Segredos

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Lily's pov

_Qual é a sua pior lembrança?_ a voz do Outro Lado ecoou na minha cabeça, com a pergunta pronta para mim.

No mesmo instante, veio na minha mente a imagem de uma garotinha, com pouco mais de um ano. Os seus cabelos eram de um tom negro brilhante, e os seus olhos brilhavam como folhas de árvores num dia de verão.

Era uma memória muito antiga e confusa. Nada fazia sentido sobre aquele evento. Como que uma garotinha tão indefesa foi capaz de resistir ao efeito de uma criatura tão sombria?

Eu, um ser frágil e sem sequer capacidade para perceber o que estava acontecendo, tinha apenas a vaga memória de tudo passar em câmera lenta. No entanto, a minha mãe envelheceu mais 11 anos que eu, e tudo o que eu conseguia lembrar eram imagens fora de ordem.

Um instinto no meu interior me ordenava a esquecer essa memória, que eu não deveria saber. Esse instinto insistia em dizer que era apenas uma criação da minha imaginação frágil. Uma memória criada para preencher a enorme lacuna que o trauma havia deixado na minha mente.

Mas eu sabia que era somente uma desculpa. Como se aquela pequena voz dentro de mim me desse aquele mesmo aviso, o aviso que a Lilian não se esforçou por escutar. Saber tudo é perder tudo.

Mas... porquê? O que havia de tão especial em mim para até o meu subconsciente me proteger?

_Eu me lembro... do meu pai. De o ver correndo extremamente devagar. Ele estava suado, ofegante... Eu e a minha mãe estávamos presas nas mãos do Deus da Morte. O tempo parecia passar de forma absurdamente lenta e tudo o que podíamos fazer era deixar que a idade passasse pela gente. Lembro... do medo nos seus olhos. Olhos que agora não passam de uma imagem desfocada e distante..._

Estranho... De repente, eu estava totalmente disposta a ser sincera com aquela voz do Outro Lado. Como se pudesse confiar nela...

A voz sumiu, e aquela sensação de tudo fazer sentido se dissipou, me deixando apenas com um arrepio que percorreu a minha coluna.

Ritual de Velocidade Mortal. Distorce a passagem do tempo para aquele que usa, tornando o alvo do ritual inacreditavelmente veloz.

Pude novamente abrir os olhos, dando de cara com a janela coberta de sangue na minha frente.

_Conseguiu?_ a voz do Arthur surgiu ao meu lado. Os seus olhos brilhavam de curiosidade.

Assenti, com um sorriso fraco.

_Então, qual foi o ritual?_

_Velocidade Mortal. Aparentemente fico igual ao Flash_ brinquei levemente e o Arthur sorriu.

_Legal! Se encontrarmos os ocultistas de novo, eles não têm chance!_

Ocultistas... Senti um nó na garganta, formado pela raiva. Gal... Se os nossos caminhos se cruzarem novamente, esse ritual vai ser muito útil quando eu atravessar a minha lâmina pelo seu pescoço.

Respirei fundo e olhei para as minhas mãos, onde se encontrava o papel que havia encontrado no orfanato com o símbolo do meu ritual. Guardei no bolso e me virei para o Arthur, saindo por completo do Símbolo de Transcender.

_Vamos?_

[...]

Quando abrimos a fechadura preta, percebemos que faltava uma chave vermelha, o que causou um xingamento em japonês vindo do Joui.

_Olha a língua!_ repreendi, e vi o ginasta me encarar com um semblante aborrecido. Dei um pequeno sorriso, balançando a cabeça.

No entanto, quando o Joui desviou o olhar, percebi que ele estava... tenso. Ele parecia agitado, e demonstrava uma necessidade de avançar rapidamente na missão.

Ordem Paranormal Desconjuração//Universo AlternativoOnde histórias criam vida. Descubra agora