O Incentivador

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Por que ele tinha que ter tantos amigos?!

Bom, talvez eu devesse respeitar o meu próprio tempo e não me forçar a isso... Mas acho que se eu pensar assim vou ficar nesse impasse pelo resto na vida, o que não é de se surpreender, afinal aqui estou eu, sem coragem nem de fazer amigos e por consequência a única isolada em uma festa de fraternidade, pelo menos era o que eu pensava, até ver o esbarrador perfumado se sentar em um banco mais afastado com... Uma lata de 'refri? Quem diria, o Bad boy não toma álcool? É no mínimo surpreendente...

Ele estava sério e quieto de mais para estar realmente curtindo a festa, parecia que iria bocejar a qualquer memento ou dormir ali mesmo, o que acho impossível devido aos todos os sons que nos envolviam, mas não consegui conter um sorriso ao imaginar a cena dele dormindo sentado a acordando com a cara toda rabiscada por alguém daqui a alguns minutos.

Eu ainda estava perdida o observando quando um grupo de garotas se aproximou dele, ninguém mais ninguém menos que Amber Ruttson, a riquinha mimada cujo pai é dono de metade da cidade, o que infelizmente faz ela e suas duas melhores amigas, Scarlet e Olívia, pensarem que podem de tudo e mais um pouco para conseguirem o que querem.

Amber se adiantando em sua investida sentou-se ao lado dele, que não deu muita atenção para ela até a mesma tentar tirar seus óculos. Mesmo longe percebi que ele não gostou nada daquilo, o que a fez se afastar dele como um cachorrinho que levou uma bronca. Não demorou muito para que ele me visse o observando não muito longe de onde estava sentado e se levantasse com sua lata de 'refri sem direcionar uma palavra se quer para a loira que tentava se aproximar novamente de si.

--Prefere ficar me olhando ao invés de ir falar com ele? - diz o esbarrador perfumado ao se aproximar de mim e se encostar na parede ao meu lado, com um meio sorriso no rosto.

--Não é o que você está pensando, eu só - adiantei-me em explicar que não estava o encarando por algum motivo em específico, mas ele me interrompeu.

--"Só não tenho coragem de ir até lá". - diz com uma voz feminina e caricata.

--O que? - esse cara tá de brincadeira comigo, só pode.

--Ir até o cara que você gosta, o tal de Watson, Wellington, Whindersson... Qual era o nome dele mesmo? - perguntou rindo.

--William... - respondo sem olhá-lo, indignada com sua intromissão e entendo que ele ainda estava falando da nossa conversa anterior e não do período que fiquei o olhando.

--Ah sim! - estralou o dedo como se tivesse se lembrado - Como pude esquecer do nosso Will-will? Mas e aí?

--E aí o que? - olhou para ele confusa.

--Vai ficar aqui falando comigo ou vou ter que te chutar para ir falar com ele?

"Mas tu é intrometido em? Só era o que me faltava."

--Mas nem morta! - respondo nervosa só de pensar que teria de ir até lá e interromper os assuntos dele e dos amigos.

--Por quê? Qual é? Tá com medo de levar um fora? O não você já tem, deveria correr atrás do sim. - ele falava como e fosse a coisa mais fácil do planeta.

--Por acaso essa porcaria de óculos te impede de VER?! Ele tá rodeado pelos amigos, rindo e fazendo brincadeiras. Não vou ser eu que vou interromper o assunto deles pra falar uma coisa dessas no meio da festa, afinal eu nem sei o que eu vou falar direito.

--Tem algum outro momento que você acha que conseguiria falar com ele?

--Não...

--Então eu acho que se não for agora não vai ser nunca, seja direta e fala logo que gosta do cara e se ele te der uma chance chama pra sair, ou coisa assim. - ele da uma última golada em sua latinha e a joga com um arremesso certeiro em uma lata de lixo ali perto - E ele e os amigos já tão meio bêbados, se não rolar você vai ser só mais uma garota que passou por ele essa noite, eles nem vão lembrar.

--Hum. - murmuro considerando suas palavras - Você não tá interessado demais nisso? Eu nem te conheço... - olho-o arqueando uma sobrancelha.

--Só simpatizei com você baixinha, não posso?

--Tá com cara de alguém que quer me ver passar vergonha na frente da festa toda, isso sim. Como pode me garantir que esse incentivo todo não é uma pegadinha? - encaro-o, coisa que mal conseguia fazer com as pessoas, principalmente desconhecidos, acho que o óculos impedindo o contato visual direto ajudava um pouco, mas não posso negar, ele me passava certa confiança, atrevo-me a dizer que era até confortável estar ali conversando sobre um assunto que só falava para os animais ou para minha mãe. Talvez fosse isso, aquele cara tinha uma vibe "gato preto", sim, eu acabei de associar uma pessoa a um animal...

--Pega isso de garantia. - disse tirando do pescoço uma corrente de prata com um medalhão em formato de retângulo como pingente.

--Tá falando sério? - esse cara é louco ou o que?

--Sim! - disse colocando a corrente em mim - Vai nessa.

Foi a última coisa que disse antes de me empurrar na direção do grupo de jogadores no canto na festa.

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