Através Dos Seus Olhos

39°🔥.

_Tarde da noite?
- Karla perguntou enquanto se sentava cautelosamente em frente à mesa de Valentina.

A mulher de cabelos negros estava reclinada em sua cadeira com os olhos fechados, saboreando o silêncio da manhã. Ela abriu os olhos e pigarreou espiando o relógio para ver se realmente havia adormecido.

_Sim, o show de Luiza só terminou tarde e a noite também foi emocionalmente desgastante.

Karla passou as mãos espalmadas sobre a saia enquanto balançava a cabeça. Ela tinha lido sobre a ousadia de Rodrigo em um dos sites de fãs de Luiza que ela frequentava. Porém, ela estava lá menos ultimamente devido ao seu contato direto com seu ídolo.

_Você precisou de ajuda com alguma coisa?
- Valentina olhou fixamente para sua assistente, sem saber como responder, seu cérebro ainda não estava se movendo rápido o suficiente.

_Sua agenda está atualizada e suas mensagens foram classificadas, há mais alguma coisa que você precisa?

Valentina balançou a cabeça, sem saber se havia ou não.

_Você sabe onde Adriane está? Ela deveria estar revisando as configurações de iluminação.

A morena assentiu lentamente sentando-se em sua cadeira e olhando para seus sapatos.

_Acredito que ela e sua amiga recém-chegada estejam ocupando o banheiro no momento.

Valentina bateu com a mão no rosto. Isso estava ficando ridículo. Foi o segundo dia consecutivo em que sua assitente se mostrou inútil, ambos os dias devido à interferência de Rebeca.

_Você acha que elas trancaram a porta ou posso ir lavá-las com mangueira?

Karla riu levemente com a ideia.

_Provavelmente está trancado.

Houve um momento de silêncio que ela passou ainda olhando para Valentina.

_Então, essas duas estão namorando agora?

A fotógrafa soltou um longo suspiro.

_Com Rebeca, é só sexo. Sexo não é namoro, pode acabar como um namoro se ela nãontomar cuidado, Adriane tem um jeito de arrastar as pessoas sem que elas saibam.

A assistente soltou outra risada e Valentina hesitou.

_Karla, posso te fazer uma pergunta?

A morena ergueu os olhos ansiosamente e acenou com a cabeça, Valentina mordeu o lábio e se inclinou para frente, apoiando os antebraços na mesa.

_Você não precisa responder se não quiser. OK? E sua resposta pode ser mantida estritamente entre nós duas, se você quiser, mas... você é gay?

_Não.
- Karla respondeu rapidamente balançou a cabeça inflexivelmente enquanto Valentina se recostava novamente, aliviando a pressão da garota repentinamente nervosa.

_OK, eu só estava perguntando porque você me lembra um pouco de mim mesma quando eu estava em negação...

Karla diminuiu o nervosismo e olhou curiosa para Valentina, esperando que ela continuasse.

_Fui criada com a crença muito estrita de que a homossexualidade era um dos piores pecados que você poderia cometer, mas com eu comecei a desenvolver o que me recusava a chamar de "sentimentos" por Luiza no ensino médio, mudei minhas opiniões sobre o assunto para me sentir mais confortável. Eu disse que a homossexualidade estava bem e que não faria nada de errado se não agisse dessa
forma, se eu não agisse como gay, então não era e, portanto, não cometi pecado...
- Valentina observou sua assistente inconscientemente acenou com a cabeça no menor dos movimentos.
_Passei a maior parte dos meus anos de ensino médio e faculdade sozinha ou em relacionamento com caras que não faziam nada além de me deixar nervosa e me fazer sentir desconfortável perto deles, eu estava atenta a avanços sexuais nos quais não estava interessada, quando dei por mim, simplesmente parei de namorar. Eu estava sozinha, sentindo falta de algo em minha vida que me tornaria completa, então, uma noite, Adriane me beijou. Eu não queria afastá-la, mas na verdade a queria mais perto. Eu soube imediatamente que era isso que estava faltando. Não Adriane, especificamente...
- Valentina assegurou-lhe.
_Mas o conforto na atração.