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POV S/N
QUATRO ANOS DEPOIS
SINGAPURA | 09:28 PM
— Fico feliz em ouvir isso, sabe que se seguir direitinho minhas coordenadas, melhorará ainda mais! — sorrio, realizada ao ver mais uma paciente satisfeita.
Após a moça chamada Melanie sair de minha sala, organizei o ambiente, pronta para fechar meu expediente. Muita coisa aconteceu nos últimos anos, a maioria boas. Felizmente, o término de meu relacionamento com Henry deixou de ser o centro de minha atenção há alguns meses e já não me afetava mais, até porque me mudei para Singapura após conhecer meu novo cônjuge. Depois do trágico término que sofri, finalizei minha faculdade de psicologia, mesmo estando totalmente quebrada e esperando uma filha.
Durante todo esse percurso, recebi uma oferta de trabalho aqui em Singapura e, como queria ficar o mais longe possível de Londres, aceitei na hora, já que foi a ocasião perfeita para ficar longe de meu ex. No início, me pegava observando as redes sociais de Natalie, a atual de Henry, sem conseguir aceitar que ele jogou toda nossa história no lixo. Sendo graduada numa profissão necessária à mente, percebi como remoer o passado estava me fazendo mal e decidi focar em uma nova vida. Renascer.
Assim que Missy, minha garotinha de quase quatro anos, nasceu, qualquer resquício de mágoa e dor desapareceram, pois no final de tudo isso, tive uma filha linda que, infelizmente, veio com olhos azuis iguais aos do pai e isso me chateou um pouco. Às vezes meu peito se aperta pensando em todos os "e se?" de minha história. E se ele não tivesse desistido de mim? E se Henry não tivesse feito o que fez? Missy teria um pai e eu, bem, seria mais feliz? Me sinto alegre e realizada, porém não nego que ainda existe um pouco do vazio provocado por toda essa teoria do efeito borboleta.
Um ano depois do ocorrido, com Missy bebê, fiquei preocupada com o fato de minha filha crescer sem um pai e também me senti bastante sozinha e perdida, tendo crises de pânico ao pensar nisso. Bem, eu me reergui sozinha e me recuperei, alguns meses depois conheci um rapaz encantador quando dei uma palestra sobre saúde mental em uma empresa famosa aqui da cidade que moro. Ethan é um engenheiro civil, canadense e que não desistiu de mim, mesmo eu dando um pé na bunda dele umas duas vezes na mesma semana. Não sou má, mas só fiquei insegura e com medo de passar pelo mesmo sofrimento amoroso outra vez.
Resumindo brevemente todos esses anos, estou bem e feliz, me recuperando de certas coisas em silêncio e tendo uma próspera carreira profissional com minha própria clínica. Ganhei uma filha linda e um marido que me deixa segura e em paz, fazendo com que nosso relacionamento não seja sinônimo de sofrimento e inseguranças. Sobre Henry, não contei toda a história a Ethan, apenas a parte da traição e sobre Missy ser filha desse relacionamento.
