A última nota musical

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                                                           30/09/22
 

Mesmo que eu aja indiferente
as cicatrizes das marcas do passado
insistem em borrar minha janela
gritei em meio ao sufoco
sem saber por qual caminho percorrer.
 

Eu descobri que estava escuro lá fora
com ventos e chuvas tão cruéis e desesperadoras
deixei para trás, um desejo não realizado
deve ser eu o escolhido pra transformar esse frio
numa primavera não tão angustiante.
 

Não me importo se elas não sumirem
se as feridas amenizarem, começarei a caminhar
soltando os dias em que eu tanto sonhei
os dias que sonhei um possível, mas impossível
sabendo que viver de olhos cansados pode matar.
 

E ouvindo as poesias calmas, antes de dormir
percebo que mereço amor, mereço ser amado
contudo, ao menos que eu me ame também
afinal, as notas sempre revelam
que uma sombra existe somente com uma luz.
 

Será o fim
um recomeço tocado com doce esperança
nas partituras ensanguentadas
um novo alguém vai surgir
e ainda com muito medo, ele vai cantar.
 

Eu não farei isso sozinho
meus lindos girassóis me acompanharão
aqueles que eu eternizo em fotos
rirão comigo, quando eu ser um alguém melhor
dessa vez, viver valerá.
 

Não é a primeira vez que guardo em versos
a esperança de juntar dois mundos
mas dessa vez, dedilho essas cordas pensando num futuro
num destino em que um garoto, num piano feito de dor
toque, depois de tanto tempo, a última nota musical.
 

— Eu enfim viverei esperançoso pelo amanhã.

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