Capítulo 31

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Miles

Chego em casa e jogo as chaves em cima da mesa, logo em seguida vou em direção ao meu quarto.

Que merda eu tinha na cabeça para dizer aquilo?

"Eu gostava, até você chegar e me fazer detestar a calmaria. Para mim agora ela me parece solidão, e eu não gosto mais disso."

Miles...você tinha que complicar as coisas, tinha que ser um emocionado do caralho. Aquele anjo com corpo de demônio tinha que ter a porra da buceta tão gostosa a ponto de me fazer não raciocinar direito.

Eu gostei tanto que eu quero repetir a dose, e o pior, eu me torno um homem possessivo quando se trata dela, me sinto a porra de um homem das cavernas.

Quando foi que a gente passou de chefe para amantes?

Se bem que eu nem preciso pensar muito para poder responder essa pergunta. Harper chamou a minha atenção desde o momento em que eu pus os meus olhos nela, mas foi quando ela me confrontou e me tratou de igual para igual que eu deixei de raciocinar direito e uma única palavra sondava na minha cabeça.

MINHA, ela era minha.

Só que eu tenho medo de machucá-la quando tudo isso acabar, quando o meu desejo por ela for embora, porque infelizmente eu não sou um homem para namorar, casar ou algo do tipo.

Depois da minha última experiência com isso, a única coisa que sempre terá a minha total atenção é o meu trabalho.

E eu não sou mais um adolescente, e o cargo que eu ocupo hoje me ensinou a decifrar olhares, e no momento em que eu estava com a Harper, por algum motivo eu vi no olhar dela um sentimento que eu não quero que ela desenvolva por mim.

Paixão

Harper estava se apaixonando por mim, mas ao mesmo tempo que um lado meu queria fugir daquilo e dizer para ela que o nosso envolvimento foi um erro, o que seria uma mentira. O outro quer experimentar isso novamente e apenas deixar fluir.

É por causa dessa puta confusão que eu estou aqui sentado na varanda do meu quarto com a caixa que tem pertences da Aurora na mão. Eu só abro essa caixa uma vez por ano, é sempre no aniversário dela. Todos os anos eu me permito abrir essa caixa e olhar para a mulher que um dia eu amei e que a vida tirou de mim.

Abro a caixa e retiro de lá uma foto nossa onde estávamos em uma viagem que fizemos para Cancún. Ambos estávamos felizes porque comemoramos 1 ano de casados.

Aurora tinha os cabelos cacheados em um tom quase laranja, mas ela adorava alisar eles, de acordo com ela manter os cachinhos dava muito trabalho. Os olhos eram pretos como uma noite sem estrelas, a boca carnuda. Ela era a mulher mais linda da minha universidade.

Peguei o álbum de fotos e comecei a olhar uma por uma.

No começo era muito difícil olhar essas fotos, porque todas me davam um gatilho, mas pela a primeira vez eu consigo olhar e sentir uma paz, como se o meu coração e a minha mente finalmente estivesse deixando aos poucos Aurora descansar em paz. Porque a verdade é que a cada oportunidade que eu tinha eu estava sempre trazendo Aurora nos meus pensamentos.

Mas olhando para trás, eu percebo que a algum tempo meus pensamentos estão sendo dominados por outra mulher, que os meus pesadelos se tornaram sonhos e em todos eles quem sempre ela não está presente, mas sim Harper. A garota que é 13 anos mais nova do que eu, mas que desde que entrou na minha vida virou tudo do avesso.

Guardo as fotos dentro da caixa e coloco ela no lugar.

Meu celular começa a tocar e assim que eu retiro ele do bolso vejo ser Apólo.

—Cara, sua noite deve ter sido muito boa para você ter me deixado sozinho. Não me diga que tentou esquecer a novinha ficando com outra mulher — Ele dar um pausa —Se bem que depois que você subiu eu também não vi mais ela, a não ser no momento em que a vi dizendo algo para as amigas e depois sumiu...não me diga que você finalmente tomou vergonha na cara e pegou a novinha? —Disse ligando os pontos.

Fui até a cozinha e enchi um copo de água para mim.

—Foi isso mesmo. —Afirmei a sua suspeita.

—Finalmente, Miles. Eu já não aguentava mais o seu mal humor. —Revirei os olhos.

—Não seja hipócrita, Apolo, seu humor também não é o dos melhores — Digo e então decido mudar de assunto — Mas falando sério, Cara. Eu me sinto estranho, é como se Harper fosse diferente das outras mulher com quem eu me relacionei depois da morte da...você sabe —Levo as mãos até os cabelos e puxo os fios frustado — Eu só me sinto diferente.

—Você sabe que eu sempre te apoiei a seguir em frente né, Miles? Infelizmente, apesar da vida muitas vezes levar quem a gente ama, a vida continua. Irmão, nós vamos sempre honrar a memória da Aurora, mas já chegou a hora de você deixar ela ir em paz e seguir com a sua vida. —Sinto uma lágrima cair no meu rosto.

Por mais que eu tente ser forte, muitas vezes é difícil deixar quem a gente ama ir.

—Eu não sei se eu consigo, já faz 7 anos que ela morreu, mas eu não sei se consigo voltar a amar novamente, se sou capaz de querer passar por tudo aquilo de novo, e se eu me apaixonar por Harper e ela me deixar? E se ela adoecer como aconteceu com Aurora? E se não aceitarem a nossa relação por causa da diferença de idade?

—Miles, só para, para com esses "E se". Você vai mesmo viver a vida se perguntando "E se" e deixar de viver? Fala sério, cara, você já está apaixonado pela garota, e vai perdê-la se continuar vivamente em meios aos seus questionamentos.

Apólo tinha razão, apesar de eu ter prometido para mim mesmo que nunca mais iria sentir por alguém o que eu sentia por Aurora, o que eu não imaginava é que o que eu sinto por Harper é bem mais forte, é bem mais poderoso. Só não sei se isso pode ser chamado de paixão.

Talvez se eu soubesse antes o poder que ela teria sobre mim, teria dado um jeito de fugir desse sentimento e nunca a teria contratado, mas agora já é tarde demais, eu não posso voltar atrás e nem sei se eu quero.

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