Prólogo (Effie Zavala)

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Meu olhar no espelho é cansado, olheiras, olhar caído e marcas avermelhadas por meu pescoço, ao contrário do que pensariam, esses não são vestígios de uma noite agitada, assim como de qualquer outro jovem de dezoito anos e sim da fúria de Aura, mi...

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Meu olhar no espelho é cansado, olheiras, olhar caído e marcas avermelhadas por meu pescoço, ao contrário do que pensariam, esses não são vestígios de uma noite agitada, assim como de qualquer outro jovem de dezoito anos e sim da fúria de Aura, minha madrasta.

Tento me esquecer da sensação de falta de ar quando ela me prendeu na parede na tentativa de me sufocar, ainda não sei o que a fez parar, na realidade não me importo, estou respirando e pronta pra encarar o que vier pela frente, porque os acontecimentos das últimas 48 horas serão responsáveis por decidir meu futuro, pelo olhar que recebi de Edmundo ele fará de tudo pra me tirar do mapa e das garras da mídia, deixar mais uma revelação bombástica vir a tona sobre os Zavala não me parece ser seu plano.

Em certo ponto decidi que precisava de mais, cometer pequenos delitos para clientes do colégio já não fazia o mesmo efeito de antes, meu conhecimento poderia ser usado pra algo maior e quando a proposta chegou até mim não recusei.

Me arrependo? Nunca. Cansei de viver em um teatro eterno. Cheio de mentiras, podridão e abuso. Mesmo que o mundo não soubesse, eu era a filha bastarda de Edmundo, fruto da sua falta de caráter, mas ele precisava manter a imagem da família rica perfeita ao lado de Aura, sua esposa que tanto me odeia.

Eu sabia de todos os seus podres, sempre prestei atenção nos seus passos e tinha acesso a tudo que estava em seu computador com uma simples invasão no servidor usando a técnica backdoor, ajudar La Carta, um grupo de justiceiros contra a Elite — dados pela mídia como criminosos — foi como tirar doce de criança, ninguém os viu entrando nem saindo com todos os dispositivos de segurança desligados, levaram tudo que continha valor do cofre de meu pai e um pequeno presente dado por mim. O pendrive com todo conteúdo do computador de Edmundo Zavala.

A notícia abalou Bogotá e a dois dias é a única coisa que se ouve no jornal, mídias sociais e qualquer meio possível de comunicação. Lavagem de dinheiro, aliciamento para tráfico humano e drogas, grandes nomes envolvidos estão tentando digerir toda informação que está sendo jogada.

A verdade é que eu deixei que me descobrissem, queria que soubessem do que sou capaz, deixei pistas e ele as seguiu chegando até mim, não tenho nada a perder, o dinheiro? Nunca supriu a falta de amor, a rejeição e tantas outras coisas.

Agora estou apenas à espera do meu destino.

(🪷)

Eu não estava em um tribunal e sim no hall da minha casa, mas a sensação era a mesma, Edmundo e Aura me encaravam como se eu tivesse acabado de matar uma pessoa na frente deles, em contradição achava que quem iria acabar sem vida seria eu. Mentalmente já me preparava para ouvir outro monólogo ofensivo, não tinha muito o que esperar, passei a noite interceptando as diversas ligações feitas por meu pai, eu já sabia pra onde iria antes mesmo que um deles falasse, minha bolsa estava pronta.

— Vamos mandar você pra longe. — Inicia minha madrasta, tão fria que não expressava uma reação. — Por mim te enterraríamos viva em algum lugar abandonado até que se sufoca-se mas Edmundo consegue ser misericordioso até em situações como essa. — Ela se aproxima de mim pegando uma das mechas do meu cabelo entre os dedos. — Que dia feliz, não acha?

Tentação Obscura: Um Pacto nas SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora