Capítulo 10

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  Miles

Me sento na cadeira do bar e Apolo faz o mesmo se sentando ao meu lado.

Apólo Lykaios, mas conhecido pela a mídia como o grego sem coração, é meu melhor amigo. A gente se conheceu a 12 anos atrás, quando o meu progenitor fez negócios com o pai dele, e devido a termos a mesma idade na época, acabamos nos aproximando e virando amigos.

Ele é metade americano e metade grego, mas seu lado grego é mais forte e presente na sua vida, já que ele se mudou para morar na Grécia quando tinha 4 anos e só retornou quando completou 18 anos.

Apólo sabe tudo sobre mim, assim como eu sei tudo sobre ele. A gente acabou criando um vínculo muito forte de irmandade e por isso eu o considero como um irmão, porque é isso que ele é para mim. Quando minha falecida esposa morreu, foi ele que me deu todo o suporte para continuar com a vida, e quando eu pensei em desistir de tudo, Apólo me ajudou a se reerguer.

-Pode trazer uísque para nós dois -Ele disse ao garçom que se aproximava da mesa e então o homem foi pegar o nosso pedido.

-Quando será a sua viagem para a Grécia? -Perguntei.

Ele teria que retornar ao país, pois o seu pai estava doente e Apolo era o único herdeiro de sua família, já que era filho único.

-Nem me lembre disso, estou adiando o máximo que posso, mas o meu velho está me pressionando a retornar de vez. - Disse sem ânimo.

-Você sabia que uma hora ou outra ele iria mandar você voltar -Falei.

Apolo voltou sozinho para os EUA, o trato que ele fez com o pai foi que ele voltaria quando tivesse que tomar de conta da sede da Grécia. Ele comanda a sede que fica aqui no país, a maior empresa de minério do mundo, sua empresa é uma das poucas empresas do mundo que trabalham com o ródio, que é o minério mais caro do mundo.

-Eu só não imaginei que fosse agora, tudo bem que ele já está bem debilitado e quer aproveitar o resto da sua vida descansado. Mas o meu primo está lá com ele, e pode lhe ajudar enquanto eu não volto.

-Cuidado para o seu primo não tomar o seu lugar - Falei e ele automaticamente fecha a cara.

Apolo e o seu primo, que era 2 anos mais velho do que ele, não se davam muito bem. Isso porque o primo dele, apesar de nunca ter feito nada contra Apolo, sempre demonstrou que morria de ciúmes do meu amigo.

-Ele não é nem doido. Agora vamos mudar de assunto, me conte como está sendo com a sua nova secretária. -Ele tinha que tocar nesse assunto.

Aquela mulher tem cara de anjo, mas de anjo ela não tem nada. Se eu fosse ligar para todas as vezes que a vi me xingando baixinho, ou então fazendo careta para mim, eu já a teria demitido. Mas até que eu me divirto com o seu jeito maluco.

Ela pensa que eu não a escutei me chamando de grosso, se ela soubesse onde é que eu sou grosso...

-Estou tendo que lidar com uma mulher bastante tinhosa - Ele me olhou com os olhos estreitos.

-Pelo o que eu vejo a novinha vai lhe dar trabalho, afinal você finalmente achou alguém que não abaixa a cabeça para você - Falou.

Eu já havia contado para ele que a minha nova secretária tem 19 anos. Apolo riu no começo e disse que eu tomasse cuidado para a menina não se apaixonar por mim ou então eu machucar o  coração da pobre garota por causa do meu temperamento. O problema é que ele não tem noção do quão afrontosa aquela menina pode ser, eu vejo bem o jeito que ela me olha com sangue nos olhos.

-Você também não abaixa a cabeça para mim -Constatei.

-Exclui eu e a sua família dessa frase. -O garçom chegou com as nossas bebidas.

-Obrigada -Agradeci ao homem e acenando ele saiu-Enfim, não estamos aqui para falar de problemas e nem de trabalho, na verdade, a nossa intenção de vir aqui hoje era justamente o oposto.

-Desde quando a gente chegou que aquelas mulheres não param de olhar para a gente -Apontou para atrás de mim.

Virei em direção para onde ele apontava com a cabeça e avistei duas mulheres sentadas em uma mesa distante, ambas eram muito bonitas e assim que receberam a nossa atenção levantaram a taça. Eu e Apolo fizemos o mesmo as cumprimentando.

-É meu amigo, a noite vai ser longa. - Falei para a Apolo.

Como dois predadores que éramos, nos levantamos e fomos em direção a mesa delas.

Só depois de três anos da partida da Aurora foi que eu me permiti suprir os meus desejos carnais, eu gostava de me envolver com mulheres da minha idade e que estavam sempre atrás da mesma coisa que eu, sexo. Nenhuma delas foi levada adiante e nunca será, porque eu não quero e também nenhuma passa de desejo carnal. Eu também passava muito tempo trabalhando, e eram raras as vezes que eu me permitia sair para me divertir, normalmente só quando eu saía com o Apolo de noite.

Eu sabia que muitas me desejavam, apesar da perda que ainda carrego comigo, eu continuei a me cuidar, fiz dos exercícios a minha válvula de escape para poder extravasar toda a minha raiva e ódio.

Eu sabia muito bem do que a mídia falava de mim, o homem recluso que fechou o seu coração, ou então, o "Ceo de gelo" devido a minha frieza. E sinceramente, eu não me importava com nada do que eles falavam, por tanto que eles não mexessem com os meus negócios, eu iria continuar ignorando suas afirmações.

Eu irei terminar a minha noite com uma dessas mulheres em um quarto de hotel, iria lhe dar prazer e me saciar, mas ainda hoje eu iria me despedir dela e nunca mais lhe ver. Porque assim funcionavam as coisas comigo, e eu não iria mudar isso tão cedo.

Quando você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora