O mundo inteiro de Luke caiu aos pedaços bem na frente dele, e ele foi arrancado da terra e arremessado muito longe. Por um momento, não conseguiu respirar com a pressão em seu peito.
- Luke, diga alguma coisa! - Implorou Sophie, de joelhos na frente dele.
Mas os olhos dele não eram capazes de se focar. Seu estômago doía com a angústia, uma dor tão lancinante que não havia espaço para nada além dela. Não havia espaço para a raiva ou para a mágoa. Só para sentir dor.
Ele se levantou com dificuldade e meio cambaleante, como se tivesse bebido.
Era culpa dele, era tudo culpa dele. Ele jogou a esposa nos braços do irmão, ele a afastou de todas as formas possíveis. Ela a quebrou, a trancou, a traiu. E ele merecia sentir aquela dor. Era um desgraçado, um filha da puta desgraçado.
De repente, todas as últimas semanas passaram por sua cabeça vividamente, como se as visse numa tela. Lembrou de cada garrafa de uísque que bebeu até perder os sentidos, de cada criada que ele levou para o quarto depois de um porre, seus corpos se movendo sobre ele e o nojo que sentia a cada estocada. Vomitava todas as vezes, com ódio de si mesmo, e chorava, com ódio de Sophie por colocá-lo naquela situação.
Mas ela não era responsável por nada, não era culpa dela se ele não era capaz de perdoar aquele beijo, aquele maldito beijo que virou a cabeça dele. Ela não tinha culpa por se apaixonar por Miguel quando ele a deixou sozinha e sumiu, quando ele a tratou mal e enlouqueceu. Era tudo por causa dele.
Ele merecia o que ela tinha feito, mas isso não fazia ser menos doloroso e não amenizava a sensação de traição.
Horas pareciam ter se passado, mas não foi nem mesmo cinco segundos. Sophie estava na frente de Luke, olhando-o com aflição. Era a primeira vez em dias que ele via uma expressão no rosto dela que não era de tristeza ou de uma distante calma fria. Mas Luke parecia ter perdido o dom da fala, sua garganta estava seca e sua língua muito grossa.
- Então é isso? - ela gritou na cara dele. - Você não vai dizer nada?
Luke não conseguia mover os lábios ou balançar a cabeça, estava paralisado.
- Certo, vai ser do seu jeito então - disse Sophie e se virou para ir embora.
Ele viu as costas dela se distanciando cada vez mais, mas mesmo assim não foi capaz de fazer nada. Ela bateu a porta com tudo e desapareceu.
Vinte minutos depois, Luke ainda não conseguia se mexer.
***
Ele não foi almoçar, ficou no quarto o resto do dia e pediu que ninguém o incomodasse. Era muito difícil passar por tudo aquilo, ele sentia a impotência e a frustração por ser incapaz de controlar os próprios sentimentos e como ele reagia.
Queria dizer a Sophie que ela ter ido para a cama com Miguel não mudava nada, que ele entendia, que ele perdoava. Mas como diria algo a ela se ele nem mesmo era capaz de acreditar? Como aceitaria algo que parecia irreal?
Não falava com o irmão há muito tempo, os dois haviam se tornado completos estranhos e isso acabava com ele, porque o amava. Mas ele também amava Sophie, e preferiria morrer a ter que disputar o amor dela com ele. Não queria isso, odiava isso.
E agora que sabia que eles tinham ficado juntos, não sabia como reagir ou que pensar. Fora egoísta por tanto tempo, pensando só em si mesmo, alimentando uma raiva que era maior do que ele, e ignorara completamente os sentimentos do próprio irmão, e como devia ser difícil para ele amar uma mulher que estava com outra pessoa, vê-la todos os dias com ele.
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Em Meio a Realeza
RomanceA guerra acabou e finalmente todos podem comemorar. Todos, exceto Sophie. Ela está de luto. Precisa superar seus fantasmas interiores e fazer uma escolha que determinará o seu destino.