Um Admirável Mundo Novo

21

Eles voltaram para Hogwarts em silêncio, Harry muito grato por estar de volta em sua própria casa, longe da tensão e da raiva. Severus estava quieto, embora sua raiva anterior parecesse ter desaparecido, substituída agora por uma aparente tristeza resignada. Ele ainda segurava a carta e Harry se perguntou o que ela poderia conter. Ao tirar a capa, Severus serviu-se de uma bebida e sentou-se no sofá.

"Eu, hum... vou deixar você ler sua carta", disse Harry, indo para seu escritório.

"Não, Harry, fique, quero que você saiba o que há nela", disse Severus, e Harry sentou-se ao lado de Severus no sofá. Severus quebrou lentamente o selo e desdobrou o papel, lendo em voz alta as palavras nele.

" Meu querido Severo,

Os tempos estão ficando cada vez mais perigosos e temo que em breve meu tempo nesta terra chegue ao fim. Sinto uma necessidade repentina de colocar todos os meus assuntos em ordem, o que, claro, inclui resolver as coisas de uma vez por todas com você.

Sempre lamentarei a maneira como as coisas foram deixadas entre nós e pensei muitas vezes em você ao longo dos anos e desejei que as coisas entre nós pudessem ser como antes. No entanto, se você está lendo isso, é claro que isso nunca acontecerá. Lamento que não tenhamos conseguido nos reconciliar antes do fim.

Minhas circunstâncias atuais mudaram muito desde a última vez que conversamos. Agora me encontro... desejando ter tido sua coragem tantos anos atrás; Eu gostaria de ter sido tão corajoso quanto você ao enfrentar meu pai. Talvez então..." Severus parou.

"O quê? O que diz?" perguntou Harry gentilmente. Severus respirou fundo e continuou,

" Talvez então eu não tivesse continuado por um caminho que sabia em meu coração que não era o meu. Não tive coragem suficiente para me separar daqueles que desprezo e agora temo morrer por uma causa que não é a minha. Devo lhe dizer isso, Severus, não desejo ir para o túmulo com tanto peso em minha consciência. Talvez, ao lhe contar, eu possa encontrar alguma absolvição, alguma redenção para minha alma. O sangue é mais espesso que a água, Severus, e o laço entre nós nunca pode ser quebrado. Você sempre será meu irmão e eu deveria ter sido melhor para você.

Espero que o pequeno presente que estou prestes a dar repare alguns dos danos do passado. Quero que você fique com a propriedade do tio. Ele me legou quando morreu e agora eu passo para você. A escritura pertence ao Sr. Fortesque e você descobrirá que é totalmente legal e honesto. Por favor, aceite, Severus, como reparação pelo passado e como aceitação de minhas desculpas. Gostaria que as coisas pudessem ter sido diferentes, meu querido irmão, mas nem sempre somos donos do nosso próprio destino, por mais que desejemos ser. Tente pensar bem de mim de vez em quando,

Marcus Snape

Severus abaixou lentamente a carta, embora continuasse olhando para a escrita rabiscada. A caligrafia de Marcus sempre foi terrível e não mudava há quase vinte anos. Ele ficou surpreso e não tinha certeza se realmente havia aceitado a carta. Marcus queria fazer as pazes, reparar seu relacionamento com ele... e nunca teve a oportunidade de fazer isso. Ele sabia que iria morrer, caso contrário, por que teria escrito tal carta? Ele sentiu uma mão pousar em seu ombro e virou a cabeça para ver Harry olhando para ele com um olhar de gentil preocupação.

"Eu não esperava isso", ele disse calmamente ao menino. "Eu nunca soube que ele queria... Por que ele não fez algo antes?"

"Talvez ele estivesse com medo de qual seria sua resposta", disse Harry calmamente. "Talvez tenha sido mais fácil para ele fazer isso dessa maneira. O importante é que ele fez isso, realmente não importa como."

Severus acenou com a cabeça lentamente e disse, "Suponho que seja verdade. Eu só... eu gostaria que as coisas pudessem ter sido diferentes. Se eu soubesse que era assim que ele se sentia, talvez pudesse ter feito algo."