Valentine ⁿᵒᵃⁿʸ

035

TERCEIRA PESSOA
[...]

——— Vocês também estão sentindo a tensão lá dentro? ——— Sabina murmurou ao ouvir tais barulhos vindos do quarto de Any.

Jonah gargalhou alto, sentando-se na ilha da cozinha da casa de Soares.

——— Tensão? 'Tá mais pra tesão, mesmo.

——— Acho que os meus ouvidos estão prestes a sangrar. ——— choramingou Savannah.

——— Eu vou vomitar.

——— Eles voltaram? ——— Alex questionou, colocando as mãos sobre seus ouvidos.

——— Não, imagina, Alex. Só estão procriando um filho, mesmo! ——— retrucou Sabina, ironicamente.

Sr. Soares adentrou a cozinha de sua casa, sem dar muita importância para os garotos ali. Sua mão esquerda segurava um pequeno chaveiro branco, enquanto seus olhos buscavam por sua filha.

——— Cadê a Any? Ela esqueceu a chave do carro no meu escritório.

——— Ela está aberta para o Noah, Sr. Soares. ——— Alex disse, segundos antes de levar um tapa na nuca dado por Jonah. ——— Ai!

——— O quê?

——— Ele só estava brincando, tio. A Any está... conversando com o Noah lá em cima. ——— Sabina inventou uma desculpa qualquer, todavia, ao ver Sr. Soares indo em direção ao quarto de Any, gritou. ——— É uma conversa muito importante! Olha, se eu fosse você... não entraria lá.

——— Não tem problema, Any não vai se importar se eu apenas v...

Em um instante, Soares surgiu ao lado de seu pai, puxando o chaveiro de suas mãos. Discretamente, Noah ajeitou sua camisa enquanto descia as escadas.

——— Oi, pai. ——— ela sorriu, inocente. Observou seus amigos com feições enojadas aconchegados no balcão da cozinha. Todos os seus pratos estavam vazios e limpos. ——— Já almoçaram?

——— Perdi todo o apetite quando fui obrigado a escutar vocês se comerem. ——— Jonah fez uma careta.

——— Por que acha que nós estávamos fazendo isso? ——— murmurou Any, segurando a mão de Noah.

——— Porque eu não sou surdo.

——— Não que seja da conta de vocês, mas, nós não estávamos fazendo nada além de conversar. ——— desta vez, Urrea explicou, mentindo.

——— Noah, sua calça. ——— Savannah apontou timidamente para sua peça de roupa, aberta.

——— Ah, é nova, você gostou? Achei ela em liquidação no shopping, e...

——— Noah... o zíper da sua calça. ——— explicou. Urrea abaixou a cabeça para olhar. ——— Feche, está aberto.

——— Ah. ——— Noah abriu um sorriso amarelo, fechando sua calça. ——— Que loucura. Não sei como ele abriu sozinho.

——— A Any deve saber. ——— Alex brincou, rindo. ——— Ah, eu tenho uma pergunta. Rebecca ficou com Deus?

Noah o olhou, tentando formular uma resposta.

——— É. Acho que só estava perdendo meu tempo com ela, porque... sempre foi Soares.

——— Cringe. ——— Sabina começou à rir.

——— Não acho. É muito romântico. Por que ninguém fala essas coisas para mim? ——— questionou Savannah, tristonha.

——— Porque o único namorado que você sequer já teve, te deu cinco pares de chifres em menos de um mês.

——— Foi uma pergunta retórica, Sabina, não precisava responder.

——— Eu sei, mas não poderia deixar de te lembrar. ——— Hidalgo deu uma piscadela divertida para Sav, que debruçou sua cabeça e braços na mesa.

——— E agora? ——— Alex saiu da cozinha, jogando-se no sofá da sala de estar. Parecia pensativo.

——— E agora o quê? ——— Any perguntou, confusa.

——— Você e o Noah já se resolveram. E agora? Não tenho mais entretenimento. Queria que vocês voltassem à brigar.

——— Alex! ——— Jonah o repreendeu, incrédulo.

——— Não estou brincando. O que vamos fazer agora?

——— Nada. Vamos apenas esperar eles terminarem. ——— Sabina disse, sorrindo irônica para Any e Noah, que entreolharam-se.

Any comprimiu os lábios, também direcionando-se para a sala de estar.

——— Vocês são tão engraçados.

——— É brincadeira. Espero que vocês sejam felizes. ——— Jonah disse gentil, encarando

——— Aham. Ei, Any, caso o Noah faça alguma merda... eu posso te consolar, ok? Só me chamar. ——— Alex sorriu com malícia. Noah o olhou sério.

——— 'Pra que um inimigo quando se tem o Alex, não é mesmo? ——— Sav riu.

Estranho era, de fato, como há pelo menos um dia atrás, Noah Urrea e Any Soares não tinham uma relação além de melhores amigos; e, agora, simplesmente, ultrapassaram todos os limites de uma comum amizade.

Além de seus olhares bruscos cruzando-se, não havia um único anel, ursinho de pelúcia, bombas de chocolate ou quaisquer indício que comprovasse um namoro.

Mas isso não importava.

Any e Urrea poderiam decidir e fazer as regras que quisessem. Tudo está perfeitamente bem, se, ao menos, no final estiverem juntos.