Inquietações na madrugada

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O quarto estava em completo silêncio depois de Iori cair em sono profundo e passar a ocupar mais da metade da cama, deixando Satoru praticamente sem espaço para se mover visto que entre os dois havia uma barreira feita com dois travesseiros enfileirados. Obviamente a ideia partiu da jovem, ela alegou que seria para evitar qualquer contato da parte de Satoru.

― Até parece que sou maluco. ― Resmungou ele.

Entre os poucos movimentos que conseguia fazer ele procurava uma posição que o deixasse suficientemente menos desconfortável. Acabou por conseguir ficar de lado, mas estava colado na barreira. Iori se movia constantemente, e agora sua perna direita estava em cima de um dos travesseiros que os separava, o permitindo ter a visão de seu pé até a coxa.

Tentando não acordar sua colega de quarto, Gojo empurrou lentamente o joelho dela, mas não funcionou. A perna ainda estava ali invadindo seu minúsculo espaço. O pior era que por mais que ordenasse a seus olhos que não dessem atenção ao corpo esparramado ao seu lado, era impossível não espiar. O short que ela usava havia subido com seus movimentos, quase o permitindo que obtivesse a visão de sua calcinha e, mesmo que tenha tentado, sua mente não evitou de imaginar qual ela usava, pensou em cor, tamanho e até de qual tecido seria.

Passados alguns minutos de imaginação fértil e observações, seu corpo passou a acordar, dificultando mais a tentativa de pegar no sono. Precisou deitar as costas no colchão devido ao desconforto, o que fez com que sua ereção ficasse explícita. Se Iori acordasse agora ele seria espancado durante a madrugada inteira, precisava se livrar disso. Como se sua situação já não estivesse ruim o suficiente, no momento em que pensou em sair da cama, a mão dela pousou em sua barriga em mais um de seus movimentos aleatórios.

"Barreira inútil do caralho", pensou ele. Ainda que a parte sã dentro de si gritasse para fugir imediatamente, seu corpo já desejava mover-se para que a mão descesse mais. Sua respiração estava audível e o quarto mais parecia uma sauna devido ao calor que sentia, a frustração por saber que o maior culpado disso era ele mesmo por ter feito o maldito convite perambulava em seus pensamentos. Se fosse qualquer outra isso não estaria acontecendo, poderia estar dormindo tranquilo após se satisfazer, mas era a desgraçada da Utahime, a garota que estagiava em seu escritório, que estava ali.

Desajeitadamente Satoru escorregou da cama, quase caindo no chão para finalmente livrar-se da mão de Iori. Precisou ir ao banheiro para lavar o rosto, no entanto mesmo a água gelada não o impedia de sentir calor. Considerou acabar com a agonia da forma mais rápida e eficaz, porém o quão doentio seria se masturbar pensando na garota cuja qual estava dividindo um quarto de hotel contra a própria vontade com você? Nunca foi de ligar para muitas coisas, ainda assim seguia alguns princípios e se negou a ser tão baixo assim. Resolveu então tomar mais um banho, dessa vez com a água na temperatura mais fria que o chuveiro permitia, quando finalmente viu que seu corpo havia se acalmado o banho terminou. Enquanto se enxugava sentia o corpo tremer.

Abrindo a porta do banheiro ele logo viu que a mulher espaçosa agora parecia mais encolhida. O corpo permanecia de bruços, entretanto os braços estavam contidos embaixo do travesseiro e a perna já não invadia seu lugar. Ainda era uma visão tentadora para Satoru, por isso ele rapidamente desviou o olhar. Seu celular indicava ser três e meia da manhã e ao deitar na cama sentiu que o corpo implorava por um descanso, cobriu-se com um cobertor e pensou em resoluções para casos como forma de distração, antes que sua mente o traísse novamente e acabasse de vez com sua madrugada.

Iori ainda se encontrava completamente entregue ao sono e Satoru a invejava por isso, eram sete e quarenta da manhã e seu corpo se recusava a permanecer deitado, qualquer mísero barulho estava o perturbando e tudo que conseguia fazer era mudar a posição dos braços e das pernas a cada dois minutos como se fosse adiantar alguma coisa. Sem ânimo ele decidiu levantar, já imaginava o quão cansativo seria dirigir com poucas horas de sono e a única coisa que almejava era sua casa e, principalmente, sua cama.

Namorada de MentirinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora