Capítulo 9

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- Bom dia Evinha como...
- Adão está bem - eu respondi Leo com a cara fechada
- Já vi que acordou com o pé esquerdo, sabe o que te falta? Um namorado, tenho certeza de que se você tivesse feito um amor bem gostoso do jeito que eu fiz antes de vir pra cá estaria com bem mais humor
- E eu tenho certeza que o humor da sua esposa tá mil vezes pior que o meu justamente porque teve que dormir com você
Me sentei e peguei o malote de cartas
- Hoje são menos, ontem teve visitas as cartas foram entregues em mãos, mas tem essas daqui que ficaram paradas da semana passada
Ricardo me entregou mais um malote de cartas
- Mas eu pensei que tinha zerado as da semana passada
- Ficaram esquecidas, mas como você viu o Léo tá aqui pra te ajudar
Coloquei o fone de ouvido e fui pro mártir, tantas letras que meus olhos ficavam ardendo, eu não havia dormido bem na noite anterior, tinha tido pesadelos, e dormir era realmente uma prioridade pra mim, mesmo o Léo sendo chato devo admitir que dessa vez ele estava com razão, eu realmente estava com muito mau humor.
Minha leitura foi interrompida por uma gritaria, um dos carcereiros entrou na sala e passou direto para a sala do diretor, com ar de desespero o diretor saiu da sala, a essa altura eu e o Léo estávamos atentos ao que estava acontecendo
- Ele exige falar com o senhor
- E porque trouxeram ele pra cá? Isso não é permitido
- O senhor não tem noção do que ele fez na cela, destruiu tudo, parecia um bicho, nem parecia ele
- Vocês são uns bunda mole, trás ele aqui, anda
O diretor ajeitou o terno, limpou o suor da testa e entrou pra sua sala, lá de fora ainda se ouviam vozes altas, mas aos poucos foram diminuindo, em seguida 3 carcereiros entraram primeiro e em seguida um homem enorme algemado e escoltado por mais 3 carcereiros que perto dele ficavam minúsculos entrou na sala do diretor, mas antes quando passou por mim e por Leo deu uma pequena parada, e olhou nos olhos de Léo, que ficou visivelmente em choque depois seguiu. A porta se fechou, não dava pra ouvir o teor da conversa mas, dava pra perceber que não era algo amigável
Estávamos em silêncio eu Leo, e Ricardo que quebrou o silêncio
- pode ir ao banheiro se limpar Léo, certeza que você se borrou
- Idiota - Ricardo riu e Leo se levantou
- Esse daí é o gigante, ele e o Léo tiveram um desentendimento uma vez, ele não matou o Léo por misericórdia.
Me lembrei o episódio, Léo ficou alguns dias afastado com o nariz quebrado.
- Esse que é o gigante ?
- Da pra perceber não ?
De fato o apelido fazia jus a pessoa. Um homem enorme um tanto acima do peso, mas ao mesmo tempo pareciam músculos, disfarçados, os braços eram cheios de veias imensas, pele clara, cabeça raspada, mas dava pra ver que se caso deixasse crescer o cabelo seria claro e crespo, os olhos eram meio amendoados e as mãos e pés enormes. Ao contrário de quase toda a população carcerária ele tinha apenas uma tatuagem pequena no braço com uma frase que não consegui identificar.
- O que ele quer aqui?
- Parece que a transferência dele pro federal saiu, e ele não quer ir de jeito algum
- E ele tem escolha?
- Pela lógica não, mas pelo medo que ele oferece sim - Ricardo riu -

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