Valentine ⁿᵒᵃⁿʸ

018

TERCEIRA PESSOA

——— Você se atrasou de novo, idiota. ——— Any reclamou, jogando a sua mochila cheia de livros em Noah assim que o garoto estacionou seu carro na frente da casa de Soares. ——— Eu não vejo a hora de ganhar a minha carteira de motorista para não ser mais obrigada à te aturar. ——— disse ela, se sentando no banco da frente ao lado de Urrea.

——— É, e eu também não aguento mais você reclamando no meu ouvido. ——— Noah retrucou, fazendo com que Any revirasse os olhos. A garota ainda guardava dinheiro para finalmente comprar o seu carro, e não depender mais de caronas do seu melhor amigo.

Após Urrea ter estacionado seu carro no colégio, subiu as escadas junto com Any e entrou na sala de aula, no final do corredor do último andar. Noah abriu a porta da sala tão rápido que até havia esquecido completamente do seu atraso.

A professora parou de explicar o assunto e virou-se para os dois, que ainda estavam encostados na porta entreaberta. Seu olhar subia e descia pela calça rasgada de Any, em reprovação.

——— Professora? Nós podemos entrar? ——— a cacheada perguntou enquanto encarava a mulher, que cruzou os braços e abaixou seus óculos de grau. Os atrasos dos dois eram praticamente uma tradição, então a professora apenas voltou à dar a aula e assentiu, já sabendo que isso se repetiria até os últimos dias do ano letivo.

Enquanto ela dava aula, Noah e Any conversavam baixo no fundo da sala. O olhar de Rebecca queimava sobre eles, talvez não apenas de raiva, e sim de puro ciúmes. Ela sabia que ele não era mais seu, mas não fazia ideia de que se não fosse por ela, o relacionamento de Urrea e Soares não passaria de uma fiel amizade, e nada mais.

E então, Noah desviou seu olhar para Rebecca, que assim que percebeu os olhos verdes do garoto a encarando, voltou-se para a professora, que acabara de se sentar em sua grande mesa no canto da sala de aula. Ele franziu o cenho.

——— Acho que a Rebecca está com ciúmes de nós. ——— ele supôs. E essa suposição foi o suficiente para que Any arrancasse seu sorriso do rosto, que até então soltava risadas da própria piada.

——— Sério?

——— Sim, ela estava olhando para cá agora pouco! ——— Noah exclamou.

Como resposta, Any apenas forçou um sorriso, mas logo os seus olhos castanhos escuros foram direcionados ao quadro branco, tentando absorver algo de todas as palavras difíceis que estavam escritas de piloto.

Essa era a última semana antes das férias. Enquanto alguns de sua classe planejavam ir para praias calmas e festas aglomeradas, outros preferiam ficar em seus quartos fazendo o que bem entendem. Exceto por Soares e Urrea, que ainda não faziam ideia do que fariam nesse verão.

Assim que o sinal para a próxima aula tocou, a professora recolheu as suas coisas e saiu da sala. Savannah empurrou algumas carteiras para chegar até Soares, que riu. Sua feição animada e sorridente contagiava qualquer um.

——— Any, você não vai acreditar! ——— Savannah afirmou rapidamente.

O que era tão chocante assim para que eu não conseguisse acreditar? — Any se questionou. E antes que pudesse presumir algo, a loira continuou à falar.

——— Meus pais alugaram uma casa em Malibu para a gente passar uma parte das férias lá, a casa é tipo... enorme! Sério! Daí eu queria saber se você e a Bina querem ir comigo, sabe? ——— Any levantou as sobrancelhas.

Uma casa grande e bonita para passar praticamente um verão inteiro acompanhada de suas melhores amigas realmente não parecia uma má ideia.

——— Me chama pra viajar com vocês, eu também quero ir pra casa chique da Sav. ——— Noah brincou, passando o braço em volta dos ombros de Soares. Clarke esticou seu sorriso. Acabara de ter outra ideia.

——— Sério? Eu poderia chamar o Jonah e o Alex para irem conosco, também! ——— Savannah sugeriu, e uma feição maliciosa e um tanto quanto provocadora surgiu no rosto de Noah.

——— Eu acho uma ótima ideia. ——— concordou ele. Savannah sorriu. Aquilo realmente parecia uma boa ideia.

Mas nem todas noites de verões cruéis são boas o suficiente para manter relações inabaláveis.