Assassina - II

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" É na simplicidade que o extraordinário existe."

Sentada uma noite mais em sua sala ouvindo Carmen Goett uma cantora mexicana por quem Regina tinha uma enorme paixão. Acendeu mais um cigarro quando se inicio sua canção favorita La Llorona, era triste e machucava a alma, mas ela gostava daquele tipo de música. Seu copo já pela metade a irritava, já o havia completado pelo menos vinte vezes durante a noite. Passou boa parte do dia parada na varanda vendo policiais para cima e para baixo fazendo buscas pelos 3 jovens desaparecidos. Mas ela estava tranquila, havia limpado tudo e se livrado de tudo tão bem que sabia que nunca ninguém saberia o que ocorreu com eles.

O som do interfone se fez presente quebrando a sua linha de raciocínio, ela até olhou para o relógioe marcava duas horas da manhã. Ela respirou fundo, largou o copo e desceu as escadas até a porta principal. Amarrou seu robe e sem nem olhar pelo olho mágico, ela abriu a porta. E deu de cara com uma mulher por volta de seus quarenta anos. A mulher não aparentava estar muito bem.

— Boa noite.— Regina falou.— Ou bom dia, não sei o que seria mais certo.

— Me desculpa tocar aqui a essa hora. Mas você é a única vizinha que eu não consegui falar. Sempre que olho nas janelasparece que não tem ninguém. E como ouvi música decidi vir.

— Você é?

— Lilith, Lilith Paíge, sou sua vizinha. Meu filho e dois sobrinhos sumiram há alguns dias... e eu...

— Entre. Podemos falar melhor aqui dentro. — Regina deu espaço para que a mulher entrasse. — Vamos subir.— Ela falou indo para o segundo andar. E voltando para perto de seu vinho. — Pode se sentar.— A mulher o fez e Regina logo pegou outro vinho e uma taça. — Aceita?

— Sim.— Ela logo serviu a mulher e se sentou de frente para ela.

— Seus filhos certo?

— Na verdade, um filho e dois sobrinhos.— A mulher mostrou a foto dos três no celular.— Eles sumiram durante uma festa que estavam dando em casa. A polícia já vasculhoutodo o bairro. E até bairros próximos, câmeras e nada. — Enquanto a mulher falava sobre o serviço dos polícias, Regina só refazia em sua cabeça todo o tempo que perdeu vendo eles queimarem. O tempo gasto para se livrar de todas as cinzas. E o tempo perdido para limpar qualquer rastro no parque aquático abandonado.— Os vizinhos disseram que só ouviram a música alta. Mas não sabem de nada.

— Eu lembro de um dia que a música realmente estava alta. Mas só me lembro disso. Também gosto de música como pode ver. Eu fechei as janelas e aumentei a minha música. E o vinho não me deixou prestar muito mais atenção em nada.

— Eu te entendo.— A mulher secou o copo rapidamente.— O vinho tem sido meu consolo. Meu ex marido não está preocupado com o sumiço do filho único. Na verdade, para ele foi um alívio, assim não precisa se preocupar com herança. Às vezes não sei porque engravidei dele. Nem sei o que eu tinha na cabeça quando nos casamos.

— As vezes cometemos loucuras. — Sim. Será que posso pegar mais vinho…— A mulher titubeou aí não lembrar o nome dela. — Regina. E sim pode fixar a vontade. — As vezes acho que eu deveria escutar minhas amigas e desistir dos homens. — Regina sorriu.— Achou engraçado?

— Na verdade, gostei das suas amigas. O relacionamentoheterossexual émuito superestimado. Mulheres são mais atentas aos desejos de outras mulheres. — Ela falou cruzando as pernas deixando sua pele bem aparente. E a mulher a olhava quase que hipnotizada. Regina sabia que sua beleza era incontestável. Mas sabia também que tinha um certo domínio sobre humanos quando ela queria.

Afterlife - SwanQueenOnde histórias criam vida. Descubra agora