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NOAH URREA

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NOAH URREA

Minha mãe retirou os pratos da mesa. Ficou mais alguns longos minutos na sala de estar conversando com Any, e então ela finalmente subiu para seu quarto, assim me deixando a sós com Soares.

Minha história com Any parecia mais uma tragédia. Uma simples complicação; falhas de comunicação destruíram tudo. Havia tantas coisas que eu queria que ela soubesse. Mas por mais que Any houvesse aceitado novamente a volta do nosso namoro, eu sabia que ela ainda queria me evitar.

Por que nós estamos fingindo que o que temos não é nada demais? Não importa. A nossa história pode mesmo estar chegando ao fim em breve.

——— Você não se incomoda? ——— eu perguntei. Any virou-se para mim. ——— Sabe, de namorar de mentira comigo, e não podendo ficar com os meninos que você quer.

——— Ah... Não. Não me incomodo. Eu acho. ——— Soares pigarreou. Começou à encarar a mesa de vidro coberta pelo pano branco. Aquilo parecia mais importante que a nossa conversa. ——— Por que essa pergunta?

——— Só queria saber. ——— eu dei de ombros. ——— Então, se você não estivesse comigo agora, também não estaria com ninguém?

——— Acho que não, Noah. Não tem como eu saber esse tipo de coisa.

E então eu não soube mais o que responder. Por isso fiquei quieto, tal como Any, que desviou o olhar para o relógio na parede enquanto batucava os dedos na mesa. O único barulho que escutávamos era o da torneira pingando gotas de água em uma panela na pia.

Poderia até cogitar em pensar que nunca havia visto um silêncio tão alto assim.

——— Quer assistir um filme? ——— foi o que eu perguntei assim que percebi Any desconfortável com a situação. ——— Você pode escolher.

Um sorriso surgiu no rosto da garota de imediato. Ela balançou a cabeça e se levantou da cadeira, a arrastando pelo chão e colocando-a no lugar certo: ao lado das outras.

Any sentou-se no sofá e se acomodou no mesmo, cruzando as pernas. Me acomodei ao seu lado, após de ter pego o controle da televisão na pequena mesa ao lado do sofá.

——— O que você quer assistir? ——— eu perguntei, fazendo com que a cacheada desviasse o seu olhar para o teto com uma feição pensativa.

Soares provavelmente escolheria assistir algo como um filme de suspense cheio de assassinatos e mistérios. Por algum motivo, ela é totalmente fascinada por coisas assim desde que eu a conheço.

Mas para a minha surpresa, Any simplesmente pegou o controle da minha mão e apertou o botão da barra de pesquisa. Encarei a tela até ela terminar de digitar. "One Direction - This Is Us".

——— Any? ——— ela largou o controle no travesseiro e deu o play no tal documentário de sua banda favorita. ——— Quando eu disse que você poderia escolher algo para nós assistirmos, eu na verdade quis dizer "tudo menos... isso".

Ela riu. Eu sabia que ela estava fazendo aquilo só para me irritar. E por incrível que pareça, eu não dava a mínima. Não me importava de assistir um documentário sobre One direction com Any. Poderia assistir qualquer coisa que ela me pedisse. Mas precisava fingir que me importava.

——— Ao invés de reclamar, você deveria me agradecer por te obrigar à assistir isso! ——— ela me provocou e mudou de posição, agora se deitando no sofá da sala de estar. Eu cruzei os braços.

——— E quem disse eu vou assistir isso?

——— Eu disse. E você vai, querendo ou não. ——— ordenou Any. Talvez confessar que o seu jeito autoritário era de certa forma atraente para mim, fosse muito errado.

——— Tudo bem então. ——— ela sorriu forçado e eu posicionei meu braço esquerdo em cima do sofá. ——— Qual desses caras é o seu favorito? ——— perguntei, enquanto a banda cantava alguma música autoral na televisão. Any arregalou os olhos. Me reprovou apenas com seu olhar, como se eu acabara de fazer uma imensa ofensa à mesma.

——— Eu não tenho um favorito. Isso é impossível de escolher, eu amo todos igual! ——— ela voltou-se para a televisão em silêncio. Pareceu pensar um pouco mais antes de começar à falar novamente com um sorriso largo estampado no rosto. ——— Por quê? Você tem um favorito?

——— Claro que não, eu nem conheço eles. ——— ela cruzou os braços e virou a cabeça. Sabia que eu estava mentindo. ——— Mas aquele ali parece ser o mais gente boa. ——— apontei discretamente para um dos membros da banda.

Eu disse isso baixo, mas foi o suficiente para que a garota escutasse e abrisse a boca em choque.

——— O Harry? ——— eu revirei os olhos. Não me submeteria à responder isso. ——— Ele é foda demais! ——— Soares sorriu mais ainda, com o olhar preso em mim.

Ela parecia tão animada com toda aquela conversa que eu apenas deixei fluir. Ainda não compreendo o que essa banda tem de tão importante e diferente de todas as outras que eu conheço, mas Any se empolga toda vez que começa à falar sobre eles, e claramente a fazem feliz.

Valentine ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora