A esperança morre no olhar: 5

53 3 82
                                    


Com a noite caindo pela estrada sombria até a fazenda de seus pais, Simone massageava sua têmpora. A jovem estava perturbada com o sonho tão ainda mais real que tivera. Havia adormecido a beira do lago, com aquele maldito livro no colo, e sentira as sensações daquele sonho impregnadas em seu corpo mesmo acordada. Nos seus lábios ainda estavam a maciez dos lábios dele, o calor de seu corpo ainda estava queimando em sua pele, seus olhos presos aos sentimentos fortes nos olhos dele. Suspirou, era um suspiro longo e pesado, queria esquecer aquela loucura e viver sua vida. Ele era uma fantasia, a mais intensa que já tivera, apenas uma porcaria de fantasia que nunca alcançaria.

Estava furiosa consigo mesma por se deixar levar como criança por sonhos tolos. Ele não existia, ao menos não mais, porém ela sim estava viva e merecia aproveitar esse privilégio. Não sabia porque estava com tanta raiva dele, talvez o fato do que ele sente sem sequer a conhecer bem e isso despertar nela ilusões incontroláveis. Prometia seu amor e de servia? Era um amor vivendo apenas no mundo das ideias e essas ideias não eram sua realidade e nunca seriam. Enquanto se distraia em tantos pensamentos turbulentos não percebeu a luz da fazenda escura se acender e rostos familiares celebrarem sua chegada. Estava tudo enfeitado e preparado como lembrete de seu aniversário. Ela o queria em seu dia e isso estragou tudo, não deixaria mais isso acontecer.

-Surpresa! Feliz aniversário, Si! - Elisa correu até ela e a abraçou forte.

- Essa menina sempre tomando a frente de tudo - Ramez resmungou.

- Como se ela não tivesse direito - Rafael sussurrou, provocativo, por cima dos ombros de seu pai.

- Não estrague o aniversário de sua irmã, rapaz! - Advertiu, segurando o braço dele.

- Por ela eu não farei isso! - Puxou seu braço e voltou um sorriso para Simone - Parabéns, minha irmã linda - Rafael a abraçou, girando no ar, e deixando um beijo doce em sua bochecha.

- Que Maria esteja te guardando, meu amor - Fairte logo veio até sua filha, beijando sua testa e a abençoando - Você foi e sempre será meu primeiro grande amor!

- Não sabe o quanto estou feliz de comemorar mais um dia seu, minha menina - Ramez acariciou o rosto dela e beijou seus cabelos, a trazendo em um abraço forte - Te amo tanto. Feliz aniversário aquela bebê linda e doce que peguei nos braços para nunca mais soltar.

- Obrigada a todos! De verdade, eu amo todos... Não precisam ter tanto trabalho - Ela fungou, sorrindo para todos com imensa alegria, toda sua irritação se dissipou ao estar com os que ama.

- Nenhum trabalho! A professora mais inteligente e formosa merecia até mais - Rafael afirmou com um largo sorriso.

- Não sou muito de concordar com o Rafa, mas agora ele foi feliz nas palavras - Elisa brincou - Você merece todas as celebrações, Si!

- Vocês não existem mesmo! - A morena sorriu em meio as lágrimas de emoção e abraçou os dois ao mesmo tempo.

A morena cumprimentou todos os convidados ali, observou os balões com um brilho no olhar, roubou um docinho na mesa com o bolo e agradeceu à um dos garçons por trazer algo para beliscar. Viu Arthur em meio aos outros e caminhou por entre as pessoas para chegar até ele. Adorava sua companhia, sentia falta da amizade deles antes do namoro desastroso. Seu sorriso se desfez rapidamente quando seu pai a puxou para cumprimentar o pai de Arthur, o homem alto e da idade de seu pai sorriu malicioso para ela. Sua pele arrepiou, sentiu a bile na garganta. Ele trouxe sua mão até os lábios e beijou, o brilho pervertido cintilidando nos olhos.

Dever e esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora