Quarta-feira, 22 de julho de 2023.
Universidade Nacional de Seul.
Pov's Nayeon
20:40h pm.
Já passava das 20:30h da noite e pela milésima vez eu escutava o garoto reclamando do meu corpo. Enquanto o ouvia resmungar tentava de alguma forma encontrar o que havia de errado. Observava minhas coxas, observava meu rosto, observava as curvaturas de minha cintura e meu quadril.
Dongmin estava sentado na cama mexendo no celular e não parava um minuto de resmungar sobre o quanto eu estava magra, parecia anoréxica. Que eu devia tomar cuidado, pois se emagrecesse mais ele iria me deixar pra ficar com uma mais gostosa. Disse também pra não exagerar na comida, pois eu poderia engordar e ele também me deixaria. Eu estava em um beco sem saída. Ganhando ou perdendo peso ele não ficaria comigo, o que mais eu poderia fazer?
Mais uma vez encarei meu reflexo no espelho a minha frente, notei as marcas roxas em meu braço e achei o que tinha de errado: meu namorado.
Durante nossa transa na semana passada, ele por algum motivo disse que eu não estava conseguindo satisfazer os seus desejos e que nem pra isso eu estava servindo. Eu pedi desculpas e comecei a chorar, isso deixou ele tão irritado que começou a me bater, ele perdeu o controle.
Isso foi na sexta, hoje já é quarta, mas meus braços estão cheios de marcas e minha barriga também possui uma mancha, tão roxa e escura que chega a quase ser preta. Logo eu que amo a cor preta, ele me falou que combinaria com as roupas de vagabunda que eu uso pra sair com ele: a última vez que saímos, eu estava de calça e cropped de manga cumprida preto.
- Você tá me ouvindo? - escuto sua voz próxima a meu ouvido.
Reparo que o mesmo já estava atrás de mim, absorta em meus pensamentos não havia notado sua aproximação. Com o som da sua voz automaticamente me encolho assustada.
- Sim, eu estou ouvindo. - minha voz sai estremecida. - Mas não entendo o que...
- NÃO ENTENDE O QUE? - ele grita e enrosca seus dedos nos meus fios puxando pra trás.
- Tá me machucando Dongmin. - digo alcançando sua mão atrás de minha cabeça e a segurando. - Me solta, por favor! - imploro sentindo os olhos encherem de lágrimas .
- Nayeon eu não entendo como você conseguiu ficar tão feia desse jeito. - ele sussurra em meu ouvido, automaticamente olho nossos reflexos no espelho. - Depois não se questione o porquê de eu ter traído você com a Hyera.
- O que? - sinto as lágrimas quentes descendo pelo rosto e aquecendo minhas bochechas. - Você me traiu?
A partir daquele momento eu não escutei mais nada do que ele falava, meu mundo caiu. Ele me traiu. Minhas amigas sempre me alertavam sobre o jeito como ele olhava para outras garotas quando estava comigo, mas sempre pensei que talvez elas estivessem enganadas.
Me desperto de meus pensamentos assim que sinto o tapa em meu rosto. O olho em choque e sinto minhas costas irem de encontro com a parede. Eu já não estava mais com meu casaco, meus braços estavam expostos e meus cabelos estavam soltos.
Coloco a mão em meu rosto sentindo a dor chegar: outro tapa. Me sentia atordoada, completamente perdida. Minha respiração estava totalmente descontrolada, parecia que a qualquer momento eu ficaria sem ar. Sinto o gosto de sangue em minha boca e tinha uma certeza: se eu não lutasse, eu morreria.
Ao sentir suas mãos firmes em meus braços sou novamente despertada. Sinto o forte aperto de seus dedos começarem a doer e uno todas as minhas forças. Dou uma joelhada em suas bolas fazendo com que ele me soltasse e corro até a porta do quarto. O mais velho cai no chão com dor, mas logo já levanta temendo a possibilidade de denuncia. Eu sentia que se por algum motivo eu continuasse ali eu viraria estatística, mais do que eu já havia me tornado.
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Maldita Quarta-feira
AléatoireEm meio a batalhas da vida, questões amorosas e encontros e desencontros, 14 jovens acabam se conhecendo na enfermaria da faculdade, todos tendo em comum um único motivo: acontecimentos desastrosos em uma noite de quarta-feira.