Feelings of an Elf - Fairy Tail

°•°Arco Um: Origens e Novos Amigos°•°

A chuva caía por entre as folhas das grandes árvores de uma floresta negra e densa. O cheiro de grama molhada e várias outras espécies de vegetações misturavam-se no ar. Através dos sons dos pingos caindo, ouviu-se os passos apressados de uma garotinha de pouco mais que 8 anos, os cabelos negros escorridos por suas costas e ombros, as roupas velhas esfarrapadas e encharcadas por conta da tempestade iminente. Seus olhos, duas orbes da cor violeta mais profunda existente, denunciavam o terror do que havia acabado de presenciar, com lágrimas escorrendo como uma cachoeira por sua pele branca, misturando-se a água da chuva.

No entanto, por mais que sua vontade fosse de gritar e soluçar até perder as forças, não conseguia. E ela não sabia o motivo: apenas que esse direito havia sido tirado dela desde que vira sua mãe queimar viva em um fogo ardente, destruindo a moradia onde viviam em paz, com várias pessoas ao redor. Todas carregavam algum tipo de arma ou usavam magia contra elas. Mas a garota ainda não entendia... Por que haviam feito tudo aquilo? Por que haviam tirado tudo dela? Era por causa de sua aparência incomum?

Em um mundo onde existiam magias e tantas outras criaturas míticas, ser um elfo de orelhas pontudas não deveria ser uma surpresa tão grande. Pelo menos, não para Gaia.

Porém, naquela época, a garotinha ainda não tinha conhecimento algum á respeito do misterioso passado de sua raça... E por isso, ainda estava confusa, com medo e assustada com tudo á sua volta. Corria como se sua vida dependesse disso, e, de fato, dependia. Mesmo com tantos sentimentos ruins misturados dentro de si, seu rosto não demonstrava nada do que sentia, á não ser as fileiras de lágrimas escorrendo pela pele. Não sabia o que havia acontecido consigo, mas não tinha tempo para pensar naquilo... Ela precisava fugir. Não podia morrer. Ainda conseguia ouvir a voz de sua mãe, tão desesperada... Tão á beira da morte...

"Vá e seja livre por nós, Gaia. Viva a vida."

Havia sido uma promessa curta, mas com um significado enorme. E essa foi a única coisa que a manteve correndo, mesmo que suas pernas já estivessem prestes á desfalecer.

Quando, enfim, havia chegado em uma espécie de caverna, grande o bastante para se proteger da chuva dentro dela, Gaia desabou. Seu pequeno corpo bateu com as costas em uma das paredes rochosas e frias, o som de sua respiração desregulada ecoando pelo ambiente escuro. Encolheu-se naquele canto e colocou o rosto entre os joelhos, sua mente repassando todas as imagens horríveis daquele dia desastroso.

A manhã estava ensolarada, o céu límpido e livre de nuvens. Gaia sorria alegre enquanto colhia flores para sua querida mãe, a única figura familiar que havia restado em sua vida, já que seu pai havia desaparecido há muito tempo.

Margaridas. Eram as flores favoritas de sua mãe, logo, passaram ser as favoritas dela, também. Colheu um buquê inteiro delas e correu de volta para a casa: uma pequena construção de madeira no topo de uma colina, cercada por uma floresta verdejante e uma paisagem digna de uma pintura feita por Deus. Longe de tudo e de todos. Elas gostavam de viver uma vida assim: era sinônimo de paz.

Gaia adentrou as portas da casa e correu para o quarto, onde sabia que sua mãe estaria. E estava certa: a pegou sentada na cama, segurando um porta retrato nas mãos delicadas. Era de um homem alto, pele clara, cabelos bagunçados escuros e olhos violeta. Seu pai, Daurus. Seu pequeno coração se apertou. Nunca admitiria isso perto da mãe, mas ela também morria de saudades do pai.

Se aproximou da mãe e entregou-lhe o buquê. Ambas sorriram uma para outra, felizes, e aproveitaram o máximo que podiam aquela tarde...

Até que ouviram sons de luta do lado de fora, subindo a colina. Gritos raivosos, berrando coisas como "os monstros estão aqui!", "Vamos matá-los, antes que eles o façam primeiro!". Antes que pudessem fazer qualquer coisa, o fogo já havia se espalhado... E desde então, suas memórias se resumem á correr pela floresta e chegar aonde estava naquele instante.