A confiança ᶜᵃᵖ ²

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- Desculpa, moço

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- Desculpa, moço. - Disse eu umedecendo meus lábios. Eu mal podia saber para onde ele estava olhando e me sentia desconfortável com isso. - Mas não posso atendê-lo sem saber exatamente com quem estou falando. - Dessa vez eu me debrucei na mesa sem medo de expor meus ombros e olhar preocupado. - Eu preciso ver seus olhos também. - E mostrei as palmas das minhas mãos para ele. - A janela da sua alma precisa estar inteiramente aberta a mim.

Ele abriu levemente a boca, acho que ele iria falar algo ou até demonstrar aborrecimento, mas não, ele sorriu discretamente.

Aos poucos seu sorriso se transformou num riso grave e gostoso, levemente sarcástico balançando a cabeça em negativa olhando para baixo mas pude ver suas sobrancelhas arqueadas.

- Bem que me disseram que você era boa. - Disse ele dando uma pequena mordida nos lábios.

Aos poucos suas mãos foram chegando próxima do rosto, ele tirou os óculos com tranquilidade.

Um homem loiro de aproximadamente 30 anos se revelou na minha frente, parecia que agora eu o via por completo. Barba serrada , olhos castanhos esverdeados claros com um contorno escuro, pupilas dilatadas, sorriso modesto mas firme, uma expressão de superioridade, mas ainda assim, eu sentia humildade vinda dele.

Aos poucos ele soltou os ombros, escorou as costas na cadeira pegando o falso contrato e rasgou-o com elegância deixando alinhadamente os pedaços ao lado, sobre a mesa.

- Obrigada.

- Eu sou Pablo. Pablo Romero. Preciso da sua ajuda, Marisa.

E novamente eu senti um arrepio.

- Agradeço a confiança. - Insisti, já que senti que estava diante de um homem muito importante.

- Agora eu só preciso saber se você já sabe porque estou aqui, aí eu vou ter certeza que você não é apenas boa, é perfeita. - Disse ele sorrindo, revelando dentes bem alinhados.

Eu fiquei ainda mais sem graça, não sabia o que responder, eu apenas peguei meu deck e os embaralhei em sua frente.

- Então, Pablo. - Precisava focar minha atenção e energia na minha intuição e não em sua aparência elegante e atraente. - Eu vou abrir as cartas. Três é o suficiente para eu entender o motivo da sua presença.

- Uau. - Disse ele descontraído.

Eu prossegui e tirei três cartas. Cavalo, chave e sol.

- "Uau" digo eu. - Murmurei com sorriso tímido. - Sei que está noivo. - Disse apontando para a mão dele. - Mas é por causa da aliança.

- Ah, sim, claro.

- Mas compreendo sua preocupação para uma grande realização que está em sua mente e que em breve pode acontecer. Você acredita que será a chave, um momento novo que se abrirá em sua vida...

- Eu quero saber se minha noiva me trai.

- Oi? - Ele atirou na lata, sem rodeios.

- Eu quero saber se posso confiar nela.

- Ah, certo. - Eu embaralhei novamente o deck enquanto olhava seus olhos preocupados para minha mão. Seu sorriso começou a vacilar e seu olhar demostrar temor.

- Pablo. - Murmurei fazendo ele ficar um pouco surpreso voltando seus olhos para os meus. Imaginei que em seu ambiente de trabalho seus funcionários preferem o chamar de Senhor Romero. - Você a ama?

Ele jogou a cabeça de lado sutilmente. Não sei se ele respondeu ou se ele sabia responder

- Isso não é relevante agora.

- Desculpa, entendo. - Não, eu não entendia até aquele momento, mas podeira supor.

- Você lembra do Lucas? Lucas Rodrigues?

- Sim. - Eu realmente me lembrava.

- Ele é meu primo.

- Que bacana, ele é maravilhoso.

- Sim, ele é e graças a você o pai dele está vivo. - Eu parei de embaralhar e coloquei o monte de cartas na frente dele o observando. - Você o alertou, disse que sua família precisava fazer exames completo com urgência. Descobriram o câncer antes de se alastrar.

- Você não tem ideia de como fico feliz . - E muito emocionada.

- Se vê que é uma mulher extraordinária.

Eu não sabia onde enfiar minha cara com tantos elogios e nem o porque de tantos.

- E como o Lucas está?

- Não está muito bem. - Como eu previa. - Mas você já deve saber disso.

Sim, eu sabia.

- Marisa...

- Pablo, - o interrompi. - desculpa, não deveríamos estar falando dele.

- Mas é sobre isso também! - Ele voltou a se debruçar sobre a mesa com uma expressão de preocupação. - Marisa, a esposa dele está consumindo tudo, só pensa na aparência, estética e não dá atenção a ele, ela nem quer ter filhos e eu não quero isso pra minha vida, preciso saber com quem estou lidando.

Eu senti pena do Lucas. Eu o atendi a seis meses atrás e nunca esqueci. Ele era um elegante gerente de uma multinacional, cheio de carinho e amor por todos, até comprou um colar de pimentinha para a esposa que eu duvido que ela usou. Era um adorno muito humilde que ele carinhosamente escolheu com afeição.

Me senti mal por ele, ele também ajudava ONGs que acolhiam animais abandonados. Uma pena ter tido azar com a esposa. Eu sabia que ele iria enfrentar dificuldades, eu disse a ele que poderia ter problemas mas ele não acreditou, estava cego de paixão. Mas pelo pai, ele ouviu e saber que deu tudo certo me deixava muito feliz. O destino sempre me trazia as respostas.

- Pablo. - Prossegui pausadamente. - Essa é uma decisão muito séria. Dezenas e as vezes até centenas vem até mim com essa dúvida, e eu sou muito receosa porque já recebi ameaças de morte dos ex-noivos e noivas revoltados quando soube...

- A sua vida jamais estará em risco. - Disse ele pegando em minhas mãos que estavam soltas sobre a mesa. - Eu dou minha palavra. - Ela não sabe que estou aqui, ela está viajando e só meu primo sabe, eu só posso confiar nele.

Eu senti pena dele também.

Nos meus anos de profissão eu sabia que ser rico, bem sucedido, trazia complicações de confiança e casamento era algo sagrado. Um erro, uma má escolha poderia destruir toda uma vida.

- Ok. - Disse soltando suas mãos. - Eu vou fazer uma previsão ampla, mas você precisa estar ciente que o futuro e o universo tem suas próprias ferramentas com o destino. Não tem como fugir dele caso esse seja o destino, e são as cartas que falam, e não eu.

- Eu pago o quanto for preciso...

- Nunca foi por dinheiro.

Ele me encarou com uma emoção quase de orgulho, era o que eu sentia..

- Você existe mesmo?

- Você existe mesmo?

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A vidente do chefeOnde histórias criam vida. Descubra agora