Os pais de Sophie disseram palavras lindas sobre a neta e a tia Marise chorou com cada uma delas. Foi um evento bonito, mas muito triste.
Eles voltaram todos juntos no sedan, bastante silenciosos. Quando chegaram ao palácio, um pequeno brunch esperava por eles.
Sophie não comeu nada, apenas bebeu alguns goles de chá, totalmente dispersa.
- O que você pensa em fazer agora? - Clary se
aproximou, sua voz baixa e mansa como nunca foi ao se dirigir a ela.Sophie levantou os olhos de todos os bolos bonitos que estavam sobre a mesa comprida.
- Sobre o quê? - perguntou ela.
- Sua casa - respondeu Clary. - Onde você e Luke vão morar?
- Eu nunca achei que fazia sentido ter mudado. Por mim, ficamos aqui mesmo. Mas não importa muito.
- Não faça isso.
Sophie engoliu mais chá. Ela olhou para Clary, para aqueles traços tão iguais aos do marido e suspirou. Era impossível não admirar o lindo cabelo negro ou os olhos azuis hipnóticos. Os olhos dela eram mais parecidos com os de Miguel, tão intensos e desafiadores quanto os deles.
Ela não tinha se permitido pensar em nenhum deles. Sua cabeça e coração só tinha espaço para processar a perda de Paggie. Mas agora, após uma semana de choro e noites sem dormir, ela conseguia ver o problemão que tinha nas mãos.
- Fazer o quê? - ela quis saber.
Clary revirou os olhos.
- Não haja como se nada mais importasse - disse ela, como uma ordem. - Paggie se foi, mas você está aqui, viva, e precisa arranjar um jeito de continuar vivendo.
- Então você se importa comigo? - Sophie curvou os lábios, achando graça. - Olhe só, isso é inédito.
A princesa pegou uma tortinha de mirtilo e meteu na boca, as bochechas ficando tão roxas quanto a geleia em sua sobremesa.
- Eu não iria tão longe - murmurou ela, tão baixo que Sophie quase não ouviu. - Mas talvez eu te odeie menos agora.
- Por que ninguém me avisou que a morte une as pessoas?
Clary ficou séria e o clima bastante tenso.
- Não se preocupe, princesa - Sophie pousou sua xícara sobre o pires de porcelana e o colocou na mesa. - Não vou me comportar como nos últimas dias e envergonhar sua família. Sei o quanto vocês prezam pela boa imagem.
O rosto de Clary ficou lívido e seus olhos furiosos.
- Eu não falei por isso - cuspiu ela. - Falei por você. Porque eu senti com a morte dela. Ah, Sophie, você não sabe o quanto eu senti.
Sophie engoliu em seco. Ela viu sinceridade na irmã de Luke, e aquela raiva antiga que irradiava dela não estava mais lá.
- Eu vou dar um jeito - prometeu ela. - Vou continuar vivendo.
Embora não tivesse certeza que seria possível superar aquela dor que atravessava seu peito toda vez que pensava em Paggie, Sophie sabia que precisava tentar. Por todas as pessoas que ainda estavam vivas e que ela amava incondicionalmente, ela tentaria.
- Você precisa espairecer, respirar um pouco - sugeriu Clary. - Vou te levar para sair amanhã.
Ela não esperou que Sophie discordasse, apenas deu as costas e se afastou rápido.
Como tinha terminado o chá, Sophie também decidiu sair dali. Ela estava indo para fora do Grande Salão quando sentiu uma mão segurar seu braço.
- Sophie - Miguel proferiu cada letra muito devagar. - Eu sei que é cedo demais, mas a gente precisa conversar.
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Em Meio a Realeza
RomanceA guerra acabou e finalmente todos podem comemorar. Todos, exceto Sophie. Ela está de luto. Precisa superar seus fantasmas interiores e fazer uma escolha que determinará o seu destino.