Os anos parecem ter sidos muito generosos com meu "pseudo" primo. Seu corpo já não era o de um adolescente magrelo como da última vez que nos vimos, em vez disso os músculos se tornavam evidentes através do tecido de sua camisa, cujas mangas pareciam esmagar seus braços, que agora tinham o dobro do tamanho. Seus trapézios eram altos e muito evidentes. Seu rosto estava mais másculo e definido, e seus olhos continuavam tão negros quanto me lembrava, assim como seus cabelos que caiam levemente bagunçados na frente deles, porém o tom sarcástico mostrava o quão idiota ele ainda era.- Yongbok. Me surpreende que você ainda saiba o caminho pra cá. - ele diz e não posso deixar de retesar a face em desgosto.
- É bom te rever também, "Binnie". - digo com o máximo de desdém que consigo, pois assim como ele sabe que eu detesto ser chamado pelo meu nome coreano, eu também me recordo que ele odeia que eu o chame assim.
A cada instante que passava olhando pra ele voltavam as minhas memórias de infância e a lembrança do quanto ele me atormentava naquela época.
O fato é que apesar de eu ter um crush (platônico) nele quando mais jovem nós nunca nos demos bem.
De repente ao olhar pro lado reparo que estacionada, não muito distante dali, estava a caminhonete vermelha que passára por mim na estrada.- Essa caminhonete é de vocês? - pergunto a minha tia.
- É sim. Seu primo acabou de chegar. O advogado avisou que voce viria então mandei ele ir até a cidade, pra ver se te encontrava, por pouco vocês não se cruzam na estrada!
- É... por pouco. - respondo a mais velha, porém encarando meu primo que sorri contido.
O sacana sabia muito bem o que tinha feito.- Pra que tanta mala? Você não vai durar muito aqui não. - ele diz provocativo.
- Por acaso agora além de criar gado você também adivinha o futuro?!
- Crianças, já chega!
Vem meu querido, vamos ajeitar suas coisas. - minha tia intervém.- No seu lugar eu nem perderia tempo mãe, não dou três dias pra esse daí tá voltando pra Seul!
- "Esse daí"?! Eu tenho nome tá?!
- Eu sei, é Yongbok!
- É Félix! Lee Félix!
E pra sua informação eu não pretendo voltar pra Seul pelos os próximos 30 dias! - falo convencido.- Isso é o que nós vamos ver. - ele responde igual.
- Sim, vamos ver! - respondo altivo seguindo em direção a casa mas não me atento ao lugar onde piso e então sou surpreendido de forma desagradável por um "recadinho" de vaca. Esbravejo de raiva e é lógico que Changbin não perde a chance de rir da minha cara, aquela risada frenética, sonoramente recortada e esquisita dele, incrível como isso não mudou nada!
- Cuidado onde pisa. - ele dizia as gargalhadas enquanto dava as costas para entrar na casa, em contrapartida eu faltei pouco chorar ao ver o estrago feito na minha bota.
...
Ao atravessar a porta da frente, já descalço, sinto como se viajasse no tempo. Quase tudo era exatamente como eu me lembrava!
A cristaleira da vovó próximo a entrada, repleta de porcelanas que ela só usava em ocasiões especiais.O cheiro de madeira do assoalho e dos móveis, e a poltrona do vovô, no canto da sala, próximo a janela, porque ele gostava de ler com luz natural.
Uma das poucas coisas que destoava era a TV de LED sobre a estante antiga cheia de porta retratos, porque a vovó gostava de ter fotos de todos da família espalhadas pela sala.
- Nossa tia, está quase tudo igual não é? - pergunto ainda analisando cada centímetro do lugar.
- Ah, o seu avô não gostava de mudar nada, queria manter a decoração do jeitinho que sua avó fazia. - ele fala nostálgica. - Eu só troquei algumas fotos com o passar dos anos, e fiz questão de uma TV nova pra ver minhas novelas! - riu, e eu também, mas logo seu sorriso se esvaiu. - Agora que ele se foi, de repente perdi a vontade de mexer em qualquer coisa que seja. - assenti.
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Topline | Changlix (Colab)
Fiksi PenggemarFélix sonha com uma carreira de sucesso como modelo enquanto luta para sobreviver em Seul, Changbin é um rapaz pacato, que vive tranquilo, cuidando da fazenda da família no interior. Um evento trágico une seus caminhos trazendo novas experiências e...