A proposta ᶜᵃᵖ ⁴

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Eu desacreditei

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Eu desacreditei. Acho que estava recebendo a maior proposta da minha vida e não sabia o que dizer. Eu deveria ter previsto... mas aí não teria emoção.

- Sim. Minha fiel vidente, ou em outras palavras, uma consultora de confiança. - Ele suspirou profundamente. - Marisa, - ele parecia estar suplicando voltando a debruçar os cotovelos sobre a mesa e entrelaçando os dedos. - Preciso de alguém como você na minha vida. - Ele piscou longo com tristeza. - Eu sinto que posso confiar em você, e isso nunca acontece. São tão poucas pessoas...

Ele abaixou a cabeça.

Mais uma vez uma onda de pena preencheu meu peito. Ele não tinha ninguém, eu sentia isso, mas também sentia que isso poderia ser um caminho tortuoso com diversos percalços.

- Eu aceito.- Agi por impulso, mas algo me dizia que eu precisava ajudá-lo, segui minha intuição.

Ele levantou a cabeça com um sorriso modesto e eu senti como se tivesse dado esperança para um inocente garotinho.

- Jura? Não acha bizarro? É que eu acho que é meio estranho.

- Faz sentido dado ao que estou vendo nas cartas, à sua família e ao que você me contou. Eu sinto que posso confiar em você também, mesmo com medo.

- Eu juro que jamais farei mal a você...

- Não é de você que tenho medo.

Eu não sabia o nome da sua noiva mas já me causava aflição pensar. Não sei como ele esconderia esse tipo de relação ou "trabalho" em que eu e ele teríamos.

- Ela não é louca. - Disse ele baixo entre dentes com um sútil raiva que me intrigou. - Eu não vou mais tomar seu tempo.

- Não quer saber mais?

- Você esqueceu do nosso acordo? Você será minha contratada. Talvez falte um pouco de formalidade, - refletiu olhando para um canto no chão - farei um contrato, podemos negociar...

Talvez ele não estivesse planejado essa conversa mas a ideia parecia que sim.

- Espere. - Pedi a ele, levantando minhas mãos. - Não pense nisso agora.

- Me passa o número da sua conta. - Ele pareceu ficar nervoso e ansioso.

- Calma, Pablo.

- Eu estou com pouco tempo. - Disse ele olhando para o relógio de pulso e pegando o celular do bolso.

- Certo, te passarei.

Me levantei novamente com pressa, fui até minha bolsa que estava na mesa ao lado do bebedouro - sentindo novamente timidez pelo jeito que eu estava vestida - peguei meu celular e voltei para mesa.

- Seu vestido é muito bonito. - Elogiou ele com um tom tímido na voz.

- Ah. - Senti meu rosto queimar. Penso que não é uma boa ideia vê-lo novamente vestida assim, ou eu ia acabar me irritando com tantos elogios ou simplesmente os banalizando. - Obrigada. - E me sentei.

Mostrei o celular para ele com minha conta e o observei fazendo a transmissão. Eu sinceramente não sabia como cobrar ou o que dizer. Meu preço era fixo e uma hora e meia poderia durar a sessão.

- Me diga seu número para contato.

Eu disse a ele, e logo peguei meu celular verificando a quantia que ele havia depositado : eu fiquei em choque. Não fazia sentido e eu me senti até mal, talvez fosse a quantia de um ano de trabalho ou dois.

- Porque esse valor exorbitante!?

- Você vale um preço que jamais poderei pagar, você sabe disso, não é? Salvou a vida do meu tio.

- Não salvei, foram apenas os exames preventivos que o salvaram.

- Foi a sua dedicação. Seu dom, e isso vale algo.

Vale algo, mas não era com dinheiro. O que eu pedia em troca ao universo era proteção, apenas proteção da minha vida e de todos que eu amava e o máximo de pessoas à minha volta.

- Sim. Muito obrigada. - Agradeci de cabeça baixa olhando para a tela do meu celular me sentindo confusa.

Eu vi ele se levantando e eu o acompanhei.

- Bom... - Disse ele colocando a mão nos bolso tirando o óculos e guardando o celular. - Eu posso te pedir uma coisa, mas por favor, se você se sentir desconfortável eu nunca mais apareço, não tem problema. - E colocou o óculos.

- Diga.

- Eu gostaria de um abraço.

Eu entendi e aceitei.

Eu me dirigi para a porta e ele também. O olhei com uma certa timidez, dada a nossa diferença de altura, mas tomei iniciativa de dar um abraço nele que foi retribuído com carinho. Parecia muito fraternal mas a parte do perfume me pegou. Sua cautela em deixar as mãos sobre o ponto mais alto das minhas costas foi algo que me conquistou junto à distância do nosso corpo, foi um abraço formal. Achei sensato e muito gentil.

O larguei acanhada sem olhar seu rosto, afinal ele já estava novamente com óculos e isso me desconcertava. Abri a porta e ele saiu primeiro e eu logo após. No corredor o barulho do meu salto fazia eu me sentir patética diante da grandeza de quem eu tinha atendido.

Eu não sabia exatamente o que ele fazia, mas com certeza ele era importante.

Na frente da porta ele parou e se virou. Rita estava no balcão com os olhos um pouco arregalados, provavelmente curiosa.

- Bom dia, Marisa. - E olhou para a minha funcionária . - Bom dia para as duas. Desejo boas vendas e - voltou a olhar pra mim estendendo a mão em cumprimento - uma excelente semana de trabalho.

Eu o cumprimentei e ele se foi, saindo tranquilamente pela porta comigo o seguindo pelo olhar.

Sentia que aquele homem tinha relação ao sentimento esperançoso que eu estava sentindo de manhã. Algo iria mudar na minha vida, nos meus caminhos e destino, e eu só podia esperar ele aparecer novamente guardando o seu retorno ou ligação ansiosa - isso com certeza aconteceria.

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A vidente do chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora