Camila

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Bem-vindos, queridos! Temos um novo capítulo saindo do forno fresquinho para vocês... Espero que gostem! Não esqueçam de favoritar e deixar seus comentários. Espero vocês no próximo capítulo.
Quem quiser a playlist da história, me avisei, eu super recomendo!

Título do capítulo "Camila" em referência a música de mesmo nome, da banda "'nenhum de nós" que fala sobre um relacionamento abusivo aos 17

Beijos no coração! 🫶🏽🫶🏽
🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟🌟

Rio de Janeiro, 2008

E eu que tinha apenas 17 anos
Baixava a minha cabeça pra tudo
Era assim que as coisas aconteciam
Era assim que eu via tudo acontecer

POV CAMILA CABELLO

Senti meu couro cabeludo arder quando as mãos agressivas de Roberto puxaram meu cabelo com firmeza e violência. Fechei os olhos, recusando-me a encará-lo. Já sabia o que estava por vir; isso se tornara uma rotina. Ele me empurrou contra a parede, e o soco preciso em meu rosto fez-me gemer de dor. Minhas mãos instintivamente protegiam minha enorme barriga, guardando meu bebê. Tentei desesperadamente afastar o homem, mas foi em vão. Não tenho ideia de quanto tempo Roberto me fez de saco de pancadas, mas, no meio daqueles golpes, temi pela segurança do meu filho por vir. Minhas lágrimas fluíam silenciosamente, ciente de que, se chorasse em voz alta, ele me atacaria com ainda mais ferocidade.

E eu que tenho medo até de suas mãos
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega
E eu que tenho medo até do seu olhar
Mas o ódio cega e você não percebe
Mas o ódio cega

— A culpa é sua, sua ingrata do inferno. Eu não sou assim, Camila, não sou... é você quem me faz perder o controle! — ele disse transtornado, chorando com o rosto em meu peito. Eu não queria tê-lo ali, desejava que ele simplesmente desaparecesse. — Eu te machuco porque você não se comporta. Deveria ser uma boa esposa. — ele proferiu bruscamente e puxou meu corpo, forçando-me a levantar do chão. — Se você se portar bem, eu não vou mais te ferir. Olhe, você não terá isso, não ficará tão machucada! — ele disse de forma repugnante, apontando para os meus ferimentos. Olhei minha imagem no espelho e desabei; estava terrível, nunca me senti tão feia. — Não chore, vagabunda, odeio fraqueza! — ele disse friamente, soltando-me e indo em direção à minha bolsa. Permaneci imóvel, consciente de que ele estava atrás de dinheiro, e, se não conseguisse, seria espancada mais uma vez. — Não fica aí chorando, quando eu voltar quero você pronta pra mim! — disse de forma maliciosa e saiu. Quando ouvia a porta da pequena casa batendo, desabei.

Sentei-me na beira da cama e chorei, lágrimas incessantes que pareciam não ter fim. Meu corpo latejava de dor, e minha alma estava em frangalhos. Sentia-me suja e completamente desvalorizada. Não conseguia vislumbrar nada positivo, não conseguia imaginar meu filho nascendo em meio ao caos que se tornara minha vida. Um desejo de vingança fervilhava em relação a Roberto; ansiava por paz e amor. No entanto, não podia simplesmente ir para a casa dos meus pais, sabia que meu pai me humilharia e diria que isso era consequência das minhas escolhas. Um grito alto rasgou minha garganta, enquanto o pouco de sanidade que me restava parecia escorrer pelos meus dedos. Lembro-me de que, se Roberto voltasse, provavelmente seria forçada a fazer coisas terríveis, então comecei rapidamente a arrumar uma pequena mala. Decidi que precisava deixar essa casa; simplesmente não suportaria mais essa vida. Se queria que meu filho tivesse uma chance de sobreviver, precisava escapar desse monstro.

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