Capítulo 22

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  Miles

Enquanto eu me arrumo, meus pensamentos ainda estão vagando pelo o que a Harper me falou hoje mais cedo. Sem dúvidas eu teria demitido qualquer outra pessoa que tivesse falado daquela forma comigo, ainda mais se a pessoa tivesse citado minha falecida esposa como a minha secretária citou.

Mas eu não fiz isso, era como se a cada palavra que ela colocasse para fora eu tomasse um tapa diferente. Preciso admitir que estou sendo muito cruel esses últimos dias com ela, a garota é cheia de responsabilidade mesmo sendo tão nova e eu ainda tive a coragem de dizer que ela estava na moleza.

Harper é tão boa quanto Amanda, se não for melhor. Ela sempre me entrega tudo o que eu peço adiantado e até agora eu não tive nenhum problema que envolvesse ela, pelo contrário, a garota conquistou todos da minha empresa, até os próprios acionistas a elogiam, ainda mais depois das ideias que ela passou a dar quando alguns dos meus funcionários na parte da arquitetura pedia.

Eu sabia que eles estavam fazendo isso apenas para poder ajudar ela no conhecimento profissional, até porque todos os meus funcionários eram qualificados.

Eu ainda me lembro do que ela falou e aquilo foi o tapa mais forte que eu recebi em todo o seu desabafo:

"—Você tem que deixar de tratar as pessoas com ignorância, ninguém tem culpa se você odeia a vida ou seja lá o que. Você odeia a vida? Você não precisa acordar todos os dias 5 horas da manhã e depois enfrentar um metrô lotado onde as pessoas pisam nos seus pés e só faltam te carregar junto com elas, chegar no seu trabalho e ter o mal humor do seu chefe, mesmo você durante 1 mês tentando dar o seu melhor para ele, e ainda tem mais, você não precisa ter que dormir de noite imaginando como vai pagar as suas contas, como vai pagar a faculdade que nesse país custa quase um rim, você não precisa abdicar muito coisas por falta de dinheiro."

Eu nunca havia perguntado a ela como ela fazia para chegar sempre cedo na empresa mesmo morando do outro lado da cidade. Eu fui cruel, eu fui injusto e isso está me matando por dentro.

Eu não sei porque, mas tudo com aquela garota é intenso demais, eu tento lutar contra, mas a verdade é que todas as vezes que eu faço isso eu só me empurro mais para a Harper.

Eu quero ela, eu desejo ela e se ela estiver disposta eu vou lutar para ter ela em meus braços, quero aquela marrentinha e linguaruda comigo, eu não irei lhe prometer um relacionamento por que isso eu não quero com mais ninguém, mas eu irei lhe prometer muitas noites de prazer até ambos saciamos esse desejo, porque eu sei que ela também me deseja.

Mas antes de tudo isso eu preciso lhe pedir perdão, e já dei o primeiro passo. Eu quitei todas as suas mensalidades com a universidade, Harper vai poder terminar a faculdade sem se preocupar se vai ter dinheiro para pagar ou não. Eu não precisei desembolsar muito, visto que ela tinha uma bolsa de 70%. O valor nem fez cosquinha no meu bolso.

Eu não sei como vou contar isso para ela, marrenta do jeito que é, é capaz de recusar e mandar a universidade me devolver o dinheiro.

Termino de colocar o meu Rolex quando uma mensagem do Apólo chega no meu celular. Ele avisou que já estava chegando na balada.

Pego a chave do carro, coloco a carteira no bolso e saiu do quarto.

A gente vai para a balada do meu irmão. Eu disse ao meu amigo que eu seria uma péssima companhia hoje, visto que os meus pensamentos estão confusos. Mas ele soube ser insistente e disse que eu estava devendo uma a ele, então não tive alternativa a não ser dizer que sim.

Não vejo a hora de chegar segunda e eu poder ver e conversar com o meu anjo loiro.

Estaciono o carro em uma das vagas que o Liam deixa reservada para a família.

—Boa noite, senhor Milles — Me cumprimenta o segurança.

—Boa noite — Falo.

Todos aqui já me conhecem, não apenas como um empresário, mas como o irmão do dono. Eu já disse que me orgulho do homem que o Liam se tornou? Acho que sim, mas é que ele passou por tanta coisa sozinho e eu me sinto um merda por ser o seu irmão mais velho e nunca ter percebido as merdas que aconteciam com o meu irmão. Na época em que ele decidiu sair de casa e fazer um intercâmbio, eu pensei que era porque ele queria se rebelar contra o nosso progenitor, mas não era a verdade.

Entro na área VIP e vejo Apólo sentado com um copo de Uísque na mão.

—Você demorou — É a primeira coisa que ele diz —Pensei que a princesinha não iria vir mais.

—Não é como se eu não tivesse nada para fazer —Falei me sentando ao seu lado.

Chamei o garçom que estava passando e pedi para ele trazer um copo de uísque para mim também. Se fosse para passar a noite aqui então que fosse com uma boa bebida.

—Você não sabe quem está aqui — Disse chamando a minha atenção.

—Quem? —Perguntei.

—O filho do seu mais novo contratante — Olhei para onde ele estava apontando e avistei o moleque junto com mais alguns garotos.

Se esse garoto soubesse a raiva que eu ando sentindo dele ultimamente, ele manteria pelo menos uns 10 metrôs de distância de mim. Mas o que me chamou a atenção mesmo foi o fato de que se eu não me engano era hoje que ele tinha um encontro com Harper, e se ele está aqui...significa que ela não compareceu ou então que eles desmarcaram.

Bom...muito bom isso.

—Tá com esse sorrisinho de lado porque? —Perguntou meu amigo assim que eu virei para ele.

Fechei a cara e o respondi:

—Por nada. Agora para de pensar em mim e vamos falar sobre o fato de o seu pai ter criado uma lista de pretendentes para você — Ele fez uma careta e passou as mãos pelos cabelos.

—Aquele velho ainda vai me deixar doido. Porra, eu não quero casar com alguma boneca que o meu pai colocou naquela maldita lista, na verdade, eu não quero me casar.

—E porque não? —Pergunto só para provocar ele.

—Você ainda pergunta? Eu recebi fichas de cada uma, todas seguem o mesmo padrão, foram boas alunas, criadas para serem a esposa perfeita, nenhuma trabalha, tocam algum tipo de instrumento e gostam de ler, ou seja, todas vão ser intediantes. Eu não vou de forma alguma me permitir viver uma vida pacata, sem contar que o meu foco agora não é me prender a um casamento, até porque eu não nasci para uma mulher só.

—Eu conheço homens que já falaram isso e hoje estão casados e com filhos.

—Se você quer tanto que eu me case, porque não escolhe uma das minhas pretendentes para você pedir em casamento.

—Deus me livre —Falei rápido demais e ele riu.

A gente continuou conversando até que os olhos de Apólo ficaram fixos em algo que estava atrás de mim.

Assim que eu olhei para trás encontrei Harper conversando com o filho de Demétrio. Ela estava linda usando um vestido vermelho que combinou com os cabelos loiros. A minha menina estava vestida para acabar com a sanidade de qualquer homem.

Então o maldito encontro vai ser aqui?

—Quem é aquela ruiva do lado dela? —Perguntou Apólo com um certo interesse.

Eu sabia que ele estava se referindo a Harper.

—É amiga dela. —Respondi sem tirar os olhos do meu anjo.

Ela não consegue ver a gente aqui porque estamos em um lugar um pouco mais distante e aqui a luz é mais fraca.

O garoto fala algo no ouvido dela e lhe arranca um sorriso. Sinto como se tivesse recebido uma facada no peito, era para ela estar sorrindo para mim e não para ele, não para esse filho da puta.

Quando você chegouOnde histórias criam vida. Descubra agora