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MIRELA HOLLAND

MÃE 🦋

— Alô? — Ela pergunta assim que atende o telefone.

— Oi, mãe, você sabia que o pai tá doente? — Pergunto assim que escuto a sua voz do outro lado da linha. Ela estava com uma voz meio rouca, provavelmente tinha acabado de acordar.

— Sabia... — Confessa. Um minuto de silêncio se formou, escutava apenas o vento do lado de fora do carro e a respiração pesada da minha mãe. Estava tentando assimilar tudo, mas era quase impossível. — Mas vai ficar tudo bem, ele resolveu fazer o tratamento! O Sam te contou?

— E mesmo assim vocês vão se separar? — Dou um riso debochado. — Ele tá doente e você vai deixar ele no pior momento dele? — Resolvo ignorar a pergunta dela, com o Sam eu me resolvo depois.

— Aconteceu muita coisa, Mirela! Você sabia que eu e ele estávamos numa relação complicada antes mesmo de você viajar. Você via as discussões que nós tínhamos, e isso não era bom pra nenhum dos dois, e nem pra você e pros seus irmãos! — Fala firme.

Me lembro de uma vez que eu cheguei em casa, tinha acompanhado o Harry num jogo de baseball que ele iria ter, ele queria entrar na mesma turma do Jaden, então fomos fazer o teste. Logo que chegamos em casa, os nossos pais estavam discutindo, de uma forma bem feia...

— Esse é o seu problema, desde que você começou com essas viagens misteriosas, você não tem tempo pros seus filhos e nem pra mim! Eu estou cansada dessa situação. — Minha mãe gritava apontando o dedo na cara do meu pai.

— Você quer falar que eu estou distante? Quem está se afastando é você, Morgan! Acho melhor nós nos... — Meu pai para de falar assim que percebe a minha presença e a do Harry na sala.

É... tá tudo certo por aqui? — Pergunto receosa. Eles estavam brigando muito recentemente.

— Claro que sim filha! — Minha mãe fala dando um sorriso forçado. — Nós só estávamos conversando.

Vou ir trabalhar! — Meu pai fala saindo de casa. Minha mãe o acompanhava pelo olhar até o meu pai fechar a porta.

Então, como foi o jogo, Harry? Você acha que foi bem? — Minha mãe se senta no sofá olhando pra nós dois.

— Você não sabe da história completa. — Minha mãe dá um longo suspiro.

— Então me conta, e talvez eu tento entender. — Falo sentindo a minha garganta arder.

— Seu pai estava cada vez mais distante de nós, e você percebia isso. Eu descobri que ele estava me traindo com uma modelo de grife. — Escuto minha mãe fungar. — Eu tentei deixar isso de lado nas primeiras semanas, porque era importante pra vocês ter ele em casa, ainda mais que nós tínhamos voltado de viagem pra finalmente ficar em casa com vocês. E eu também tentei dar o suporte por causa da doença, mas aí foi chegando em um ponto que eu já não podia mais permitir essa situação. Então resolvi me separar de seu pai, você sabe que eu mereço coisa melhor.

— E porque você não tinha me contado sobre a doença? — Pergunto ainda confusa.

— Porque você estava feliz com a ideia da viagem, sua vida estava voltando ao normal, e eu não queria estragar as coisas... Se eu tivesse contado, você teria ido na viagem?

— Não! — Respondo. — Teria ficado em casa te dando apoio.

— E eu não quero isso, Mirela. Eu quero que você aproveite a sua adolescência. — Escuto ela respirar fundo.

— E porque você contou pro Sam mas não contou pros outros meninos? — Estaciono o carro em frente a uma praia qualquer. Desço do mesmo e caminho até a areia que estava gelada por causa da neblina da noite.

— O Sam descobriu sozinho, tanto é que depois de descobrir ele terminou com a Fernanda. O Sam ficou tão focado em tentar ajudar o seu pai que se esqueceu das pessoas ao redor dele. E eu não queria isso pra você e nem pros outros meninos. Vocês merecem ser felizes e não ficarem presos nesse problema.

— Mas somos uma família, eu poderia ter ajudado... Compra uma passagem, eu quero voltar pra casa, as férias já não estão sendo boas mesmo... — Falo me sentando em uma pedra perto do mar.

— Você sabe que eu não vou fazer isso... E eu sinto muito mesmo, mas quero resolver as coisas por aqui primeiro. E não se preocupa, sempre que você quiser você pode ver o seu pai... Agora eu tenho que ir, vou assinar os papéis do divórcio.

— Mas mãe... — Ia falar mas logo o celular começa a apitar, indicando que ela desligou a chamada.

Perfeito, agora estou sozinha com os meus pensamentos.

O reflexo da lua batia na água do mar. Era tão linda essa vista, eu poderia ficar aqui pra sempre. Só observando a lua. Respirei fundo e pude sentir o vento batendo no meu cabelo. Estava sentindo um pouco de frio, pois o vento estava bem gelado, então comecei a passar minhas mãos nos meus braços com intenção de ficar com menos frio.

Sinto um pano quentinho envolver os meus ombros. Olho para os mesmos e vejo um casaco, e logo em seguida vejo um menino se sentando no meu lado.

— dá pra ver que cê tá com frio de longe. — O garoto da uma risada. Olho bem pra ele e vejo que eu conheço ele de algum lugar. Ele estava olhando pro mar, então não dava pra ver muito do seu rosto, mas o cabelo tinha um corte americano muito bem feito.

— Obrigada. — Falo meio sem jeito. E então ele olha pra mim me dando um sorriso mínimo. — Eu te conheço de algum lugar. — Franzi as sobrancelhas.

— Meu nome é Rhenan. — Ele dá uma risada. Sua risada era tão gostosa de ouvir. Acabei sorrindo também.

Ele era o garoto que eu dancei na boate...



OPOSTOS 2☀️ - Jaden WaltonOnde histórias criam vida. Descubra agora