A morte

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Sinto o remorso em minhas veias a cada sorriso que dou, a cada vislumbre de felicidade do meu corpo, sinto doer na minha alma.
Meu coração dói a cada batida porque isso significa que eu estou viva... e ele não está vivo. O coração dele está morto.

A vida é tão cruel, a minha seguiu em frente, a vida de todos seguiram em frente, após o que? duas semanas? Ninguém mais fala sobre, sei que não esqueceram, mas porque parece que apenas eu sinto uma dor incontrolável que me dilacera todos os dias?

Fingem tão bem e isso me incomoda. Quero falar de como me sinto irritada por ter sido ele e não eu.
Não me importaria de morrer, não tenho nada e ninguém nesse mundo. Mas ele sim, ele tinha.
Eu morreria por ele.

"Pessoas se vão e memórias ficam"
Escutei isso em algum lugar, me fez pensar que não quero as memórias. Memórias não são nada além de um sofrimento prolongado. Do que me adianta um monte de memórias felizes sendo que não o tenho aqui comigo??? Lembrar dói, machuca e me destrói.

Não, estou errada. O que realmente dói é a morte.
Ela é imprevisível, traiçoeira e muito muito injusta.
Consegue transformar um dia feliz de verão em um dia sombrio.

A morrer é um grande nada, um vazio a quem falece, mas á quem fica é uma tormenta.
Essa é a minha memória dele, nunca esquecerei com certeza.
Vomitar de tanta tristeza, meu corpo ceder a tristeza, tocar suas mãos geladas, sentir o cheiro de formol e fenol em seu corpo, tocá-lo com certeza foi a parte mais cruel, o último adeus.
"Lembre-se dos bons momentos" eu lembro de todos eles, mas esse sempre vai se destacar porque ele me traumatizou.

Quem fica sofre muito. Antes do acontecido, já tive inúmeros pensamentos suicidas mas agora... Agora entendi o que é a morte, e eu odeio intensamente ela.

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