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VINNIE HACKER

O meu acordo com Dominique estava indo muito bem. As duas primeiras semanas passaram muito rápido e nós conseguimos nos ver quase todos os dias, exceto quando ela tinha papelada do trabalho para resolver. Nós não conversávamos muito sobre nossas vidas pessoais, mas notei que ela estava animada com alguma coisa. Fiquei tentado a perguntar – apenas por curiosidade, não por real interesse –, mas reforcei a regra número um: nossa única ligação era o sexo.

Apesar de ser bem diferente de mim, Dominique combinava muito comigo ao saber separar sua razão das emoções. Nós vivíamos fazendo piadas um com o outro, nos xingando e ofendendo como se realmente nos odiássemos, ódio esse que nós dois fazíamos questão de reafirmar. O único lugar onde nos tratávamos bem era na cama. Não só na cama, mas também no sofá, na poltrona do escritório dela, na banheira e em casos mais urgentes, no chão.

Diferente da maioria das mulheres com quem estive, Dominique tinha zero interesse sobre a minha vida e respeitou totalmente a regra de não me fazer perguntas e não me analisar. Eu também não fazia perguntas, mas por algum motivo, eu quis saber mais. Eu estava curioso para entender o quanto ela tinha crescido, queria saber o que estava a animando no trabalho e o que a fez escolher a profissão. Eu só... queria saber. Mas essas curiosidades eram momentâneas e eu logo relembrava o quanto era ruim criar vínculos com quem se está apenas transando. Dominique não era minha amiga e eu tampouco estava saindo com ela. Não havia o quê saber.

Aquela semana seria o aniversário do meu pai e já sabendo os gostos requintados do meu velho, eu resolvi dar uma passada na joalheria que Nailea gerenciava. Era um dos lugares mais caros para se comprar joias e a qualidade era admirável. A ideia era comprar um relógio, de ouro, de preferência.

E assim que passei pela entrada, eu avistei Dominique sentada ao balcão, usando uma lupa para analisar os detalhes de um colar de brilhantes enquanto Nailea explicava algo sobre a peça. Olhei para Dominoque desde as pernas até o seu rosto. Ela sempre era muito fina, cheia de classe em qualquer ambiente. O extremo oposto de mim. Ela sim combinava com o ambiente daquela joalheria, já eu, parecia só um motoqueiro perdido em um lugar que nada combinava comigo.

— Vinnie! — Nai me chamou, sorrindo em seguida. — Tudo bem?

Dominique pôs a lupa sobre o balcão e ergueu o olhar para mim. Ela sorriu ao mesmo tempo em que franziu o cenho de maneira confusa.

— Oi, Nailea. — sorri. — Dominique. — acenei positivamente com a cabeça. — O aniversário do meu pai é essa semana e eu quero dar um relógio para ele. O melhor e mais caro. — falei aconchegando-me no banco ao lado de Dominique.

— É pra já! — Nailea saiu até outra parte da loja, deixando-me sozinho com sua prima.

— Você trafica drogas, não é? — Dominique perguntou, apoiando seu queixo em sua mão.

— Por que acha isso?

— Você tem um carro vintage, modelo de colecionador. Na época do colégio, você só tinha uma jaqueta de couro e bem pobrinha. Agora você tem várias jaquetas e todas são de marca. Conhece as bebidas caras, os lugares caros e agora está numa joalheria chique tentando comprar um relógio granfino para o seu pai.

— Regra número dois. — disse apenas.

— Nada de ficar te analisando, eu sei. — riu. — É só um palpite.

— Palpite no que quiser, doutora.

— Ok, babaca. — e ao dizer isso, ela tornou a analisar o colar que estava em sua frente. — É só que você sabe da minha profissão, por que eu não posso saber a sua?

Enemies with Benefits ᵛᶦⁿⁿᶦᵉ ʰᵃᶜᵏᵉʳOnde histórias criam vida. Descubra agora