados, apenas tornavam a visão ainda mais bela.

Após o breve momento de apreciação, adentrou a cozinha.

— Isso é suco de laranja rubra? — indagou Asta, reconhecendo o cheiro conforme se aproximava, fazendo a garota se sobressaltar. — Desculpa, não queria te assustar — lamentou.

Infelizmente, os episódios em que assustava a namorada sem querer, eram constantes, uma vez que ele não tinha mana para que ela pudesse captar.

— Eu estava distraída — alegou ela, sorrindo para ele. — E sim, é suco de laranja rubra — respondeu, estendendo o copo em direção a ele, oferecendo seu conteúdo.

Asta aceitou a oferta e fechou a boca em torno do canudinho, sorvendo um gole, ao mesmo tempo em que afastava os joelhos da jovem de cabelos prateados, para se posicionar entre eles.

— E como você conseguiu isso? — perguntou, após engolir.

— Me deu vontade de tomar outro dia, então pedi que Finral me levasse a Heart. Como fui lá apenas por essa razão, Lolopechka pediu que me dessem um pequeno estoque para trazer de volta — resumiu.

— E Finral-senpai te levou até Heart só para isso? — questionou.

— Ele não queria, mas fez de qualquer maneira — Noelle respondeu, em timbre desinteressado.

— Quando foi isso? — indagou, antes de sorver mais um gole do copo.

— Num daqueles dias em que você estava em missão diplomática no reino de Spade com o vice-capitão — contou, puxando o canudo da boca dele para que pudesse beber o resto.

— O pessoal de lá está bem? — continuou questionando.

— Bem, eu vi poucas pessoas, mas Lolopechka disse que todos estão bem. Ah! O bebê dela e do Gadjaa está perto de nascer — a jovem falou com carinho. — Fim do interrogatório? — zombou.

Vamos Agir como se Eles não Soubessem Onde histórias criam vida. Descubra agora