R3-Amor e Caos

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Jéssica

Ruan pode fazer o babado mais sigiloso possível, que eu fico sabendo! Não tem jeito, descubro tudo. Inclusive soube que ele ficou com uma mona lá na festa da irmã dele. Que ódio! O foda é que mesmo vacilão, eu não consigo largar. Quando a gente gosta, não tem jeito mesmo. Coração fica burro, xereca fica chamando, ihhh...

A gente fica já tem quase um ano, mas ele foge de qualquer coisa que seja seria. No começo eu também não queria. Tinha acabado de terminar um relacionamento, tava mexida ainda. Eu fui pra um baile com meu irmão, porque ele é DJ e eu só podia sair se fosse com ele. Daí conheci Ruan através de uma colega. Ele quis, eu também, e aconteceu! Foi tão bom, mas tão bom, que nunca mais nos largamos. Todo mundo sabe que a gente fica, tem gente que acha até que a gente namora. Eu até cheguei a querer isso, sabe? Não vou mentir. Toquei nesse assunto, disse que queria algo mais sério e tal. O bom é que o filho da puta é sincero, não me enganou momento algum. A todo momento ele disse que gostava de ficar comigo, mas que não consegue se manter num relacionamento. Falou que era melhor a gente continuar do jeito que tava do que engatar em algo sério e ele ficar na mancada. Nisso eu concordo! Depois dessa conversa, não falei mais sobre nada. E hoje em dia, sabendo o piranha que ele é, eu que não quero namorar! Não vou dizer que fico só com ele, porque não sou de ferro e nem sou nenhuma otária. Onde que eu vou ficar esperando a boa vontade dele vir me ver, podendo tá dando por aí? Duvido!

Mas, o mínimo que ele poderia fazer, era me poupar do constrangimento que fama de corna trás, e ter feito o babado mais escondidinho. Porra, no banheiro da piscina? Tomar no cu! Digo fama de corna, porque é assim que sou vista por aí. Mesmo que não seja nada sério. Eu excluí minha conta no CuriousCat justamente por isso. Não aguentava mais o pessoal me xingando em anônimo, me chamando de corna, otária, dizendo que nem assumida eu sou. Pessoal daqui toma muito conta da vida alheia e jura que eu quero ser assumida. O dia que eu quiser, eu arrumo alguém que me assuma fácil. O que eu e Ruan temos, só a gente precisa saber. Não preciso provar nada a ninguém, então deixo que falem.

(...)

Já são mais de 1h da manhã, e nada do bofe. A festa já acabou que tô ligada, né. Tenho umas colegas que se dão com a irmã dele e foram. A gente não se bica muito, não sei se é ciúmes. Só sei que o santo não bate! Cansada de esperar, tirei o celular do carregador e liguei pra ele. Liguei e ele atendeu de cara.

|Início de ligação|

Ruan: Oi?

Jéssica: Tá aonde?

Ruan: Tô no meu pai, por quê?

Jéssica: Teu pai é o caralho, meu filho! Tô desde onze da noite na tua casa te esperando.

Ruan: Sério? Tu não falou nada, não sou vidente! Tô indo então.

Jéssica: Dez minutos!

|Fim de ligação|

Botei o celular no carregador de novo, e fiquei aguardando ele. Como não tinha nada pra fazer, fui mexer nas coisas dele. Ele guarda muita foto da mãe, tadinho. Da mãe, e de uma loira. Deve ser tia, sei lá. A gente quase nunca conversa sobre família, até porque ele tem problemas com o pai e tal. Eu também tenho com o meu padrasto, mas eu sei bem qual é o problema dele. Esse ciúme não é normal!

Guardei as coisas, deitei e já ia mandar mensagem de novo. Mas ele chegou, já chegou se jogando em mim.

Jéssica: Sai!-O empurrei-Tava se esfregando com piranha, agora quer me agarrar? Num fode!-Falei alto, e sentei.